Capítulo X

10 2 5
                                    

Era o terceiro dia e não havia sinal de que Katsuo estava retornando, Tsubaki permanecia esperando pelo marido desde o dia que ele partiu, só saia da varanda em caso de necessidade, para se alimentar e para dormir algumas horas.

"Eu devo estar aqui quando ele voltar, é minha obrigação, preciso mostrar que o esperei porque sabia que ele retornaria". Ela pensou.

–Tsubaki está preocupada com ele, não está?– Murmurou Saki.

–Será que ela está apaixonada por nosso irmãozinho?– Indagou Hana, em baixo tom.

–Eu ficarei feliz se isso for verdade, Tsuo pareceu mais triste do que o normal desde que se casou– A outra respondeu. –Ela não parece alguém fácil de lidar, mas não devemos culpá-la, ela não foi criada da mesma maneira que nós fomos.

As gêmeas observavam a cunhada e queriam tranquilizá-la, mas não havia maneira, pois nenhum dos vigias sabia informar o que estava acontecendo dentro do bosque, era como se nada tivesse mudado desde que o rapaz adentrou aquele local, Katsuo não retornou naquela manhã e a feiticeira continuou esperando, Fuyuki se uniu à nora durante a tarde de temperatura amena e céu límpido, as gêmeas precisaram se retirar para treinarem e Takeshi se ocupou com assuntos financeiros.

–Não precisa esperá-lo dessa forma, Tsubaki– Comentou a matriarca, gentilmente.

–É minha obrigação, senhora, devo estar aqui quando ele retornar– Ela respondeu.

–Não faça isso, querida.

–Fazer o que, senhora?– Indagou a sacerdotisa, virando o rosto olhá–la.

–Não o espere por obrigação– Ela falou. –Eu sei que a obrigação imposta pelo casamento te pressiona, mas eu tenho certeza de que meu filho não quer isso, não quer que você faça as coisas por obrigação, ele é gentil e sensível porque eu o criei assim, não queria perdê-lo como quase perdi no parto, o fiz ser pacifista porque tinha medo que ele se enfiasse em qualquer luta e acabasse morto... o espere se gostar dele, não precisa ser no sentido amoroso, pode ser no de amizade, sei que ele gostará de saber que o vê como amigo.

–Ele é meu marido, senhora, não sei se sou capaz de vê-lo como meu amigo.

–Você consegue, sei que consegue, fiz meu menino assim para que todos gostassem dele– Fuyuki riu.

–Takeshi-sama acredita que a senhora protege o Katsuo demais, correto?– Perguntou a feiticeira.

–E eu o protejo, não posso arriscar perdê-lo, ao menos tenho o apoio dos anciões e isso basta para que eu tenha minha pequena liberdade– Ela assentiu. –Sabe, meu filho tem visto suas lutas nos eventos desde que você lutou pela primeira vez, eu lembro dele nervoso, ansioso, temendo que você se machucasse, mas nunca acreditou que você perderia uma luta, uma vez ele disse: "ela não é incrível, mamãe? Será que poderemos conversar algum dia e eu conseguirei dizer isso para ela? Dizer que ela é incrível e que eu gosto de vê-la lutando?". Mas ele nunca teve coragem, se escondia atrás de mim porque tinha medo que você passasse vexame... eu sei que ele sente o mesmo agora, talvez mais do que sentia antes, ele sempre te admirou e buscava qualquer notícia sua, agora está casado contigo, se os deuses não o amam, eu não sei o que isso significa.

–Eu não fiz nada para receber a admiração dele.

–Você não consegue entender, não é?– A matriarca suspirou. –Ele te admira porque você se mostrava habilidosa durante as lutas, ele desejava ser um samurai tão bom quanto você era uma feiticeira e ele queria ser seu amigo também, é por esse motivo que ele quis que você continuasse disputando e não deixasse seu cargo como exorcista... você não imagina o desespero e a felicidade que ele sentiu quando Takeshi contou que ele se casaria contigo, ele tinha medo de te atrapalhar, mas estava alegre por poder te conhecer pessoalmente... sei que foi criada de uma maneira diferente, mas se permita fazer algumas coisas como aceitar os elogios dele, não há explicação, ele apenas desejou te elogiar por algo.

A Dança das Camélias (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora