XXV

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Lauren


Não acredito que vou assistir uma partida de rugby. Em uma sexta-feira. Eu costumava sair! Ia em festas!
Quem diria que a minha vida se tornaria isso?
Tranco a minha bike e atravesso a rua até o campo. A torcida vibra quando uma garota de marrom é amassada igual Camila foi.
- Está atrasada - uma voz conhecida fala, Camila Cabello estava encostada em uma grande árvore, com os braços cruzados - Como de costume.
- Trouxe petiscos - falo mostrando um saquinho com cookies, claro que não comento que comi três no caminho.
- Que jeito de mostrar seu espírito estudantil - Camila fala, desencostando da árvore para inspecionar meu look todo preto.
Ela está vestida da cabeça aos pés com roupas da universidade. Aposto que até a calcinha dela deve ter PITT escrito na bunda.
- Bom, estamos jogando contra um time da Philadelphia, então vou quer que ser a Suíça - digo com um sorriso, ela se aproxima e lentamente tira desenrola o cachecol que está em seu pescoço - Beijei muitas garotas de lá, não posso trair a confiança delas agora.
Ela revira os olhos, chega perto de mim e fica nas pontas do pé, enrola o cachecol duas vezes no meu pescoço.
- Bom, agora você está aqui, tem que começar a agir de acordo.
Nossos olhares estão fixos enquanto ela termina de prender o nó.
Com ela tão perto, não consigo deixar de lembrar do momento no provador.
O jeito que os olhos de Camila… limpo minha garganta e nos afastamos.
Não foi nada. As pessoas olham daquele jeito para mim o tempo todo.
Além do mais, não faço o tipo dela, assim como ela não faz o meu.
- Então, você tem alguma ideia de como um jogo de Rugby funciona? - sussurro pra ela quando vemos Ally acenar para nós da arquibancada.
- Claro que sim - ela fala enquanto subimos - Depois da minha experiência quase morte em três minutos de jogo, virei especialista.
Seguro o riso e sentamos no nosso lugar, cumprimentando Ally.
- O que perdemos?
- Nada demais - ela fala, como se não tivéssemos visto uma garota sendo atropelada no caminho até aqui - Ninguém marcou ainda, o que é melhor que perder.
Os olhos de Camila dilatam quando vê Cora correndo pelo campo, como uma gazela, ela acena para a gente.
Assistimos o jogo e não tenho certeza se estou vendo um esporte ou… uma batalha de gladiadoras.
Duas garotas saem machucadas no intervalo, uma com uma concussão e a outra com o nariz quebrado.
Viro o rosto quando vejo o sangue escorrendo pelo rosto dela. Camila me olha divertida.
- Achei que você queria ser médica.
Só olho para ela, enrolo o saco de cookies, agora vazio e descemos para esticar as pernas.
- Vou correr até o banheiro - Ally avisa.
Assistimos ela correr para longe e quando ela está longe o suficiente aproveito para falar.
- Então, nós precisamos falar sobre o passo—
Camila coloca a mão dela sobre minha boca.
- Não. Agora não.
Afasto a mão dela.
- O que? Por que não?
- Eu sei que você tem um prazo, mas eu não estou pronta. A conversa por mensagem está indo bem, não quero estragar isso.
Olho para ela.
- Camila. Você não vai estragar nada.
- Não estou pronta, okay? - ela fala com a voz firme.
Respiro fundo balançando a cabeça. O tempo está acabando, mas o mais importante…
- Me escuta, tudo bem por mim, mas saiba que ela não vai esperar para sempre… - eu aceno para atrás dela, ela vira e vê Cora no banco, rindo de algo que alguma companheira de time está falando, os braços entrelaçados. Com certeza ela está flertando. - Então, sem pressa. Não quero te pressionar a fazer algo que não está pronta para fazer, mas não espera muito para não perder sua chance, okay?
Ela concorda com a cabeça.
Quando o jogo recomeça voltamos aos nossos lugares, pego meu celular e entro na minha conversa com a minha mãe.
Oi. Espero que seu dia esteja indo bem.
Envio a mensagem, que se junta a um mar de mensagens não respondidas. Ela mal me mandou mensagem desde a briga.
Por sorte, Tonya tem checado ela e ela sempre diz que não tem nada fora do normal, mas mesmo assim ainda me sinto culpada.
A torcida grita mais alto e levanto a cabeça para ver, uma garota de azul e dourada correndo com a bola. Me empolgo junto com a torcida.
15 jardas.
10 jardas
5 jardas.
Ela chega no final do campo e joga a bola no chão. O time vai abraçá-la e a plateia vai a loucura. Arranco o cachecol de Camila do meu pescoço e balanço em cima da minha cabeça. Camila pula em cima do seu assento. Ally começa a gritar: “Vamos Panteras!”
Logo o barulho diminui e o jogo começa de novo e todo mundo se senta. Vejo Cora correr para fora do campo e sua substituta assumir seu lugar.
Um sentimento inesperado surge no meu peito quando vejo ela sorrir para Camila antes de se sentar.
Esfrego o lugar pensativo.
Provavelmente eu não devia ter comido três cookies no caminho até aqui.

She Gets the GirlWhere stories live. Discover now