1°|Capítulo 20 - Yoongi

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Mamãe, por que eu desejo tanto ficar no braço dele pelo resto de minha vida? Nós estamos longe um do outro, mas ele tomou seu lugar tão facilmente, ocupando o coração gelado que você me deu.

Eu sinto tanto por ter machucado aquele que ele ama, mesmo que seja com as palavras que saíram de minha boca. Da maldita personalidade que puxei de você.

E porque nesse exato momento em que eu o mostrei meu pecado cometido, minha cabeça começou a latejar? Latejar tanto com uma dor pulsante de mil agulhas a atravessando. Eu não queria isso, eu não queria...

Meus olhos não param de escorrer neve, e por quê? Se eu sequer nasci com o inverno nas veias, e agora, magicamente eu sou o próprio. E por causa daquela maldita serafim, eu não sei controlar meus poderes.

Por que mamãe?

Por que tinha que ser logo eu a ser escolhido dentre tantos contos de fadas?

Eu me sinto completamente quebrado, eu tenho medo do que meus poderes podem ser capazes daqui em diante, ele está a cada dia pior, e eu não consigo controla-los sozinhos.

Eu me sinto tão só, por ser o único a não saber controla-los; todos os outros sabem usar seus dons perfeitamente.

Por que eu tinha que ser o único a não conseguir?

Por quê?

E agora eu havia matado uma pessoa, e mesmo que eu ainda sinta sua mão em meu corpo, eu não queria matá-la. E essa culpa me consome a cada segundo que as agulhas fincam minha mente. Por que eu tenho que sofrer com isso? por que minha mente não me deixa em paz?

E agora, Jimin havia feito o mesmo. Mas diferente de mim, ele não usou seu dom, e sequer sentiu remorso quando esmagou o coração da feérica sorrindo como um maníaco. O corpo dela se quebrou logo em seguida, mas porque ele fez aquilo? Não era isso que eu tinha em mente quando pedi sua ajuda, e agora essa culpa se mistura a inveja de não sentir arrependimento.

Eu só queria poder reverter tudo isso.

Eu só queria não ter sido escolhido pelo maldito destino.

- Yoon? - chama Jimin me tirando da escuridão de minha mente, do nevoeiro que havia me sugado como areia movediça. E quando eu o encaro com meus olhos escorrendo neve, admirando o profundo de seus olhos cristalinos, com aquele rosto perfeito sorrindo alegremente enquanto seus olhos se fechavam - Você é Assexual?

- Sou o que?

- Assexual. Você sente pouco ou nada de atração sexual. Alguma vez já se apaixonou?

Eu nego, e era a verdade. Eu não sabia como era esse sentimento, eu não recebi isso de minha mãe. Não há como receber afeto da rainha da neve, não tem como uma pessoa amar outra, se nem mesmo ela tem isso em seu coração de gelo.

Eu nunca sequer senti atração sexual por alguém, mas há algo dentro de mim que deseja se apaixonar, e sentir como é ser amado, ser feliz com alguém que me ame de verdade e me ame do jeito que eu sou.

Eu não acho que eu seja isso.

Por toda minha vida, minha mãe me crucificou por não ter herdado o inverno, e ela me criou tão bem para ser como ela, que chorar foi a única coisa que eu não fiz em sua frente.

Havia algo que aprendi convivendo todos esses anos com minha mãe, se eu rebatesse algo que ela dizia sobre mim, sobre meu corpo magro, criticando o quanto estou magrelo sem sequer me encorajar a comer; criticando minhas decisões me deixando cada vez mais com medo de contar o que eu quero a ela. E por todo esse tempo, eu apenas escutei, com cada partícula de suas críticas se acumulando em minha mente frágil. Eu não queria sentir o que eu estou sentindo relembrando desses acontecimentos.

Faeria {Jikook}Where stories live. Discover now