"Wicked Games" 40. Capítulo

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(...)

-Há mais uma coisa... – afastou-me com cuidado. Notei a sua preocupação eminente. -O home do barraco... Ele era filho de alguém muito importante. Digamos que a família dele tinha dinheiro suficiente para comprar e vender qualquer coisa, tinham relações com velhos monarcas de outros países. Pessoas extremamente religiosas entre outras coisas. Ora aquele homem, era o filho predileto, o menino de ouro que se meteu no que não devia. E por saber demais o meu pai entitulou-se o responsável pela execução dele, incutindo-me de tratar do assunto tal como te contei. -Respirou fundo ainda mais nervoso. A postura que omara em apenas algun segundos tirou-me o pouco à vontade que sentia ao pé dele. – Violet, o teu pai é parente dele.

A informação foi recebida como uma autêntica bomba. Fiquei perplexa. O meu tempo de assimilar aquela informação foi no entanto curto pois ele retomou a conversa.

-Quando o vi a primeira vez no orfanato ele pareceu-me estranhamente familiar. Na altura não assimilei mas quando percebi... Violet foi o teu pai quem apontou o meu irmão do meio de todos os outros meninos que lá estavam e acredita em mim, ele sabia que quando o adotase eu viria também. Eu ouvi uma convera entre a reitora do meu último orfanato e os teus pais e o teu pai foi quem se mostrou mais à vontade com a ideia de adotar, não um, mas dois meninos sob o pretexto de «não nos querer separar». Só durante a ceia de Natal é que reconheci o teu pai. Ele sabe de tudo... e que se vingar de mim. Quer dizer, não acredito que saiba que quem premiu o gatilho fui eu, mas sabe de quem sou filho. – Olhou-me bem no fundo dos olhos, segurou-me com força pelos braços e sussurrou. – Eu não sei o que nível de parentesco é que o teu pai representa para com o tal rapaz. Mas sei que são família. A minha vida neste momento está em risco e eu não sei o que fazer...

Não sabia o que dizer. Existiam uma série de questões na minha cabeça que não desapareciam. «Como é que ficou a saber deste parentesco», era uma delas mas naquele momento não sabia como esboçar fosse o que fosse. Tinha a plena conciencia do monstro que a criara, mas procurar alguém por ódio a este ponto era no mínimo masoquista. Perguntei-me se a minha mãe fazia qualquer ideia de todo aquele enredo mas presumi de imediato que não. O meu pai, calculista como sempre fora e meiculoso, nunca permitiria que alguém como a minha mãe, com um coração mole embora submissa, tivesse consciênia de todo aquele cenário. Embora me custasse admitir, a realidade era que feliz ou infelizmente, herdei todo aquele espírito calculista do meu pai.

-O que mais sabes acerca do meu pai? – Consegui questionar a muito baixa voz, como que a sussurrar.

-Praticamente nada... o que é que tu sabes acerca dele?

Aquela pergunta funcionou como um autentico intervalo naquela conversa. Tudo parou à minha volta por uns segundos. O que é que eu realemente sei sobre o meu pai? O seu passado, a sua vida? Todas as consultas de psiquiatria que dava eram no atual hospital psiquiátrico do Estado onde moramos o que significava que ele saía de casa extremamente cedo e regressava tarde. Nunca conheci propriamente a família do meu pai, com exceção do seu pai. Um homem velho e grisalho com uma simpatia agoniante de tão dissimulada. Antigo almirante da Marinha e dono de uma quantidade incerta de propriedades das quais se gabava de minuto em minuto. Segundo ouvira da sua própria boca, a minha avó paterna falecera pouco depois do nascimnto do meu pai num acidente de carro. De resto nada mais sabia, exceto que era uma mulher absolutamente maravilhosa e bizarramente parecida com a minha mãe. De resto nunca tinha conhecido mais ninguém da família da minha família paterna. Tudo o que conhecia eram o amigos mais intimos, na sua grande maioria colegas de trabalho ou antigos amigos de faculdade. Aí senti uma leve tristeza apoderar-se de mim... Conhecia muito pouco de um homem que me criara. Intrigante como me era complicado falar sobre a família do meu pai, mas no entanto era, pelo menos para mim, transparente a sua má indole.

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