"Wicked Games" 35. Capítulo

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- Tate... -Preparava-me para sair do escritório seguida por ele quando algo me fez recuar. - Com é que tu estavas a falar ?...
O olhar dele congelou em mim. O sorriso com que havia ficado ainda à pouco desaparecera numa questão de segundos.
- Eu não sei ... Eu nunca soube...
Os seus olhos estavam sem expressão. Frios e confusos. Desviava o olhar vezes sem conta procurando outros focos. - Eu não sei... Ele sou ... eu.
- Tu não sabes quem ele é... mas ele és tu ? Estou perdida...
- Violet desde que me conheço como gente, ele aparece. Ele é o pior lado de mim. Ele é aquilo que eu não quero que desperte. Ele é todos os meus medos, as minhas frustrações, o meu pânico. Ele é tudo o que eu quero que desapareça. Ele é todas as memórias de... coisas que fiz...
-O que é que tu fizeste ?
Ele tornou-se ligeiramente mais caloroso de lágrimas nos olhos embora o seu olhar permanecesse vazio.
- Se eu te dissesse... Se tu soubesses... Violet não faças perguntas às quais não posso responder. Para onde vamos agora ?
-Porque é que estás a mudar de assunto Tate ? Seja o que for... Eu não te julgar...
-Julgarias sim ! - Ele gritou. - Não fales na ignorância Violet. Tu nunca mais me irias querer nem perto de ti... - A sua voz tornou-se rouca... grave. - Violet eu venho de um mundo onde matas ou morres. Onde fazes o que for preciso para arranjar dois tostões. Nada do que eu fiz são coisas das quais esteja orgulhoso. Eu não te posso dizer... eu só te peço por favor que respeites. Por favor...
- E ele ? ... Ele vai continuar a aparecer ? ... Tate se tu vês alguém que não está lá na realidade... Isso significa que precisas de ajuda...
-Eu sobrevivi sem ajuda. Não quero pagar a um cabrão qualquer para me ouvir e pura e simplesmente me passar anti depressivos outra vez ! Não viu voltar a ser uma cobaia de uma merda de uma experiência. Eu não volto para lá.
- Para lá? ... -Ele estava fora dele. Enraivecido, nervoso. - Tu não estás a falar do orfanato ... ou estás ?
O sorriso dele tornou-se assustador.
- Há coisas que vocês não imaginam que acontece por detrás daqueles portões... Queres o que fazem a pessoas que "vêm coisas" ? Queres saber o que fazem quando és trancado no escritório do diretor à mercê de um porco daqueles ? Não e suposto essas histórias passarem cá para fora. Mas se te satisfaz a curiosidade... Sexta feira era dia do director... - ele chorava desesperado tentando controlar a respiração com os olhos raiados de sangue - Sabes o que faziam ? - ele riu com desprezo - Eramos colocados em fila depois da hora do chuveiro no auditório. Só em roupa interior a morrer de frio. E depois chegava aquele filho da puta com o cheiro habitual a rum. E encostava se à lareira. E depois vinha a escolha. Sabes como era feita ? - ele chorava sufocado - Ele ia-se aproximando de nós, um por um. Tocava-te, cheirava-te. E que é que tu ias fazer ? Nada... E depois escolhia... e um de nós ia para o escritório com ele. - Ele ajoelhou- se no chão, olhando para baixo. - Havia sempre o menino preferido... Aquele que ele queria sempre... Aquele que ele adorava levar para o escritôrio dele... Queres conhecê-lo ? - ele escondeu-se entre as palmas das mãos a chorar.
- Tate... Eu...
- Isto não é o pior... Pior era depois. Eras atada a uma cama de ferro com fitas a prender te os membros principais e ... já ouviste falar em terapia de choque ?
Ele chorava desesperado. Não tive coragem de responder.
- Isto foi o meu primeiro orfanato... Eu... Eu era tão pequeno... E o pior é que eu não fui melhor. Eu não fui diferente deles. Eu fiz coisas tão más... Violet?... -Ele sussurrou assustado.
Ajoelhei- me na frente dele e segurei na sua face...
- Eu vou para o Inferno...

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