Capítulo VI

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Na manhã seguinte, o casal tomava o desjejum e se preparava para começar a viagem até a casa dos Miyazaki.

–So... sobre ontem...– Katsuo precisava tirar uma dúvida.

–Tentarei não esquecer de colocar a água na temperatura normal e de colocar outra toalha também– Respondeu a feiticeira.

–O... obrigado, mas eu... queria...– O samurai não tinha certeza se realmente desejava saber se a esposa o tinha visto nu.

–O que quer saber, Katsuo?– Perguntou a moça.

–Vo... você... me viu... pe-pelado?– Ele corou até as orelhas.

–Vi sim, não deveria ter visto?

O espadachim escondeu o rosto, tremendo como vara verde na ventania e sentindo que o coração logo estouraria pela maneira que batia descontroladamente.

"Ela viu e não se importou! Como ela pode ficar tranquila depois disso?! Como não tem vergonha?!". Ele pensou, desesperado.

–Somos casados, Katsuo, um momento ou outro teria que te ver sem roupa– A sacerdotisa levantou, fazendo as coisas sobre a mesa desaparecerem.

–Não!– Ele baixou as mãos, estava incrédulo com a tranquilidade da esposa. –Não... desse jeito.

–Eu não esperava que já quisesse de outro jeito– Respondeu a feiticeira.

–Que? Não! Eu... eu não... disse... não... não... disse... de... nenhum jeito– O rapaz não tinha mais certeza do que estava falando.

"Ele não parece capaz de fingir, mas talvez seja isso que ele queira que eu pense dele, preciso analisar melhor as ações dele para saber se existe uma face oculta, ele não deve ser capaz de esconder por muito tempo se eu continuar assim". Tsubaki olhou fixamente os olhos dele. –Estou brincando.

–Ah, brincadeira– Katsuo deu uma risada nervosa. "Que senso de humor mais aterrorizante".

–Em partes, sabe que nosso casamento foi decidido por causa da geração de crianças– Comentou a moça, arrumando os óculos. –O que você acha disso?

–Eu realmente não queria que eles decidissem essas coisas por nós– Explicou o samurai, entristecido.

–Teria recusado?– Perguntou a sacerdotisa.

–É claro que sim, eu sei que é pior para você do que é para mim, e... somos desconhecidos, não tivemos a chance de conversar– Respondeu o espadachim.

–Não completos desconhecidos– Lembrou a feiticeira. –Eu lembro de te ver nas poucas reuniões entre províncias, sempre atrás da sua mãe, parecendo um ratinho com medo... quando falaram que você seria meu marido, eu lembrei de como você era quando criança e fiquei surpresa quando te vi, nunca pensei que o corpo humano pudesse ter uma transformação dessa, não tomou nenhuma poção ou usou um feitiço?

–Eu... eu não nos considero conhecidos só por termos nos vistos quando criança, nunca conversamos– Falou o rapaz, envergonhado. –Eu... eu fiquei... fiquei feliz... quando falaram que eu casaria contigo... sempre te vi lutar nos eventos, sempre quis conversar contigo e ser seu amigo, mas... nunca tive coragem... e eu não fiz nada além de treinar... queria ser forte... forte como você para... poder conversar contigo e... mostrar que podíamos ser amigos... que não te faria passar vergonha por estar perto de mim... mas... não deu certo... e eu sou fraco... vou fazer você passar vexame quando sairmos juntos em algum evento.

–Se você é fraco como diz, por que seu pai insistiu que nossos filhos seriam poderosos? Ele estava mentindo? Ou a intenção desse casamento era outra e ele inventou que você era poderoso como eu?– Tsubaki estreitou os olhos.

A Dança das Camélias (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora