Capítulo XII

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Na manhã seguinte, o jovem casal se despediu e retornou para casa.

–Tsubaki– Chamou Katsuo, timidamente.

–Diga.

–Sobre ontem... eu peço desculpa por ter brigado contigo, é que... eu sei que meu pai... é daquele jeito, rude... mas ele continua sendo meu pai.

–Você é muito gentil, Katsuo, ele te fez chorar e, pelo que entendi, não é a primeira vez.

–Não é– Ele suspirou. –Mas... ele é meu pai... não posso abandoná-lo nem deixar que alguém faça mal para ele, eu... sei que não sou poderoso... mas agora é minha vez de proteger ele, minha mãe e minhas irmãs.

–E quem te protege dele, Katsuo? Quem protege sua mãe e irmãs dele? Não pode aceitar isso apenas porque ele é seu pai.

–Eu sei disso, mas... é a família que eu tenho... eu quero te agradecer.

–Pelo quê?

–Por me salvar... e me defender do meu pai... e também por... ter mostrado o que mostrou, ele... mudou... nunca pensei que o veria como ele está sendo agora... ele me deu um cartão de crédito, adiantou minha herança para caso precisemos.

–Não precisa agradecer, eu fiz porque foi necessário, não quero que te machuquem... eu... já te machuco demais.

Katsuo levantou o rosto e encarou a esposa, ela mantinha a face inexpressiva de sempre.

–Tsu... por que diz isso?

–Eu estive notando há certo tempo, eu não te faço feliz como deveria fazer... Miwa-san deixou escapar que você parece mais triste depois que se casou comigo.

–Eu... eu não estou triste por ter casado contigo.

–Seja sincero, Katsuo, eu sei que não estou sendo uma boa esposa como a minha ou a sua mãe, nem como a Miwa-san.

–Eu... só estou triste porque... sei que você está se esforçando para ser uma boa esposa, mas é algo que... ninguém te ensinou a ser, apenas te ensinaram a exorcizar youkais... eu vejo que se esforça, mas você não entende todas as coisas, nem mesmo como agir... você precisou aprender a sorrir, Tsubaki, isso não é certo, não é certo.

–Me ensinaram que sentimentos e emoções eram duas coisas que os youkais se aproveitavam e por isso eu não deveria sentir nada... mas, mesmo assim, você está triste.

–É... porque eu... me apaixonei por você.

Tsubaki encarou o marido por um instante, depois retomou a atenção para a estrada, eles ficaram em silêncio por um tempo, a sacerdotisa não sabia o que deveria dizer e o samurai já esperava pelo silêncio dela.

–Eu gosto da sua companhia, Katsuo– A feiticeira respirou fundo. –Gosto de passar o tempo com você, gosto de te ver envergonhado e de te ver sorrindo, mas eu não sei o que sinto por você ainda, eu não entendo.

O rapaz corou até as orelhas e apertou as mãos, seu coração disparou e sua mente entrou em pânico, aquilo era uma declaração para ele.

–Isso... isso...– Ele não conseguiu pensar direito.

–Isso?

–É... bom para mim.

–Te deixa feliz?

–Muito.

–Mas não é a mesma coisa que você me disse, é?

–Eu... posso fingir que é.

–Então fingimos que é, eu conversarei com Honoka outro dia, preciso perguntar para ela sobre isso.

O jovem espadachim apenas assentiu, estava sorrindo, o celular de Tsubaki tocou nesse momento e ela dirigiu para o estacionamento, era Yamato, seu inimigo declarado.

A Dança das Camélias (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora