Capítulo VII (parte dois) [GORE]

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Um suave odor de sangue foi sentido pelo grupo, Ryu buscou Shin para se proteger e Katsuo empunhou a katana, acreditando que era outro youkai conjurado pela esposa, pequenas poças de um escuro líquido viscoso começaram surgir pelo chão da arena e o cheiro ficava cada vez mais forte.

–Onee-chan, o que você invocou agora? Achei que nos deixaria descansar– Falou Shin, confuso.

–Não sou eu– Ela respondeu. –Saiam da arena agora, eu protegerei vocês.

O trio não hesitou em correr, mas parou diante da saída, na qual surgiu um véu aquoso se ergueu, Katsuo manteve a katana empunhada, protegeria os mais novos caso algo viesse na direção deles. As poças borbulhavam e aumentavam, fazendo com que o cheiro de sangue se tornasse insuportável, mas Tsubaki parecia não se importar, era visível que ela já tinha feito aquilo antes.

Estou... com... dor– Uma voz indefinida e fantasmagórica ecoou.

Inúmeros cadáveres, em diferentes estágios de decomposição, começaram surgir em meios as poças, pouquíssimos tinham formas completamente humanas.

Me... deixem... em... paz– Outra voz implorou.

As vozes se tornaram mais fortes, as que não pediam por liberdade, falavam de dor e medo, aquilo estava assustando o trio, causando agonia e desespero nos corações dos rapazes, enquanto a sacerdotisa se mantinha indiferente como sempre.

–São muitos mortos– Murmurou Ryu, agarrando o braço do irmão. –Por que a onee-chan não os ataca?

–Ela deve estar esperando– Shin não queria admitir que estava igualmente amedrontado.

–Saiam daqui– Ordenou Isamu, que havia descido por ter sido avisado por um youkai vigilante.

–Mas... a onee-chan não está atacando– Falou o pequeno. –Por que ela não ataca?

–Há certas coisas que só aprenderam mais tarde, agora voltem para a mãe de vocês– Respondeu o sacerdote, sério, vendo os filhos se distanciarem correndo. –Volte para cima também, Katsuo.

–Eu ficarei aqui até ela sair, senhor, não a deixarei sozinha no meio desses cadáveres– Ele avisou, tentando não demonstrar o medo que sentia.

–E você sabe o que está acontecendo?– Perguntou o patriarca.

–Os cadáveres de todos que morreram aqui decidiram atacar?– Sugeriu Katsuo, confuso.

–Não são cadáveres, são os vestígios de todos que sofreram aqui– Explicou Isamu.

–Por que não os exterminam? É por causa deles que ninguém treina aqui, não é?– Indagou o samurai, assustado.

–Não sabemos como exorcizar esses fragmentos fantasmagóricos criados por sentimentos, digamos que eles são miragens, ilusões antigas– Contou o homem grisalho.

–Por que ela continua lá se não existe forma de exterminar essas coisas?– Perguntou o espadachim.

–Não faça perguntas cujas as respostas sejam o motivo que leva a minha filha fazer tal coisa, eu não a entendo como pensa, ela só fica lá quando esses fragmentos surgem, talvez esteja procurando alguma maneira de destruí-los ou planeje algo macabro– Falou Isamu.

–Algo macabro?– O rapaz arregalou os olhos.

–Está na hora de você saber mais sobre sua esposa, Katsuo, mas eu não poderei te contar porque não conheço minha filha, não entendo o que se passa naquela mente e também não desejo saber, temo que a verdade seja pior do que penso e não quero colocar a tradição acima dela novamente– Isamu suspirou. –Vamos para cima, não conseguiremos ficar aqui por muito tempo sem ter alguma consequência depois.

A Dança das Camélias (CONCLUÍDA)Where stories live. Discover now