"Wicked Games" 32. Capítulo #DiamantesDoWatty #diamantesdowattys

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-Reves-te um bocadinho nele não é? Na bonita personagem do Oliver?
Não me respondeu. Sentado naquele degrau ele admirava todo o conjunto de mobílias e livros à sua volta, embora mais focado num canto de uma das divisões com umas dúzias de quadros no chão, encostados e empoeirados.
-O que é "aquilo"?
-São quadros da coleção privada do meu pai. Ele dá fortunas absolutas por eles e depois, quando encontra um que goste mais, "atira-os" para aqui e acabam por cair no esquecimento.
-Balúrdios? Quantias de que género?
-Por exemplo, aquele branco com as riscas pretas que fazem quadradinhos coloridos custou alguns milhares. Bastantes milhares.... é um original.
-Portanto ele deu milhares por um quadro pintado por alguém que se lembrou de pintar quadradinhos?
Rebentei a rir, não propriamente das suas palavras mas sim da sua expressão. Tate era extremamente expressivo e eu gostava disso.
-Basicamente sim. Mas compreende-se... é uma obra extremamente luxuosa e que reflete algum modernismo e até cubismo talvez...
-Tu pareces um publicitário de um museu a falar. -Riu-se olhando-me de soslaio. - Eu só vejo riscos e quadradinhos pintados... Sinceramente não consigo ver o que é que seria suposto transmitir mas seja o que for eu não acho que valha milhares. É ridículo dar milhares por uma série de quadradinhos.
Ri-me. No fundo ele tinha a sua razão. Era uma prespetiva demasiado chocante em comparação aquela que o meu paizinho sempre fizera o esforço de me fazer entender.
-Provavelmente pareço um autêntico ignorante a falar não é? Mas estou apenas a ser sincero. Talvez não tenha convivido o suficiente com este género de arte para a poder entender... -Parou uns segundos, tirando do bolso uma plaquinha verde escura e um esqueiro que usou para a derreter. - Acho que a única forma ou expressão de arte que me envolveu é a música. Ela sim, toca. Sabes quando ouves uma música e sentes que entraste num mundo totalmente paralelo? -De charro enrolado, colocou-o no canto da boca acendendo-o. Puxou um trago e retomou as suas palavras. - Há artistas , músicos que mexem com os teus sentimentos, com a tua realidade, mexem com a tua forma de pensar, de sentir, de vestir, se te expressares... Seja que estilo for: Rock, Metal, Trash Metal, Jazz, Hip Hop... tu vais sempre encontrar "personagens" que revolucionaram o mundo na sua devida época. Os Nirvana, os Metallica, os Raise Against the Machine, Biggie, Naz, Tupac, D-12,... Eles mexeram com a cultura, especialmente a Americana... Eles sim merecem os milhões por influenciarem mentalidades. Não um gajo que pinta quadradinhos às cores. - Puxou mais um trago e passou para a minha mão o envolcro esverdeado. Não processei, nem muito nem pouco, e puxei duas vezes. Sem que fosse necessário muito senti-me mais leve, mais calma que o natural. Era uma sensação maravilhosa.
-Gostas assim tanto disto? -Questionei olhando para o pequeno charro que libertava as suas ondas de fumo à minha frente.
-Gosto. -Riu-se. -É algo natural, praticamente sem quaisquer químicos e que devia substituir muitos dos calmantes do mercado.
-Foi a única droga que experimentaste? -Passei-lho de novo enquanto aguardava a resposta.
-Não... Já usei coca duas vezes, LSD e pólen.
-São muito diferentes os efeitos? - Olhei-o.
Sorriu para mim ao voltar o seu torso de forma a olhar-me de frente.
-Coca é horrível. Digamos que é como se levasses uma injeção de algo super portente que te prolonga a energia durante horas. Mas uma energia eletrizante, quase paranóica. Dá-te sensações assustadoras... LSD por outro lado fez me ver tudo muito vivo. Não te sei nem explicar. Tudo ganhou uma vida diferente. É inexplicável. É como se viajasses para um mundo à parte, mais vivo.
(...)


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