XXXV

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Lauren

Volto para Pittsburgh tarde na sexta-feira.
Agora que não tenho que passar todo minuto em claro preocupada com a minha mãe, passei a viagem inteira olhando pela janela, pensando... pensando em Camila.
Como ela é a única pessoa que entenderia a grandiosidade do que aconteceu. O que noite passada significou para mim.
Se eu finalmente consegui dizer para minha mãe como me sinto, consigo fazer o mesmo com Camila
Mesmo que ela esteja com Cora e eu tenha perdido minha chance - se é que um dia eu tive uma - devo desculpas a ela por toda a mágoa que causei, porque ela é a melhor amiga que eu já tive.
E se não consigo ter algo mais, pelo menos posso tentar conquistar a confiança dela de volta e ser pelo menos amiga.
Quando Jim me deixa em casa, abro o Instagram dela e vejo um boomerang de duas horas atrás de Nic segurando uma fatia gigante de pizza.
Ela está na casa do irmão.
Não tem nada que eu quero mais no mundo do que desmaiar na minha cama, mas me vejo andando pelas ruas de bicicleta.
Em pouco tempo, chego na rua de Nic.
Não tinha percebido o quanto eu senti a falta dela até esse momento.
Pego meu celular para ligar para ela, mas quando vou apertar o botão verde, a tela fica preta, a bateria zerada após uma a viagem.
Dou um longo suspiro.
Eu sei que isso é uma saída. Eu sei que ainda dá tempo de fugir.
Mas eu não quero.
Encosto minha bicicleta nos degraus e subo a escada correndo. Bato na porta.
Não consigo respirar quando a porta se abre, meu coração bate acelerado no peito, então...
Nic aparece.
- Lauren! Oi - ele se encosta no batente - Camila não está aqui.
- Ah - engulo seco - Você sabe onde posso encontrar ela?
- Ela acabou de sair para ir em algum negócio no museu de arte - ele hesita, tira os olhos do meu e coça a cabeça, como se soubesse que o que vai falar vai me doer - Com Cora.
Mesmo que eu já estivesse esperando isso, ainda parece como um soco no estômago.
- Claro! Certo - minha mão encontra o corrimão quando quase caio para trás - Ah, obrigada Nicolas. Eu preciso... - aponto para trás de mim, minha voz falhando.
Me viro e vou até minha bicicleta, me esforçando para não chorar.
- Lauren! - ele grita. Olho para trás e ele desce as escadas correndo até parar na minha frente - Eu... eu amo minha irmã. Fiquei preocupado quando vi que ela tinha ficado presa em um quarto só. Fiquei com medo de ela ter dificuldade em fazer amigos. Com medo de ser igual o ensino médio.
A mão dele alcança meu ombro.
- Mas, não tenho mais medo por ela. Ela finalmente está descobrindo quem é e acho que tem alguma coisa a ver com você. Então...obrigada por isso.
- Ela tem Cora agora.
Ele dá de ombros.
- Talvez, mas isso não significa que ela não sinta sua falta.
Certo. Lágrimas surgem nos meus olhos, então pego minha bicicleta e saio pedalando rua abaixo, sem dizer mais nenhuma palavra.
Minhas pernas doem, estou pedalando o mais rápido que consigo.
Não precisamos mais fingir que nos importamos uma com a outra
Mas não estávamos fingindo. Não tem como fingir tudo que senti por ela.
Eu tentei.
Freio com tudo quando o farol na minha frente fica vermelho, o único pedaço do meu trajeto para casa que queria que passasse voando.
O Carnegie Museum of Arts está do meu lado, consumindo completamente minha visão periférica.
Eu deveria ter passado no farol vermelho.
Viro a cabeça para ver um grupo de estudantes entrando. Ternos pretos, vestidos coloridos, sorrisos nos rostos.
Quero entrar e encontrar ela, mas isso seria egoísta. Quero falar com ela, mas não quero estragar a noite dela. Sei que um evento como esse só pode terminar com as duas namorando.

Um parte de mim procura ela e espera ver ela passar com um longo vestido preto, rindo com Cora do seu lado. Não quero nada mais do que ver ela completamente feliz e bem consigo mesma.
Amo ela o suficiente para saber que Cora é a pessoa que vai fazer ela feliz, não eu.
Amo ela.
Perceber isso me assustou mais do que o carro que começou a buzinar atrás de mim. Quase caio da bicicleta quando volto para a realidade. O farol na minha frente claramente mudou para verde sem eu perceber.
Peço desculpas ao motorista e vou até o final da rua, tranco minha bicicleta na frente da biblioteca.
Não consigo voltar para o meu apartamento. Pelo menos não agora.
Subo as escadas e vou até o lugar que trouxe Camila naquela noite, me sento no chão.
Fecho meus olhos e encosto na prateleira.
Penso na minha mãe na clínica, recebendo a ajuda que ela precisa depois de tanto tempo. Em Camila, a poucos metros de distância, segurando a mão de Cora, como ela segurou a minha no dia que andamos de patins.
A biblioteca costumava ser o lugar que eu vinha para fugir da dor e do sofrimento, mas agora parece ser o lugar que venho para me permitir sentir essas coisas. Abraço meus joelhos e deixo as lágrimas que estive segurando desde que voltei finalmente saírem.

She Gets the GirlDove le storie prendono vita. Scoprilo ora