"Wicked Games" 29. Capítulo

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Eventualmente as horas foram passando, fui-me entretendo com as criançase tentava me distrair com as conversas dos convidados mais velhos. Versade seja dita? Não ouvia nem uma palavra do que me era dito. Limitava-me ao básico, ou seja, às regras mais básicas de etiqueta encutidas pela minha mãe: anuir e sorrir.
A reação de Tate quando descera as escadas não me saía da cabeça... Não me falara desde então. Manteve-se junto ao irmãozinho o tempo todo... Brincava com ele, conversavam e assim se manteve, até à esperada hora da abertura dos presentes.
Mais um espetáculo de capitalismo, mais um "show-off" patrocinado por snobes. Caros? Com toda a certeza. Para mim? Sem qualquer valor.
Ofereceram-me um perfume extremamente forte, mas nem por isso pouco agradável. Os meus pais ofereceram-me um vestido... Cor de Rosa... Deus me dê paciência. Recebi também brincos, pulseirinhas, fitas de cabelo em cetim imaculado e um colar de brilhantes verdadeiros. Lindo, mas no entanto nada o meu género.
O mai novinho da casa recebera uma série de brinquedos caros, suficientes para encher um armazém. No entanto, sentia-me extremamente feliz por vê-lo sorrir tanto. O mais cómico era a forma como ele "acolhia" ps brinquedos. Não se limitava a "ir colocando de lado", tentava dar atenção a todos eles de uma forma extremamente adorável.
O Tate, por sua vez, recebeu imensas peças de roupa. Blazers, camisas, gravatas, sapatos polidos e sapatilhas de marca, pólos ente outros. Recebia, abria o saco, sorria sem jeito e agradecia sob os olhares de "pena" doa restantes convidados. Reparara mais que uma vez que o olhava mas nunca mr dirigiu a palavra, nem se  aproximou de mim.
(...)
Os convidados começaram com o passar do tempo a despedir-se e a casa começou a retomar a sua forma mais vazia. O meu pai já tinha deitado o menino e também já se encontrava a dormir. A minha mãe mantivera-se ainda a conversar por mais algum tempo com as empregadas e connosco mas também se fora deitar não muito mais tarde. Na cozinha ouviam-se as "senhoras" arrumar as louças e comentar os presentes com frases de entuasiasmo.
O chocolate quente fumegava dentro das canecas de estílo natalício. Acabei por ganhar coragem para quebrar o silêncio:
- O que é que se passa?- comecei.
Ele não respondeu. Limitou-se a mexer o chocolate quente, com a colher metálica impecavelmente brilhante e polida.
- Tate, por favor... não me faças isto. Por favor?
Inútil... Não me respondeu. Levou a caneca aos lábios e sorveu um pouco do chocolate.
-Está bem Tate... - Segurei as lágrimas o melhor que pude e mordi o lábio com força para não as deixar cair. Levantei a chávena com uma mão e servi-me da outra como apoio para me levantar e sair. Contive-me até chegar ao quarto, agora quente com a janela fechada e o ar condicionado ligado no máximo (provavelmente obra da minha mãe). Pousei a chávena na mesinha de cabeceira, sentei-me na cama e autorizei-me a deixar cair as minhas lágrimas. Não conseguia entender o porquê de tanta frieza. No espaço de meia hora passara da pessoa mais amável e carinhosa, à mais fria. Levantei-me, despi-me atirando a roupa para um canto e deitei-me assim, cobrindo-me para abafar o som do meu choro. Virei e voltei a virar-me na cama mas não conseguia adormecer.
Do nada, ouvia a porta a abrir e ele a entrar. Virei-me calmamente contra a parede na espectativa de que não se apercebesse de que estava acordada.
Calmamemte aproximou-se da minha cama e sentou-se na borda.
- Princesa... Desculpa a forma como te tratei.. mas sinceramente só prefiro que não faças perguntas... eu... desculpa Vi.
Não falou mais nada. Ajustou-se encostado à parede, que servia de cabeceira de cama e ficou ali em silêncio, afagando o meu cabelo.

(...)

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