"Wicked Games" 7. Capítulo

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- Bem eu só fiquei com esta família durante mais ao menos 1 anos... Ao fim desse tempo a Segurança Social veio me buscar. Pelos vistos foi feita uma denúncia por parte de uns vizinhos. E foi então que eu conheci a realidade de um orfanato... De vários aliás...

-Em quantos estiveste?-Questionei

-Eu estive em 17 orfanatos... E foi nesses malditos orfanatos que eu consegui estas marcas. – El levantou se à minha frente e despiu a camisola. Vi pela primeira o estado em que o corpo de Tate se encontrava.

Tinha o corpo bem definido, tonificado, por assim dizer... Mas as cicatrizes eram extremamente evidentes. Tinha uma cicatriz enorme que lhe atravessava o peito. Para além disso tinha as restantes cicatrizes de golpes mais pequenos e marcas de cigarros. Não me atrevi a fazer mais questões sobre elas...

-Só há uma coisa na tua história que não faz sentido...

-O que?- Questionou ele, vestindo de novo a camisola.

-Se os teus pais se suicidaram quando eras tão pequenino... O teu irmão não pode ser teu irmão se sangue... Caso fosse ele tinha agora quase 8 anos. E ele tem 4 aninhos... Tate tu não me estas a dizer a verdade toda.

-O Jonathan nunca foi meu irmão de sangue... No último orfanato em que estive, os auxiliares tinham os modos mais peculiares de nos educar. Violet nada do que passa para fora dos orfanatos é verdade. Aquela ideia que muitos orfanatos passam de ser um local feliz e que trata muito bem das crianças que acolhe, essa ideia não existe! Ou talvez eu tenha conhecido os 17 piores orfanatos do mundo... Mas como eu dizia neste Ultimo orfanato em que estive, os meninos mal comportados eram castigados com cigarros em brasa, ferros, réguas, navalhas... Tudo o que possas imaginar. Ninguém olha a meios-termos dentro desses portões...-Proferiu enquanto me passava uma foto do dito orfanato- Mas também foi ai que eu conheci o Jonathan... Numa noite, à hora de jantar, ele levantou se da mesa e foi pedir mais comida. Violet ele foi só pedir mais comida e isso valeu lhe um enxerto de porrada de um homem adulto. Violet um homem de 50 e muitos anos a agredir uma criança de 2 anos! Eu não consegui conter me e... Bem eu fiz o que devia ser feito para salvar o Jonathan.

-O... O que é que tu fizeste Tate? – Perguntei agora mais assustada.

-Eu tinha um revolver roubado e ... eu disparei... Não o matei, mas podia e honestidade? Vontade não faltou...

-O que é que aconteceu depois?

-Tendo em conta que eu tinha 15 anos e ele 2, comecei a tomar conta dele.

.Nesse caso como é que, quando falaram com os meus pais sobre o Jonathan, também te referiram? Não há nenhum registo em como tu és irmão dele!

-Violet dentro daquele sitio, o que eles mais querem é despachar pessoas e viram ali a melhor oportunidade de me despachar a mim também. A verdade é que depois de eu ter disparado aquele revolver, e mesmo depois de mo terem tirado, eu passei a ser respeitado lá dentro. Eu tive de me fazer homem muito cedo... Eu era uma ameaça ao poder daquela gente... E portanto a maneira mais simples de se verem livres de mim era fazendo-me entrar noutra família.

-Porque é que não te mudaram de orfanato?

-Já tinha um historial de orfanatos muito grande... Já ninguém me queria Vi... Nunca ninguém me quis...

Estas últimas palavras ditas pela sua boca foram proferidas num sussurro e acompanhadas por lágrimas. Não me consegui conter e comecei a chorar também. Era impossível não chorar ao ouvir um relato daqueles... Nunca conheci ninguém que parecesse tão intimidante e ao mesmo tempo tão frágil como Tate. Desde que chegou que sempre assumiu um papel de alguém distante, frio e no fundo... O seu coração era mais frágil do que o de uma criança. Ele só precisava de carinho. Sorri e abracei-o com força.

-Acho que só esta noite recebi mais abraços teus do que no resto da vida. –Consegui ouvir por entre os seus soluços e lágrimas. Ri-me.

-Isso é uma queixa? É que nesse caso, acabou.

Larguei-o e afastei-me fingindo me amuada. Não foram precisos muitos segundos até que ele se atirasse a mim, fazendo cócegas na barriga.

-Com que então isto é assim que funciona menina Violet? Já vais ver... - Dizia ele rindo se da minha figura.

-Para Tate!! – Dizia eu por entre gargalhadas. – Assim não é justo. Tate vamos cair!

Tarde demais. Acabamos por cair ao chão. Eu deitada e ele por cima de mim... Interessante não?

Estávamos a uma distância de milímetros.

(...)

Wicked GamesWhere stories live. Discover now