CAP. 18 - Pensamentos Intrusos

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Minha boca está tão seca e amarga... Como se a minha língua fosse feita de areia. Minha cabeça dói... Mas o meu estômago, meu Deus...
Que dor insuportável.

Viro para o lado, estou na cama, vejo uma pequena sacola com remédios junto a mim, abro-a e os leio... Desintoxicação estava na maioria deles. O que aconteceu comigo?

Eu estava procurando por comida, achei uma cesta de doces e acabei comendo um, porém no segundo doce acabei vomitando, como se o meu interior quisesse sair pra fora de uma só vez.

Jack... Ele me achou alguns minutos depois, me colocou na cama, apenas lembro de tomar esses remédios, segurar sua mão e dormir.
Irei tomar-los novamente, apenas por precaução. Quando estou engolindo o último comprido, escuto uma voz ao fundo.

- Olá, querida.

Jack estava encostado na porta do circo, me encarando ao longe.

- Jack... Bom dia.

Ele aproxima-se da cama.

- Como se sente hoje?

- Me sinto melhor agora, mas o meu estômago está latejando um pouco...

- Acho que você pode conviver com uma dorzinha...

Ele sorri de canto.

- Jack... Muito obrigado. Por tudo.

Seguro a sua mão, em busca de uma resposta. Ele encara os meus dedos nos dele, olhando para mim em seguida.

- Não... Você não deve me agradecer... Eu não fiz nada.

- Quê? Mas então quem fez?

Ele fica em silêncio olhando para o chão.

- Ninguém.

Fico confusa com a sua resposta. Ele me ajudou sim, quando eu mais precisava.

- Mesmo você não concordando, sou grata.

Ele olha para cima, como se mergulhasse em seus pensamentos.

- Você ficou fora por um bom tempo...

- Tinha que terminar meus serviços.

Agora também olho para o chão, ficando mais pensativo do que ele.
Após um silêncio mortal, eu o quebro.

- Os doces... Por que estavam envenenados?

- É um jeito mais fácil e divertido de terminar o serviço.

Olho para ele sem palavras, ele oferece esses doces pra crianças?

- Não, não era pra você ter encontrado isso.

- Nem sempre as coisas são como queremos...

Falo com a voz fraca.

- Você os ofereceu para o meu irmão?

Perguntei com medo da resposta, fitando-o.

Perguntei com medo da resposta, fitando-o

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- Não.

Olho para os lençóis, agradecendo por não ter acontecido nada com ele.

- Lembra-se do que me disse ontem?

Fico confusa... Realmente não lembro de muitas coisas sobre ontem.

- Infelizmente não consigo me lembrar de muitas coisas.

- "Chega de negações".

Ele pronuncia com a voz pesada. Eu sabia o que aquilo queria dizer... Como eu pude dizer aquilo? Talvez eu achei que fosse morrer.

- Você deveria estar delirando.

Ele se levanta, indo para a saída.

- Não! Espere!

Tento me levantar e ir até ele, mas após alguns passos caio no chão, minhas pernas estavam desorientadas, como se estivessem adormecidas ainda.

Ele olha para trás e caminha até mim, me encarando no chão. Olho para cima.

- Não Jack, eu não quero negar nada...

Falo com um pouco de vergonha em minha voz.
Ele se abaixa, ficando quase cara a cara comigo.

- O que você não quer negar?

Sinto um frio na barriga, olho para baixo para tentar desviar o seu olhar... Meus sentimentos estão muito confusos e nem eu mesma posso pronuncia-los.

Jack segura o meu queixo, fazendo-me olhar para ele com cuidado.

- Talvez... Eu goste de você Jack.

- E por que raios você seria tão doente para gostar de mim?

Ele me encara sem compreender, como se fosse um absurdo o que eu havia dito. Realmente, era um absurdo.

- As vezes... Não podemos controlar o que sentimos... Sentimentos apenas crescem sem nem ao menos perguntarem se queremos que existam.

- Então você prefereria não gostar de mim?

Ele pronuncia enquanto segura mas minhas costas e por trás de meus joelhos, me pegando em seu colo e levando-me para a cama novamente.

- Eu tenho medo das coisas que podem acontecer caso eu goste de você...

Provavelmente ele vai entender o que quero dizer.
Ele me coloca na cama e sentasse ao meu lado.

- Ah... Realmente não sou a melhor das escolhas.

Ele diz soltando algumas risadas.

- Mas, quem sou eu para decidir o que você sente. Quanto a isso não poderei te entender.

- Você ao menos consegue ter algum sentimento dentro de si próprio?...

- Eu espero que não.

Ele fala enquanto se levanta da cama. Eu não esperava que ele sentisse qualquer emoção, nem ao menos sabia se ele tinha um coração...

- Você precisa continuar descansando... Pelo menos até conseguir andar.

Ao dizer isso ele sai do circo, me deixando sozinha com meus pensamentos perturbados.

Eu gosto dele realmente?...
Mas ele é um demônio... Que provavelmente mata sem exitar, tendo prazer com isso. Como essa relação poderia dar certo? Ele não liga pra nada...

Mas então por que é a segunda vez que me salva?... Não, ele me salvou, e dessa vez não foi por seu egocentrismo infantil. Ele não queria me perder.

Talvez eu esteja me enganando sobre o seu caráter, mas eu sinto que dentro dele existe algo muito maior que um demônio perverso e extremamente infantil.

Ah Jack... Você está me deixando louca em meus pensamentos.

Jack Risonho - O SacrifícioWhere stories live. Discover now