Capítulo III

17 4 2
                                    

Os dias foram se passando, Katsuo ficava cada vez mais ansioso, tanto pela formatura quanto pela vida de casado, ele não sabia como estabeleceria um bom relacionamento com a esposa, em sua mente, nunca dariam certos juntos, Tsubaki era uma feiticeira poderosa e, com certeza, encontraria alguém melhor do que ele, um fracassado.

–Katsuo, eu sei que está ocupado por ser o final do seu ano letivo, mas eu gostaria de ter uma conversa contigo– A sacerdotisa despertou o rapaz do transe.

Eles estavam no carro, seguiam para o colégio Shirakumo, o sol brilhava fracamente, tendo algumas nuvens o escondendo por poucos minutos, os arrozais e as árvores balançavam conforme a brisa passava.

–Eu fiz algo de errado?– Perguntou o samurai, temeroso.

–Não que eu tenha descoberto, você fez algo de errado?– Tsubaki não tirou os olhos do asfalto, mas Katsuo se sentiu acuado da mesma forma.

–Eu... eu acho que não– Ele respondeu. –Sobre o que quer conversar?

–Se lembra que meu pai disse que eu precisaria da sua permissão para fazer qualquer coisa?

–Sim– Aquela fala saiu quase num sussurro.

–Eu quero continuar trabalhando como exorcista, entretanto, por estar em outra província, eu precisaria conversar com os superiores daqui, mas eu sei bem que há muita gente querendo que eu pare de trabalhar, então, planejei participar do próximo torneio, se eu vencer, eles serão obrigados a me darem o prêmio e a liberdade para atuar como exorcista aqui também.

O jovem espadachim sentiu um arrepio gélido percorrer todo seu corpo, algo parecia lhe avisar que não era com as melhores das intenções que aquilo era dito.

–E por que tem gente que não te quer trabalhando?– Conseguiu perguntar.

–Discussões tolas, nada que você precise se preocupar agora.

–Tem certeza?

–Absoluta, então, me deixará competir?

–Claro que sim!– Katsuo corou, não queria ter falado alto. –Eu... eu não... vou te impedir de fazer o que deseja.

–Por quê?– A moça arrumou os óculos sobre o nariz, não demonstrava nada.

–Por que o que?

–Por que não vai me impedir?

–Porque...– O rapaz estranhou aquilo, pensou que a deixaria feliz. –Eu... não quero atrapalhar a sua vida, não mais do que estou atrapalhando agora– Ele se sentia um fardo.

–De todas as pessoas, você é a que menos atrapalha a minha vida.

Ele baixou o rosto, encarando as mãos sobre o colo, talvez realmente não tivesse tanto importância para atrapalhar a vida de alguém como sua esposa, afinal ela conhecia muita gente e a maioria era exorcistas de alto ranque, pessoas que possuíam algum valor na sociedade, diferente dele, que ainda não tinha se tornado um exorcista oficialmente. O silêncio perdurou o restante do caminho, Katsuo foi deixado no colégio, onde encontrou com Yuto e mais alguns rapazes do clube de Kendô, ele tentou disfarçar a tristeza, mas seus amigos o conheciam bem, sabiam que algo estava errado, já Tsubaki não retornou para casa de imediato, ela tinha um assunto para resolver.

A pequena casa de chá era bastante antiga, porém bem cuidada, a varanda cercada possuía inúmeros vasos redondos com ramos e galhos que logo teriam flores e as duas largas janelas estavam abertas, a sacerdotisa estacionou a minivan e logo adentrou a construção, da qual o interior era repleto de baixas mesas e almofadas, nessas haviam diversos tipos de gatos, tendo a maioria se eriçado com a presença da feiticeira.

A Dança das Camélias (CONCLUÍDA)Where stories live. Discover now