Capítulo XIII

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Katsuo não conseguiu esconder o nervosismo, estava, sem dúvidas, mas nervoso do que quando foi visitar a família da esposa, Tsubaki invocou o portal, um negro de onde parecia sair mãos de coloração roxa, o samurai estremeceu, podia ouvir sussurros, mas não entendia o que eles falavam, parecia ser outro idioma.

-Pronto- A sacerdotisa estendeu a mão para o marido.

O espadachim engoliu em seco e segurou a mão da feiticeira, assim eles andaram para dentro do portal. O cenário parecia ter saído de uma pintura, o céu era um mar repleto de youkais aquáticos, o chão era uma grama verde-escuro, havia pedras aqui e acolá, ao fundo, um horizonte repleto de montanhas, e Masaki parecia minúscula perto dos grandiosos esqueletos e outros demônios, mas o que se destacava era Tsumibito, as escamas negras de seu corpo draconiano reluziam e sua cabeça serpentina possuía grandes olhos vermelhos, cuja pupilas amarelas eram fendas, Honoka estava ali também, com seu quimono vermelho de flores rosas.

-Eu não acredito que o trouxe para cá- Ela miou.

-Ele queria conhecer vocês, e eu queria falar sobre algo que aconteceu, mas antes... Katsuo, esses são alguns dos meus servos, aqueles que não tem mais casa, pessoal, esse é Katsuo, meu marido.

-É... um prazer conhecê-los- O samurai fez uma reverência, estava tremendo.

Tsumibito foi o primeiro a se mexer, aproximando-se do espadachim e tateando o ar ao redor dele com sua língua bifurcada, o monstro híbrido sibilou e diminuiu de tamanho, enroscando-se no corpo de Tsubaki.

-Ele gostou de você- A sacerdotisa estendeu a mão para o marido, tendo o pequeno Tsumibito deslizando sobre o braço para se aproximar do rapaz.

Katsuo estendeu a mão, receoso, sobre a cabeça serpentina do demônio.

-É ele?- Ele perguntou.

-Meu filho- A moça assentiu.

Tsumibito deslizou para o braço do samurai, depois ao redor do pescoço dele, aninhando-se.

-Eu... gostei dele- O espadachim sorriu.

-Seu marido é grande demais para a senhora, mestra- Era uma forte voz masculina que falava.

Katsuo corou e procurou por quem falava aquilo, era uma imensa baleia fantasma que nadava acima, seu esqueleto era visível através de seu corpo semitransparente.

-Ora, a mestra não é fraca- Honoka riu.

O monstro híbrido sibilou.

-Você não precisa saber do que estamos falando, Tsumi-kun, é conversa de adulto- Era Masaki que falava.

Ele sibilou novamente, mais irritado, queria saber do que estavam falando.

-A culpa foi do Shiro- A Bakeneko apontou para cima.

-Mentirosa- Retrucou a baleia.

-Cabeça de água- A felina mostrou a língua.

-Vocês dois, parem- Ordenou Tsubaki. -E você não precisa saber disso, Tsumi-kun, como Masaki disse, é conversa de adulto.

O demônio sibilou baixinho, queria participar da conversa. Tsubaki apresentou cada um dos servos presentes ao marido, que estava perdendo a conta de quantos eram, depois eles se reuniram para conversar sobre o que a sacerdotisa tinha dito que contaria.

-Preciso que todos estejam atentos nos próximos meses- Começou a feiticeira. -O Segundo Império contratou a família do Katsuo para me matar.

O silêncio pairou naquele reino, Tsumibito, agora enroscado no pescoço da dona, estendeu a cabeça na direção de Katsuo.

A Dança das Camélias (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora