"Wicked Games" 15. Capítulo

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-Porque é me beijaste?

Ele não respondeu... Permaneceu em silêncio, encostado ao meu peito por longos minutos. Sentia a sua mão trémula sobre a minha coxa. E a cada pequenino toque, sentia a vontade de o beijar de novo.

-Eu não sei... Tu és tão... Tu sabes perfeitamente que não tiro os olhos de ti desde que entrei dentro daquele portão...

-Nós somos irmãos...-repeti eu a olhar para o vazio.

-Ninguém precisa de saber. É o nosso pequeno segredo Violet. Foi apenas um impulso certo?

Virou-se para trás de um sobressalto só e colocou suavemente as suas mãos nos meus ombros enquanto que me olhava nos olhos. O seu olhar era tão penetrante, fixo. Derretia-me a alma com a sua mistura de anjo e diabo no mesmo olhar. Daí reparei nos seus lábios, húmidos, vermelho tinto... Foi-se aproximando, e aproximando... E beijou-me mais uma vez, mas desta vez não houve qualquer controlo de ambas as partes. Ele levantou-me nos seus braços e fez as minhas pernas interlaçarem-se em torno do seu tronco e beijava-me intensamente.

Naquele momento, na minha mente, não existiam festas de Natal obrigatórias, nem perguntas intrometidas e constrangedoras, nem olhares reprovadores, nem mágoas, nem lembranças de lápides gélidas. Existia apenas eu e Tate que me beijava como se o mundo fosse terminar em segundos. E os nossos lábios dançavam entre si uma dança complicada e sensual. E as suas mãos que me tocavam, que me faziam arrepiar por baixo do vestido. A sua respiração peada do vício do tabaco entoava perto do meu ouvido e fazia-me corar.

Segurou-me o cabelo com uma mão enquanto me prendia a ele, ao seu colo, com a outra e puxou-o firmemente enquanto me beijava o pescoço. Ambos sabíamos o erro que aquilo era, ambos sabíamos que aos olhos do mundo aquilo se tratava de incesto. Mas ele beijava-me e fazia-me respirar de forma ofegante.

-Por favor, não respires assim Violet... -sussurrou- Ou eu não me controlo contigo.

-Violet? Tate?

Reconheci aquela voz num ápice. Era o meu pai. Chamava pelos nossos nomes do lado de fora da estufa e preparava-se para entrar. Foi uma questão de segundos para que eu e Tate nos afastássemos num ápice e escondêssemos o tabaco dentro do seu casaco.

-O que é que vieram para aqui fazer? Ainda nem sequer falaram com os convidados! Além de que... - O meu pai aproximou-se de mim com um olhar enfurecido e frio. –Sabes perfeitamente eu esta estufa é da tua mãe. Não vos quero aqui. – Proferiu segurando-me pelo braço com alguma força- Ficamos entendido?

-Sim... Nós já vamos ... - Respondi eu com a voz trémula.

Ele largou-me saiu da estufa mas não sem antes lançar um olhar furioso a Tate.

Não falamos até nos encontrarmos fora da estufa a caminhar sobre a neve gelada e sob uma neblina branca e fria.

-Ele trata-te sempre desta maneira?

Não respondi, não queria abordar o assunto.

-Eu vi bem como ele te agarrou... Se quiseres falar sobre o assunto eu estou aqui.

Uma série de memórias e lembranças frias e dolorosas invadiram a minha mente. Tate olhou-me de soslaio e entrou para dentro da casa enquanto que eu permanecia cá fora. Engraçado como até entrar naquela casa me fazia temer. 

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