"Wicked Games" 27. Capítulo

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Sorri e apertei o abraço.
-Nunca sentiste mais nada em relação ao teu pai, para além de medo?
-Como assim?
-Não o odeias?
Não sabia como responder. Durante toda a minha vida havia dito que o odiava mas agora que pensava no assunto...
-Eu quero que ele arda no Inferno.
Tate afastou-se ligeiramente de mim, olhando-me olhos nos olhos.
-Repete. - O seu olhar tomara um encanto perigoso e assustador. Um olhar intimidante e com um brilho malicioso. Olhava-me fixamente com um sorriso um tanto ao quanto sinistro. Olhava-me como se estivesse a tentar garantir que eu estava a falar a sério. -Repete!
-Eu quero que ele arda no Inferno.
-E não tens pena de lhe desejar algo tão penoso?
-Ele teve pena de mim?
Ele riu se baixinho, entre os lábios.
-Linda menina. Devias alimentar-te disso princesa.
Passou as pontas dos dedos pela minha face pálida.
-Como assim?
-A forma como te tratam e não estou a falar só de casa. Estou a falar de tudo o que me contaste! A maneira como te tratam na escola, a mania que todos têm de mudar quem tu és... alimenta-te desse ódio que sentes e não deixes que te pisem. Porque aí princesa, eles não vão sentir "peninha da Violet"... Eles vão sentir medo de ti! E aí eles vão te respeitar.
-Eu não sou capaz disso Tate... Eu não sou assim...
-Não, tu convenceste te que consegues esconder e guardar tudo o que sentes, ser rebelde e forte à tua maneira. As pessoas têm medo do ódio mas é ele que te faz manter o respeito.
Nunca na minha vida tinha pensado nas coisas daquela forma. Numa só noite são muitos os "nuncas" sobre os quais havia refletido e tudo por causa do meu maninho... Até que ponto é que ele poderá estar errado?
-Ensina-me Tate. Ensina-me a ser assim.
-Não te preocupes com isso prince...
Não teve nem tempo de terminar a frase. A porta do quarto foi aberta de súbito. Ele manteve-se calmo, exatamente como estava, abraçado a mim, olhando de soslaio para a porta entre aberta.
-Finalmente que vos encontro! - Começou o meu pai... o meu coração congelou dentro do meu peito. Senti a garganta secar e suores frios. A simples visão dele deixava me assustada. Mas o Tate manteve-se imóvel e numa calma inquietante. - Violet, querida... -Começou aproximando-se passo a passo calmamente observando o quarto. Ora suponha-se já que ao desviar o olhar deparou-se com o maço de tabaco praticamente vazio e as cinzas a sujarem o soalho. -... acho de muito mau tom estares aqui em cima quando toda a tua família está lá em baixo... Anciosos por te ver. Desce.
Olhou-me friamente fazendo-me arrepiar. Fiquei sem reação. Olhei para Tate.
- Já vou lá para baixo. Vai princesa. Sussurrou voltando-se para mim, sem que o meu pai se apercebesse.
Limitei-me a soltá-lo e a caminhar para porta, abandonando Tate e o meu pai dentro do quarto.

TATE LANGDON
- Eu não sei o que é que tu pensas que estás a fazer à minha filha. Mas espero que saibas que só estás aqui por acréscimo e porque tenho uma mulher demasiado boa... e burra.
-Eu não fiz nada à Violet. Mas espero que saiba que se lhe volta a tocar com mais a ponta de um dedo seja... -Aproximei-me. -Eu vou fazer questão de o enterrar no seu próprio jardim.
-Estarei eu a ouvir uma ameaça? De um miúdo? - Riu.
-Interprete como quiser.
Afastei-me calmamente em direção à porta.
-O que é que fizeste com a minha filha?
Olhei-o de novo, enfrentando-o e limitei-me a sorrir.
-A sua filha sabe tão bem.

@LetciaSilveira179

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