"Wicked Games" 31. Capítulo

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Acabamos por adormecer abalados pelo cansaço iminente da noite anterior.

Acordei por volta das 06:10 da manhã; isto segundo o meu telemóvel que tinha ficado na mesinha de cabeceira e ao qual eu pouco ligava. Nunca tinha conseguido entender qual era fixação com estes aparelhos...

Tate estava deitado ao meu lado, ainda a dormir.

-Bom dia dorminhoco. -Sussurrei ao seu ouvido debruçando me sobre ele para lhe dar um beijinho suave no pescoço.

-Bom dia princesa. -Falou a meio tom, com voz grave e rouca. -Que horas são?

-06.21... Mas preciso que te levantes e te arranjes depressa. – Falei enquanto me levantava da cama de um salto só e caminhava até ao armário.

-Nada madrugadora... Onde vamos? -Questionou acomodando-se de novo debaixo dos cobertores.

-Nós vamos conhecer a casa.

Arranquei do armário uma camisola bem grossa forrada a flanela e de capucho preta, umas calças também pretas e as primeiras sapatilhas que me apareceram à frente.

-Certo... Mas a casa vai desaparecer se se a «visita guiada» passar para o meio-dia? – Interrogou, sentando-se na cama descabelado e com uma expressão mal humorada no rosto.

-Não, não vai desaparecer. Mas apenas a esta hora é que a «guia turística» está disponível. -Retorqui já na casa de banho enquanto escovava os dentes.

Inevitavelmente acabamos por nos arranjar e tomar o pequeno almoço sozinhos na bancada da cozinha. O assunto da noite anterior não foi sequer mencionado, embora não houvesse também nenhum tema muito específico sobre o qual estivéssemos a conversar. Apenas conversa por educação enquanto comíamos, ainda sozinhos já que, pela hora, ainda ninguém estava desperto. 

O sol raiava, ainda escondido, colorindo o céu de um azul cristalino e uma mistura de tons quentes. Adorava o nascer do sol por algum motivo. Era a altura do dia que mais conseguia associar ao sossego, à calma, à paz. O pôr do sol sempre me havia deixado melancólica e demasiado entregue aos meus pensamentos mais obscuros desde pequenina. 

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(...)

-Vou-te levar à minha parte favorita da casa. -Comecei enquanto que subíamos o escadario que dava acesso ao primeiro andar.

-Ah então com que então tu sempre gostas de qualquer coisa aqui.- Respondeu em tom de brincadeira e ironia.

-Eu nunca disse , directamente pelo menos, que não gostava da casa. Eu gosto dela. Eu não gosto é de quem cá vive. 

Segui pelo corredor em direcção à grande janela que alumiava durante o dia o mesmo, impedindo-o de parecer tão assustador devido à pesada decoração (sendo caso disto o papel de parede em veludo avermelhado e alguns dos móveis que já faziam parte da casa quando nos tínhamos mudado, mas que os meus pais nunca chegaram a alterar). Abaixo da janela encontrava-se uma dessas «relíquias», um pequenino aparador em madeira maciça envernizada que a minha mãe adornava com flores plantadas na estufa. Diga-se de passagem que a partir daquele pequenino aparador e da grande janela, encontrava-se um outro lado da casa que raramente era visitada pelos restantes membros da família e que mal tinha sido tocada. Lancei-me por um outro corredor, mais estreito e com candeeiros de velas (substituídas agora por lâmpadas de luz amarela e forte) que brilhavam iluminando pequenos detalhes do dito papel de parede em veludo vermelho. Nu fundo existia uma espécie de pequeno hall, com duas poltronas em couro velho e aparentemente poeirento, uma mesinha de jogo  alguns quadros. Este hall dava por sua vez acesso a mais dois corredores, sendo que segui pelo mais estreitinho que parecia levar a uma espécie de beco sem saída e aqui sim, estava a magia desta casa.  parede de fundo, adornada apenas com um quadro simples e um candeeiro, abria tal e qual uma porta sendo, portanto, o candeeiro o puxador que permitia a abertura. No seu interior, encontrava-se o meu mundo, o sítio onde seria capaz de passar horas e horas a fio: uma grande biblioteca, estilo de um duplex, repleta de livros antigos e empoeirados, organizados sobre centenas de estantes dispostas lado a lado nos dois andares, sendo possível o acesso ao segundo andar através de uma pequena escada em caracol também em madeira maciça. As estantes do andar inferior, haviam sido dispostas pelos antigos donos, de forma a fazerem como que pequenas separações sendo que na primeira secção encontrava-se uma mesa de jogo com um tabuleiro de xadrez e alguns baralhos de cartas. Na divisória seguinte encontrava-se uma lareira absolutamente magnifica, embutida em mármore claro que contrastava com o tom das estantes e o mesmo dito papel de parede que cobria toda a divisão (da mesma forma que cobria a restante casa, excepto os locais onde já haviam sido executadas obras de remodelação). À sua frente duas enormes poltronas sobre uma carpete em pelo bege. Atravessava-se depois um pequenino arco (que servia de ponte entre os dois lados do andar superior do duplex ), que dava acesso à última divisória com um piano de cauda antigo e ainda com pautas sobre a cauda, uma janela enorme, visível da entrada da casa mas normalmente fechada pelas duas grandes cortinas em vermelho acastanhado. 

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-Que dizes? -Questionei, sentado-me no banquinho do piano

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-Que dizes? -Questionei, sentado-me no banquinho do piano. 

-Sinceramente, eu acho que.. Eu acho que nem sei o que dizer. Isto é um sonho. -Respondeu olhando em volta, com os olhos imensamente arregalados e esbugalhados. - Como é que deste com isto? 

-Quando me mudei ainda era muito miudinha e então o meu entretenimento, era fugir às diversas amas que tive e ir explorando. Dei com isto por mero acaso e, com sorte, consegui convencer os meus pais a não mexerem em nada do que está do haul para cá. 

-Espera aí... Isto não é «só»? Ainda há mais coisas? - Questionou fascinado e perplexo. 

-Não. -Sorri entusiasmada. -Existe ainda mais para veres. Corri pelo pequeno escadario em caracol e gritei do pequeno andar superior - O melhor é que é o único sítio da casa em que podes berrar e discutir à vontade porque ninguém te ouve! - Regressei ao meu tom de voz norma e rebentá-mos a rir. 

-Já leste alguma coisa do que está aqui? - perguntou, sentando-se num dos primeiros de graus da escada a olhar-me. 

-Se já li? Eu li quase todos... Pronto quase todos é um exagero. Mas já li imensos. Tu gostas de ler?

-Só li um único livro em toda a minha vida. -Riu-se.

-Qual? - Ia questionar também porquê só um, mas assumi a resposta. 

-«Oliver Twist», um autentico clássico e que roubei num dos meus primeiros orfanatos. quando conseguia escapar às aulas obrigatórias ou à ao recolher obrigatório, ficava a ler empoleirado nalgum lugar. 

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(...)

Olaaa meus amores. Só queria avisar que este fim de semana já fico de féria sendo portanto muito mais fácil actualizar. Um grande beijinho! Deixem os vossos comentários para saber o que estão a achar. 


Wicked GamesWhere stories live. Discover now