Capítulo Cinco

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Abro a porta de casa. Após correr de volta para cá, eu não consigo respirar. Meu fôlego está esgotado. Com muita sorte, consegui fazer com que aquele carro não me visse — pelo menos acho que não me viu.

Já estão todos aqui, acordados. Eles percebem meu desespero. Harry é o primeiro a se aproximar.

— O que aconteceu? — ele pergunta. — Não foi uma boa ideia você ter ido sozinha...

Tento respirar, mas não pego ar suficiente para falar. Não consigo dizer nada. Estou me sentindo como se estivesse prestes a ter um ataque cardíaco.

— L... PB... — falo com muito esforço.

Meu pulmão está vazio ainda, além de arder a cada movimento. Minhas pernas doem por causa da corrida.

— Merda — fala Harry. — Precisamos sair daqui!

Minha garganta está seca e eu estou morrendo de sede, mas não posso parar para beber água agora. Temos que ser rápidos.

Ouço o rugido do motor se aproximar.

— Eles estão vindo! — fala Dylan, indo pegar sua arma na mesa da sala.

— Não podemos sair pela porta, eles vão nos ver! — fala Demi.

— Vamos pelo telhado! — fala Dylan. — Podemos ir pela rua de trás!

O barulho do motor fica mais alto e próximo. Meu coração não desacelera nem um pouco. Desse jeito vou acabar morrendo por um ataque do coração.

Olho pela janela e consigo ver o enorme carro já estar perto.

— Precisamos ir — anúncio. — Agora!

Nós corremos para o andar de cima. Dylan vai até o final do corredor e puxa a cordinha do teto, puxando junto a escada para o sótão.

Ari entra no quarto que dormiu e sai com um fuzil nas mãos. Nem me lembrava que ele tinha vindo com um fuzil.

— Vão! — grita Dylan.

Nós todos corremos para as escadas. Harry e eu vamos primeiro, então Demi, Niall, Ari e Dylan puxando a escada consigo.

Ele corta a corda da escada antes de a fechar e nos trancar no sótão. O motor do carro já está bem alto e próximo. Ele está na frente da casa. E então, o barulho para.

Um silêncio horrível prevalece por um tempo brutal. O som da nossa respiração misturado com o meu batimento cardíaco é como se estivessem me torturando com facas com lâminas quentes.

De repente, um forte som vem de dentro da casa. Como se tivessem chutado a porta. Passos. Vozes. Ouço passos pesados e rápidos subindo as escadas. Uma voz grita para a casa inteira ouvir:

— Vasculhem tudo! Eles ainda estão aqui!

Meu coração falha uma batida. Passos abaixo de nós. Deduzo que são duas pessoas. Tento não me mexer ao máximo. Temos que produzir o mínimo de barulho possível.

Passos, passos, passos. Uma porta bate contra a parede com tudo. Passos, passos. Porta batendo. Passos, passos.

— Tem uma arma aqui! Um fuzil! — uma voz no andar abaixo de nós fala.

Olho para os outros. Dylan faz uma careta. Ele deve ter esquecido de pegar sua arma.

Passos correndo para o andar debaixo. Mais passos fazendo a mesma coisa. Vozes lá no primeiro andar. O andar debaixo está vazio.

— Vamos — fala Harry, que está na minha frente, mais perto do enorme buraco no telhado.

Ele anda, fazendo o mínimo de barulho até lá. Eu o sigo. Vamos indo agachados até lá. Os nossos passos fazem barulho na madeira em que pisamos. O barulho seria ouvido no andar debaixo, mas o primeiro andar não deve escuta-los.

Escolhida || Livro 2 da Trilogia SinistraWhere stories live. Discover now