"Wicked Games" 30.Capítulo

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Não respondi ao seu pedido de desculpas. Verdade seja dita, não sentia nenhum desgosto profundo numa depressão incurável propriamente dita. Apenas me sentia magoada... Sempre me senti sozinha nesta casa, sempre me senti abandonada e mal ele chegou, mal o vi sair daquele carro, senti-me pela primeira vez num «lar». Sentia-me confortável junto dele.

Foi carinhoso comigo, tocou-me... E do nada, uma frieza inexplicável. Porquê? Para quê ser assim comigo? As minhas lágrimas teimavam em cair do travesseiro, mas não deixei que o notasse.

-Está tudo bem. – Acabei por proferir a meia voz. - Estás perdoado.

Toquei-lhe na mão e encostei-me ao seu corpo. Por muito magoada que estivesse o seu calor confortava-me.

-Posso ficar aqui? –Questionou. Olhei-o, ainda deitada na cama. Não retribuíra o olhar. Focava-se numa espécie de vazio contido no quarto. – Posso ficar aqui? – Repetiu deixando uma pequena lágrima escorregar. Não falei. Puxei-o pela mão para perto de mim. Deitou-se ao meu lado, por cima das cobertas, a olhar para o teto.

-Não penses, nunca, que não quero saber de ti. –Continuava sem me olhar. O teto era o seu alvo de foco. - Eu quero saber de ti, muito Violet.

Estava sem camisola, deixando a descoberto o seu tronco marcado por cicatrizes evidenciadas pelo luar que invadia o quarto. O seu cabelo loiro claro, caía-lhe sobre os olhos, totalmente bagunçado. Tinha os olhos raiados e as pupilas dilatas que apenas deixavam a descobrir uma amostra dos seus olhos claros.

-Eu não penso isso. - Comecei.

-Violet eu não sou capaz de explicar. Mas tu... Tu mexes comigo, de uma maneira diferente. Já te disse, a tua inocência encanta-me. És doce, és carinhosa. – Sorriu. – Não és parecida com o resto. –Sendo que este «resto» refletia uma certa sensação de desprezo. – És fechada no teu mundo e não deixas qualquer pessoa entrar e... -Uma outra lágrima salgada escorria devagar pela sua face. – Tu entendes-me Vi... E eu não te posso estragar,

-Como é que me poderias estragar? –Questionei.

-Vi... -Sorriu como se tivesse acabado de o provocar com aquelas palavras. –Tu dás aquela impressão de espevitada, menina perversa. Mas o teu verdadeiro «eu» é inocente. É uma menina que quando lhe tocas no sítio certo... ela nem sequer sabe reagir. E isso deixa-me doido. Tu sabes disso. Vi, eu não sou digno de te tocar dessa maneira. Tu não imaginas sequer a perversão que existe neste mundo princesa... O mundo é um sítio nojento Violet. Tu és o tipo de menina, o tipo de princesinha que imagina fazer amor em lençóis de cetim, com velas a cheirar a canela e morango, numa cabana perdida à beira mar, onde só se ouvem as ondas e gemidos baixinhos. – Dirigiu-me o olhar pela primeira vez, de soslaio, para confirmar uma realidade: o facto de estar corada. – Mas a coisas nem sempre são assim Violet. Eu não te posso tirar essa forma linda de ver as coisas.

-Então explica-me! Não me mostres, não me demonstres nada. Diz-me.

TATE LANGDON

Levantou-se à minha frente, ficando sentada sobre os seus pés, deixando o seu corpo totalmente a descoberto. O luar desenhava-lhe as curvas do peito e deixava transparecer as suas faces rosadas. Tinha um olhar perplexo. Acho que apenas tomou consciência de como «estava» segundos mais tarde. Ri-me e debrucei-me da cama ainda deitado, para lhe chegar uma camisola das minhas. Aproximei-me e vesti-lha. Sorriu.

-Explica-me.

VIOLET

-Violet, ... -começou ele. – Existem pessoas, eu incluído nesse grupo, que já fez sexo por motivos de impulso. Sem sentimentos, sem qualquer ligação emocional. Só e apenas atracção física. E não é aquela ideia de «fazer amor» linda e cuidada. É rude, nojenta, carnal, animalesca se preferires assim... Não me dando como inocente, mas nem os gemidos delas são puros. São deploráveis... São gemidos que eu só consigo associar à podridão do mundo.

O seu olhar era frio e neutro. Não sabia o que dizer. Por muito que quisesse negar, nada daquilo me atraí-a minimamente. Sentia nojo de tudo aquilo que ele me tinha acabado de dizer.

-Vem cá. –Puxou-me para si e fez-me deitar no regaço do seu braço, encostando-me ao seu peito. – Eu estou «estragado» Vi. Eu não posso «sujar-te». Tu mereces alguém puro que te toque com cuidado e te faça sentir única.

-Mas... tu fazes-me sentir única.

Interrompi-o ao mesmo tempo que a minha consciência berrava comigo por ter dito aquilo.

A respiração dele tornou-se mais ofegante.

-Tu és única para mim Violet...- Corou. – Promete-me uma coisa.

-Tudo. - Respondi.

-Nunca vás... A lado nenhum. Não me abandones... -Senti o seu coração pulsar com mais força e notei que estava a chorar.

-Eu não vou a lado nenhum Tate.

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Oii meus amores. Aqui está o novo capítulo. Espero que gostem :)

Deixem nos comentários as vossas opiniões. Um beijinho 

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