Capítulo XVII

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Algumas semanas tinham se passado, Katsuo e Kureha continuavam suas pequenas discussões quando Tsubaki não estava perto, a dupla tinha esquecido da possibilidade da sacerdotisa desconfiar deles porque brigar era mais importante, o samurai não possuía mais vergonha para conversar com a Kitsune, que não o via como mestre, era cedo da manhã, a Shakko havia chamado o espadachim à cozinha enquanto Tsubaki não descia.

–Eu já disse que não– Katsuo estava de braços cruzados.

–Não tem essa de não, você precisa beber para perder a vergonha– Retrucou Kureha, tendo uma garrafa de saquê nas mãos.

–Não, e de onde tirou essa garrafa?

–Não é importante, você deve beber para ganhar coragem– Ela desconversou.

–Eu não vou beber isso, nem sei de onde veio– O espadachim conseguiu tomar a garrafa das mãos da youkai e a colocou sobre a bancada. –Não, Kureha, e você vai dar um jeito de devolver essa garrafa antes que eu conte para a Tsubaki.

–Você vai beber sim!– A Kitsune pulou no humano e o derrubou de costas no chão.

–Saia de cima de mim!– O rapaz tentou empurrá-la.

A Shakko usou os joelhos para segurar os pulsos do samurai e pegou a garrafa de saquê, abrindo a tampa com os dentes e agarrando o rosto de Katsuo, que cerrou os dentes.

–Abre essa boca– Ordenou a youkai.

O espadachim virou o rosto, não tinha como tirá-la de cima de si sem fazer derrubar a garrafa de saquê e fazer barulho, mas ele não podia perder, não numa luta física, ele agarrou as pernas da Kitsune e a jogou para o lado, Kureha conseguiu manter a garrafa levantada e rosnou, ela se levantou e viu que Katsuo tinha um pano de prato.

–Você não pode me bater.

–Então solte essa garrafa e desista– Respondeu o samurai, enrolando o pano.

–É feio bater numa dama.

–É só soltar a garrafa, "dama".

–Não, você vai beber e criar coragem– A Shakko se agachou, preparando–se para pular no humano. –Vai seduzir a Tsubaki-sama e terão muitos bebês para eu cuidar.

–Parece que estão se divertindo bastante– Comentou a sacerdotisa, parada na porta.

Os dois paralisaram e viraram os rostos na direção da feiticeira, o samurai jogou o pano de prato em cima da pia, que estava atrás de si, e a Kitsune se endireitou.

–Eu posso explicar!– A dupla exclamou em uníssono.

–A culpa é do Katsuo-sama, ele quer te embriagar para te seduzir e eu estou tentando impedi-lo– Falou Kureha, indo até a mestra e entregando a garrafa de saquê. –Ele é um depravado, senhora.

–Sua mentirosa!– Exclamou Katsuo, incrédulo. –A culpa é dela, Tsubaki, ela trouxe essa garrafa de algum lugar e está tentando me fazer beber.

–Blasfêmia! Eu estou tentando proteger a Tsubaki-sama do senhor, seu tarado!– Respondeu a raposa, virando para ele. –Que coisa mais terrível, se aproveitar de uma mulher indefesa, deveria ter vergonha.

–Tsubaki– O samurai pareceu pedir que ela desse um jeito na serva.

–Não tolerarei mentiras nessa casa, Kureha– Ela avisou, fazendo com que a tampa retornasse à garrafa. –Eu estive vendo desde o momento que estava em cima do Katsuo, mas te deixarei impune porque é sempre divertido ver as brigas de vocês e porque sua irmã mais velha está vindo.

–Eu... tenho uma irmã mais velha?– A Shakko encarou a mestra.

–Tivemos sorte que Honoka possui muitos conhecidos em diversas cidades, um deles encontrou sua irmã na região de Kinki e ela está vindo para cá, é provável que chegue em pouco tempo– Contou Tsubaki. –Eu precisarei ter uma conversar particular com sua irmã quando ela chegar, então você vai ficar comportada no seu quarto, vamos tomar nosso desjejum.

A Dança das Camélias (CONCLUÍDA)Where stories live. Discover now