cap 4 - adereços e caos

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título: Props And Mayhem - Pierce the Veil
Oi gente. Parecem anos que eu não publico, não é?
Irônico que o Brian sumiu e parte de mim sumiu também. Obrigada a todos que continuaram esperando um novo capítulo ou comentando. Agora estou no último ano do ensino médio. Descobri coisas de mim que sinceramente, nunca havia parado para pensar. Sou autista. Espero que vocês tenham paciência comigo depois dessa descoberta. Processar isso foi muito difícil. Muitos traumas da infância reabertos. Sinto que minha escrita evoluiu também, espero que vocês gostem, apesar do hiato absurdo que eu deixei criar.

Um beijo e curtam a história
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/Brian/

Acordo no meu cativeiro novamente. Não sei mais quanto tempo se passou. Conto o tempo por meio de quantas vezes posso sair de casa. Meus cabelos não são mais tingidos de preto. Agora estão ruivos e longos. Minha sequestradora me ajudou a corta-los quando o preto já estava em meus ombros. Ela gosta do meu visual assim.

Aos poucos, estou me esquecendo a exata cor dos olhos de minha mãe. Sinto que ele também deve ter esquecido os meus.

Não que eu odiasse minha nova vida, mas sinto falta da antiga. Não sei onde estou. Sei que não estou mais na América. O clima é mais seco durante o verão e o inverno é mais frio. O porão é feito de pedra e a casa em si é feita de madeira e pedra.

Não tenho metade dos luxos que tive durante a infância. Aprendi a cozinhar com os livros de receita em um idioma que não entendia. Era cheio de acentos aleatoriamente nas palavras.

Acordei pela primeira vez dentro de um avião de carga. Estava sentado em cima de um saco de soja. Impressionante, não haviam ratos no local. Ouvi algum idioma que não entendi. E não se enganem de que eu não tentei fugir. Tentei até demais. Por isso, sou obrigado a dormir no andar debaixo. Longe do meu menino. Não sabia a exata idade dele. Embora a seu pai fale que seu nome é "Primul", eu resolvi o apelidar de Vincent. Como Van Gogh.

Seu cabelo loiro claro e olhos castanhos me lembram girassois. Lembrar é difícil. A lembrança da última vez que saí com meus pais, fomos ao museu. Vimos os girassois de Vincent Van Gogh.

Sou surpreendido com o barulho da porta se abrindo. Vejo minha sequestradora bem ali. Seus cabelos são claros como os de Vincent. Me levanto do sofá e ele exclama alguma coisa no idioma dela.

Não falávamos a mesma língua e ela mal tentava entender a minha. Se eu tentasse fazer algo, ela soltava um grunhido e socava minhas costelas. Algumas palavras eu entendia já. Como a expressão "din nou?" Que significava algo como "De novo?". Ela falava sempre que me pegava com cortes abertos.

Não me julguem, era minha forma de sentir algo ainda. Não sentia vontade alguma de ir ver Vincent. Ele não tinha culpa, mas saber que perdi minha juventude para ele forçava meu âmago e me dava vontade de vomitar.

Talvez eu esteja grávido de novo. Vincent mal começou a formar palavras. Ele talvez tenha 1 ou 2 anos. Não sei. Nunca vi seus documentos. Nunca saí de casa, para ser sincero. Parei de tentar gritar para os vizinhos poucas horas depois que cheguei.

Não me lembro de como foram minhas vezes com minha sequestradora. Ela é gentil o suficiente para me dopar antes. Para que eu nao tenha lembranças. Acordo apenas com os hematomas nos pulsos, na cintura e a dor que sobe pela minha espinha. A primeira vez, eu não estava dopado. A ouvi chegando. Eu vi tudo. Chorei e gritei. Nunca pensei que minha vida fosse ser assim.

Talvez meu pai já ouvesse assinado meu atestado de óbito, inclusive. Agora, duvido muito que ele seja meu pai. Agora que sou mãe, sei que faria de tudo por Vincent, por mais que não sentisse verdadeiramente amor por ele.

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