Katsuo não conseguiu esconder o nervosismo, estava, sem dúvidas, mas nervoso do que quando foi visitar a família da esposa, Tsubaki invocou o portal, um negro de onde parecia sair mãos de coloração roxa, o samurai estremeceu, podia ouvir sussurros, mas não entendia o que eles falavam, parecia ser outro idioma.
-Pronto- A sacerdotisa estendeu a mão para o marido.
O espadachim engoliu em seco e segurou a mão da feiticeira, assim eles andaram para dentro do portal. O cenário parecia ter saído de uma pintura, o céu era um mar repleto de youkais aquáticos, o chão era uma grama verde-escuro, havia pedras aqui e acolá, ao fundo, um horizonte repleto de montanhas, e Masaki parecia minúscula perto dos grandiosos esqueletos e outros demônios, mas o que se destacava era Tsumibito, as escamas negras de seu corpo draconiano reluziam e sua cabeça serpentina possuía grandes olhos vermelhos, cuja pupilas amarelas eram fendas, Honoka estava ali também, com seu quimono vermelho de flores rosas.
-Eu não acredito que o trouxe para cá- Ela miou.
-Ele queria conhecer vocês, e eu queria falar sobre algo que aconteceu, mas antes... Katsuo, esses são alguns dos meus servos, aqueles que não tem mais casa, pessoal, esse é Katsuo, meu marido.
-É... um prazer conhecê-los- O samurai fez uma reverência, estava tremendo.
Tsumibito foi o primeiro a se mexer, aproximando-se do espadachim e tateando o ar ao redor dele com sua língua bifurcada, o monstro híbrido sibilou e diminuiu de tamanho, enroscando-se no corpo de Tsubaki.
-Ele gostou de você- A sacerdotisa estendeu a mão para o marido, tendo o pequeno Tsumibito deslizando sobre o braço para se aproximar do rapaz.
Katsuo estendeu a mão, receoso, sobre a cabeça serpentina do demônio.
-É ele?- Ele perguntou.
-Meu filho- A moça assentiu.
Tsumibito deslizou para o braço do samurai, depois ao redor do pescoço dele, aninhando-se.
-Eu... gostei dele- O espadachim sorriu.
-Seu marido é grande demais para a senhora, mestra- Era uma forte voz masculina que falava.
Katsuo corou e procurou por quem falava aquilo, era uma imensa baleia fantasma que nadava acima, seu esqueleto era visível através de seu corpo semitransparente.
-Ora, a mestra não é fraca- Honoka riu.
O monstro híbrido sibilou.
-Você não precisa saber do que estamos falando, Tsumi-kun, é conversa de adulto- Era Masaki que falava.
Ele sibilou novamente, mais irritado, queria saber do que estavam falando.
-A culpa foi do Shiro- A Bakeneko apontou para cima.
-Mentirosa- Retrucou a baleia.
-Cabeça de água- A felina mostrou a língua.
-Vocês dois, parem- Ordenou Tsubaki. -E você não precisa saber disso, Tsumi-kun, como Masaki disse, é conversa de adulto.
O demônio sibilou baixinho, queria participar da conversa. Tsubaki apresentou cada um dos servos presentes ao marido, que estava perdendo a conta de quantos eram, depois eles se reuniram para conversar sobre o que a sacerdotisa tinha dito que contaria.
-Preciso que todos estejam atentos nos próximos meses- Começou a feiticeira. -O Segundo Império contratou a família do Katsuo para me matar.
O silêncio pairou naquele reino, Tsumibito, agora enroscado no pescoço da dona, estendeu a cabeça na direção de Katsuo.
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A Dança das Camélias (CONCLUÍDA)
RomanceUm casamento, duas pessoas completamente opostas, tanto na personalidade como em suas origens, Tsubaki, uma poderosa e inexpressiva feiticeira, causadora de problemas para o Segundo Império, governo dos exorcistas no Japão, e Katsuo, um novato e tím...