"Wicked Games" 6. Capítulo

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- Foi só a corrente de ar... A tua mãe deve ter deixado a anela da cozinha aberta antes de sair...-Constatou Tate apanhando os restos de uma jarra de vidro caída no chão da cozinha. – Este deve ter sido o barulho que ouvimos.

Embora parecesse uma justificação normal, não me convenceu muito. A minha mãe não ia abrir a janela da cozinha em Dezembro a meio da noite com temperaturas negativas lá fora...

De qualquer modo limitei me a não dizer nada e ajudá-lo a apanhar os vidros do chão ajoelhando me à sua frente. O cabelo do mesmo caía lhe sobre os olhos enquanto continuava o que estava a fazer. Foi então que pela primeira vez notei marcas nas suas mãos e braços. Não eram simples marcas de nascença ou sinais... Eram cicatrizes. Cicatrizes de golpes fundos e algumas, poucas com uma forma circular. Peculiarmente circulares... Pareciam marcas de ... cigarros queimados na pele de Tate.

Desviei o olhar dos seus braços. A última coisa que queria era que ele se apercebesse que eu tinha reparado. Não quero que ele se sinta desconfortável e muito menos que se sinta obrigado a dar me algum tipo de justificação.

Mas ao mesmo tempo...

- Podes perguntar.

Os meus pensamentos foram interrompidos por aquela frase. Merda... Ele deve ter reparado que eu estava a olhar... Achei que não tinha dado assim tanta bandeira. Achei que tinha sido discreta. Ah excelente trabalho Violet ...

-Não tens de falar sobre isso Tate... Eu peço desculpa...

-Não tens de pedir desculpa Vi. Eu não estou chateado contigo. Aliás de é suposto agirmos como irmão então convém saberes qualquer coisa do meu passado... Mas com duas condições.

-Claro... quais?

-Não dizes nada aos teus pais, rigorosamente nada. Mesmo que aches grave.

-Está bem.

-Prometes?

-Prometo Tate. Confia em mim. Mas... qual é a segunda condição?

- A segunda condição é simples – Ele riu por uns segundos, desviando o cabelo dos meus olhos – Fazermos chocolate quente e vamos conversar para o quarto. É que eu estou prestes a sofrer de hipotermia...

Gargalhei junto com ele.

(...)

Sentei me na minha cama , com as pernas «à chinês», de chávena negra com chocolate quente entre as mãos.

Tate sentou se exatamente do mesmo modo à minha frente, mas em cima do tapete.

-Então as duas condições estão cumpridas... Acho que posso começar a contar te um bocadinho quem eu sou de verdade. O meu nome é Tate Langdon e tenho 17 anos.

-Obrigada génio mas creio que já conhecia essa parte da tua história de vida – Gargalhei um pouco, bem como ele.

-Sim sim tá bem, deixa me continuar... Então eu nasci numa zona ainda mais interior do que a que tu vives. Eu nasci perto das montanhas. E eu fui relativamente feliz, embora não fosse feliz da maneira mais convencional do mundo... Eu só vivi com os meus verdadeiros pais até aos 8 anos. Até ao dia 18 de Janeiro. Era de manhã cedo e eu fui acordar os meus pais para me levarem à escola. Entrei no quarto e eles estavam os dois mortos... A minha mãe tinha cortado os pulsos e o meu pai tinha-se enforcado.

-Que horror... Tate tu não tens de continuar a falar se não quiseres. – As lágrimas fizeram a minha visão ficar mais turva. Aquilo era suficientemente horrível para me fazer ficar mais sentimental...

- Hey então? Não quero que chores Vi. – Ele aproximou se como um animal assustado e colocou a mão, com muita suavidade, no meu joelho. – Queres ouvir o resto?

-Sim ...

-Então estes foram os meus primeiros pais ...- Ele retirou um pequeno álbum de fotografias da sua mochila e mostrou me uma foto de um casal. A senhora estava sentada no alpendre de uma casa antiga e o marido estava atras dela, em pé. Pareciam os dois muito felizes.

-Estão sorridentes. Gostaste deles?

-Não... Ele era alcoólico e ela traficava droga.

-A sério? – A minha expressão foi pura e simplesmente de perplexidade. –Não parecem...

-Era exatamente por isso que fazíamos negócio. Não parecíamos. Parecíamos uma família bonita e feliz.

-Espera aí ... - interrompi-o – Como assim "fazíamos"? Tu ajudavas?

-Achas mesmo que eu ia recusar me a fazer fosse o que fosse a um homem alcoolizado? Ele tornava se bastante violento quando bebia por isso eu preferia não arranjar confusões.

-Hum... Já entendi ... Continua

(....)

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