CAP. 6 - Luz

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Apenas fecho os olhos, a escuridão tomou totalmente o meu recinto, não havia mais raios de luz sobre mim.
Apenas quero dormir e processar tudo o que aconteceu hoje.

Jack me salvou... Isso ainda não fazia algum sentido para mim, talvez ele queira apenas me torturar, fazer brincadeiras psicológicas que me machuquem.

Mas se for isso realmente, por que ele está me alimentando? Ele me deu comida mesmo eu perdendo a brincadeira.... Não havia pensado nisso antes. Bom, só tenho apenas que agradecer por ainda estar viva, agradecer por estar ao menos tendo alimento, água e as vezes um banho.

Em um momento sinto minhas bochechas esquentarem, ele trocou a minha roupa! Tirou o meu vestido e... Me secou com as próprias cobertas e esperou eu acordar. Eu devo ter realmente me afogado.

Eu não hesito em pensar... Como ele tirou as águas dos meus pulmões? Não.. não, estou pensando demais nisso, isso está fora de cogitação.
Até quando ele iria me salvar? Talvez, até se cansar de mim.

Durmo depois de alguns minutos com vários pensamentos em minha mente.

....

Acordo com os raios de sol tocando o meu rosto, mas não era apenas isso... Senti algo gelado e duro tocando levemente o meu queixo!

Abro os olhos rapidamente para tentar ver o que estava acontecendo. Era uma enorme garra negra passando pelo meu rosto! Olho de onde ela estava vindo, seguindo o braço e o corpo com os olhos, até ver Jack praticamente dentro da minha jaula.

- Olá querida...

Ele diz com o seu sorriso intimidador.

- Sonhou que estava se afogando?

Ele gargalha.

- N-não... Mas ontem eu sonhei, que estávamos brincando!

O sorriso dele se desfaz.
O que eu estava falando? Eu deveria estar a flor dos nervos pra soltar essa frase desnecessária.

- Você sonhou comigo? Então não foi um sonho, foi um pesadelo!

Ele diz com a voz alterada, agora segurando o meu rosto levemente.

- Não! Foi um sonho, eu não tive medo.

- Não teve medo? Não minta!!

- Nós estávamos brincando na floresta, eu cai de frente no chão e você me pegou, mas... Não fez nada comigo, apenas disse que eu era sua!

Por que estavamos falando dessa idiotisse?

- Ah.. mas você deveria ter medo se eu te pegasse...

- Mas ontem você me pegou e não fez nada quando conseguiu isso...

Falo tímida, com a voz baixa.
Ele parece sem reação alguma no rosto.

- Você prefereria que eu tivesse te torturado cadelinha?

Agora ele segura forte o meu pescoço, quase me deixando sem ar.

- Não... Mas se você quisesse... Eu não poderia fazer nada!.... Só.. agradeço por tudo..

Não consigo mais respirar, então ele aproxima-se devagar, me fazendo segurar o peito dele novamente, sem ao menos pensar, seguro com força, implorando com as mãos para me soltar.

- Não me provoque...

Ele solta o meu pescoço, fazendo-me respirar todo o ar que consigo.

- Sim senhor..

- Brincar com você é diferente do que com crianças lerdas e burras. Teve ao menos alguma diversão a mais.

Eu ter me afogado foi divertido?

Agora ele segura o meu braço, me levantando sem cuidado algum e me puxando para fora da cela. Me mostrando com sua mão um manequim com outro vestido e algumas velas do lado.
Ele era antigo, assim como o anterior, também preto, mas com uma fita branca na cintura, curto, mas com volumes em sua pequena calda, me lembrando uma bailarina. Na parte superior do manequim havia uma tiara pequena, com uma rosa de tecido, com uma pedra brilhante no meio.

O silêncio fica no ar, até eu quebra-lo.

- Ele.. é lindo!

- Use ele, enquanto suas roupas estão secando. Você não pode brincar nua, não é?

Eu o fito com uma reação de espanto e silêncio.

- Hm.. quem sabe não é?

Ele da um largo sorriso e larga o meu braço em direção ao vestido.

- Vista-se.

- Na sua frente?...

Falo sem entender nada.

- Menina tola! Vá até aonde você se trocou da última vez!

- Mas está tudo escuro, eu não vejo nada..

A expressão dele muda para uma de ódio, como se eu fosse uma idiota.
Ele simplesmente sai da minha frente e some, fico sem saber o que está acontecendo. Então, como em um passe de mágica, a luz entra naquele lugar, com pequenas lâmpadas se acendendo uma por uma por todas as partes. Até agora eu não sabia como era o interior desse lugar.

Pelo menos eu já conseguia ver algumas coisas da minha prisão

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Pelo menos eu já conseguia ver algumas coisas da minha prisão... Minha jaula ficava bem ao meio do circo, como se fosse o centro de tudo aquilo. Haviam traços do que um dia realmente foi um belo circo.

Jack então cai em pé na minha frente, me dando um leve susto.

- Agora você enxerga? Ou terei que arrancar os seus olhos, aí você terá do que reclamar!

- Sim, eu estou enxergando, muito obrigada..

- Pare de me agradecer tanto e vá se trocar! Eu nem deveria lhe dar essa mordomia toda.

Dou um aceno com a cabeça, sem dizer nada. Pego o vestido e avisto o biombo novamente e me aproximo para trocar logo de roupa. Se ele não queria me dar tal mordomia, então por que estava fazendo o contrário?

Após sair de trás do biombo, Jack está logo atrás, apenas esperando.

- Gostou do vestido?

Sempre a mesma pergunta...

- Sim, ele é incrível... Você gostou também?

Eu abro a boca sem pensar, como sempre.
Ele não para de me encarar um segundo, logo solta uma risada e estende a sua enorme mão em minha direção.

- Vamos?

Sua voz agora calma, me pergunta sem buscar uma resposta. Apenas seguro um dos seus dedos e o acompanho para fora brevemente.

Andamos por um tempo entre a floresta fechada, mas ao mesmo tempo, me parece um lugar mágico... Porém me lembro que ele disse que aquilo era o seu purgatório. Então como eu poderia gostar daquilo?

- Jack.. aonde estamos indo?

Não aguento mais andar sem nem ao menos saber aonde vou parar, meus pés já estão vermelhos por andar sem algum descanso.

- Ao meu parque.

Ele diz sem emoção alguma no rosto, apenas concordo com a cabeça e sigo o caminho.

Jack Risonho - O SacrifícioWhere stories live. Discover now