Capítulo VII

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Katsuo seguia Tsubaki e era seguido pelos pequenos cunhados, ele encarava o cabelo preso da esposa e tinha a certeza de que o elogio não tinha sido aceito pela sacerdotisa, que havia feito um coque por costume. A arena era abaixo da casa e parecia mais uma masmorra do que um lugar de treinamento, as pedras pálidas e as chamas flutuantes disfarçavam a verdade daquele local, o grupo logo chegou num imenso campo de terra batida com grandes colunas entre as arquibancadas de madeira, as quais eram cercadas por grades de ferro.

–Onee-chan, por que esse lado é mais assustador que os outros?– Perguntou Ryu, no encalço do samurai.

–Porque aqui era usado para realizar rituais, criar demônios e fazer pactos de sangue também, mas isso foi há muitos séculos, não tenha medo– Ela respondeu, virando-se para o trio. –Ryu, você treinará reconhecendo youkais e dizendo suas fraquezas para o Shin, que lançará feitiços nos demônios que eu marcar de vermelho e, Katsuo, você exorcizará os marcados de branco.

Eles assentiram e observaram a sacerdotisa abrir os braços, entoando palavras estranhas, que fizeram duas grandes caixas de ferro surgirem no centro da arena, uma das tampas caiu e um Ittan-momen (um rolo de algodão possuído que tenta sufocar as pessoas, envolvendo–se em torno de seus rostos) com uma aura vermelha surgiu.

–Um Ittan-momen só ataca se estiver com medo ou for ameaçado, Shin– Avisou Ryu. –Eu-eu não sei se tem fraqueza, ele é um Tsukumogami.

–Um objeto que ganha vida aos cem anos de idade pode ser destruído– Comentou o alto garoto, juntando as mãos. –A vingança dos abandonados terá fim, venha, Takehiko.

Da sombra de Shin, um enorme gato negro com uma comprida cauda surgiu, o felino de olhos dourados atacou o youkai feito de papel e o Ittan–momen se enrolou no rosto do bichano, mas foi rasgado pelas presas e garras do Bakeneko, que retornou para perto do mestre depois que deu fim ao inimigo.

–Tarefa cumprida, senhor– Ronronou gravemente o bichano.

–Não ainda, fique aqui porque o Katsuo-onii-san pode ter problemas– Ele respondeu, encarando o samurai, que se preparava para enfrentar o youkai que sairia da outra caixa.

Uma Hone-Onna de longo cabelo negro, que se estendia até o chão, apareceu, ela usava um quimono vermelho com flores rosas e seu rosto tinha feições delicadas como as de uma boneca, Ryu se escondeu atrás de Shin, que estremeceu ao ver a mulher-esqueleto, para ele e o pequeno irmão, a youkai era um cadáver em num estágio avançado de decomposição.

–Que-ri-do– Chamou a suave voz da Hone-Onna, que baixava lentamente parte do quimono para revelar os fartos seios. –Eu estava te procurando, venha comigo.

O samurai franziu a testa e empunhou a katana, segurando com ambas mãos diante do corpo e assumindo uma postura de combate, a youkai parou de se despir e chorou, perguntando o motivo dele querer atacá–la, Katsuo não sabia que demônio estava enfrentando, mas, apesar de achá-la belíssima, não se sentia atraído fisicamente por ela, assim se concentrou para encontrar algo que mostrasse o tipo de youkai que estava diante de si. O espadachim avançou com passos largos e a mulher–esqueleto notou que não estava bela o suficiente para seduzi–lo, ela avistou Tsubaki ao longe e escondeu o rosto com as mãos, o rapaz estava perto o suficiente para atacar quando a youkai assumiu a aparência da sacerdotisa, mas isso não o fez hesitar, ele a atacou, porém a Hone-Onna conseguiu se esquivar e se afastar.

–Por que ele não a mata logo?– Perguntou Shin, num tom baixo.

–Ele não tem poder de longo alcance, por isso precisa se aproximar– Respondeu a feiticeira, pensando se havia escolhido um youkai muito forte para o marido enfrentar.

A Dança das Camélias (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora