Jack Risonho - O Sacrifício

CAP. 28 - Convite

Abro os olhos lentamente, me sinto satisfeita por algum motivo, como se estivesse viajando em um sonho.
Lembro-me de todos os detalhes... como isso pode acontecer tão naturalmente...

Ainda estou em meio a toalha e os lençóis da cama, ao menos consigo me mexer e levantar da cama. Jack não estava aqui e eu também não saberia quando ele iria voltar outra vez...

- Ah Bella... você está se apaixonando por um demônio...

Sussurro para mim mesma em meio aos meus pensamentos delirantes.

- Como isso foi acontecer...

Coloco a mão em minha cabeça sentada na cama, eram muitas coisas acontecendo em tão pouco tempo.

Quando vou para o banheiro, encontro um manequim com um lindo vestido rosa clara, parecendo ser feito das flores mais delicadas. Eu o coloco logo em seguida, andando devagar até a entrada do circo, Jack realmente não estava aqui...

O que eu poderia fazer hoje? Parece ser sempre as mesmas coisas já que não conheço tão bem esse lugar e também não me arrisco a ir aonde não conheço... mas eu não acho que algo de ruim iria me acontecer se eu desse uma nova explorada aqui.

Eu nunca fui para trás do circo, nunca nem olhei o que teria para lá. Ando quase metade do dia em meio a floresta, tentando decorar o caminho, dando algumas pausas em meio a vegetação. Era um lugar realmente único e mágico...

Toco uma das minhas mãos em um tronco da árvore em caracol, era como se eu sentisse a sua respiração... sento-me em seus pés, me recuperando um pouco de minha caminhada até ali.

Quando caminho por mais alguns minutos me deparo a frente de um enorme penhasco, o outro lado era muito distante, realmente parecia um imenso abismo.

Ao olhar para o outro lado do penhasco, observo algo, posicionado em uma enorme montanha... ou eu estaria louca ou aquilo era um castelo!

Eu quero ir lá, por que Jack nunca me mostrou isso? Poderíamos estar vivendo ali do que em um circo macabro.

O dia já estava quase acabando, resolvi voltar para o circo de qualquer forma, pois agora que sei aonde fica, talvez eu peça permissão ao Jack, mesmo isso sendo ridículo, ele pode não gostar se eu entrar lá, seja o que for aquele lugar.

Quando acordo no outro dia, me deparo com algo estranho em minha cama... era o vestido que eu havia dançado no teatro a algum tempo... mas Jack havia rasgado ele e agora ele estava aqui novo outra vez!

Havia um bilhete em meio a ele, logo abri para ver do que se tratava:

Gostaria de observar seus passos outra vez no teatro... Aguardo a sua presença.

Será que Jack estava me esperando no parque? Só poderia ser, pois quem mais seria? Mas ao mesmo tempo não entendo porque ele não veio me ver ou me buscar...

Coloco o vestido e me dirijo ao parque sabendo que a caminhada é longa.
Quando chego no parque vou em direção ao teatro, mas uma sensação estranha me corrompe, sinto algo me observar a todo momento desde que pisei ali.

Ignoro e tento chegar o mais rápido possível no teatro, pensando que lá essa sensação iria cessar.

- Jack?...

Falo um pouco auto quando entro no lugar, aonde ele estaria?
Penso em subir no palco, as luzes do lugar estavam foscas, eu não conseguia ver muita coisa.

- Olá querida...

Uma voz masculina grossa com tom fantasmagórico ecoa em meio ao teatro, como se estivesse no auditório.

- Quem esta aí??

Meu coração começa a acelerar, aquela voz não era de Jack.

Uma luz um tanto avermelhada irrompe em cima daquela voz.

- Aonde estão os meus modos...

Ele se levanta, agora vejo sua silhueta.
Quando ele vai se aproximando de mim andando vagarosamente pelo teatro, um sentimento estranho toma o meu peito, os detalhes do seu rosto e corpo são revelados.

Seus cabelos eram brancos, longos e lisos, caídos sobre os seus olhos profundamente azuis, quase brancos também, seu rosto era pálido, com uma enorme cicatriz que o cortava ao meio, assim como em seu pescoço. Utilizava uma cartola em sua cabeça junto com um sobretudo grande e preto pelo seu corpo. Sua aparência não era assustadora, porém impunha respeito.

Ele fica frente a frente comigo, retirando a sua cartola e reverenciando-se a mim. Quando ele me encara novamente, ele da um pequeno sorriso.

- Meu nome é Isaac... Isaac Grossman senhorita...