Capítulo Trinta e Um

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Tomás nos trouxe ao mesmo lugar onde nos contou sobre a LPB. Dessa vez, apenas eu e Harry. Eu ia chamar os outros, mas Tomás pediu para explicar a eles depois.

Ele coloca um enorme mapa sobre a mesa. Analiso o mapa e demoro um pouco para perceber que se trata da cidade de São Paulo vista de cima.

— Essa é a cidade — ele diz e coloca outro papel em cima do mapa. Ele ajeita o papel e então quando sai de cima, percebo que é outro mapa que consegue cobrir uma boa parte da cidade. — Esse é o Centro.

Ergo as sobrancelhas, surpresa. Eu sabia que o Centro era grande, mas não fazia ideia de que ele era tão grande assim.

— É enorme — diz Harry.

Tomás afirma com a cabeça.

— Existe diversas áreas chamadas de garagens no Centro — ele explica. — Nassas áreas ficam os carros para os funcionários andarem setor por setor — ele aponta no mapa um corredor estreito que passa por praticamente o Centro inteiro. — Aqui são as ruas por onde os carros passam. Viram alvo fácil se virem para cá, pois é onde diversos soldados patrulham.

Respiro fundo. Somos alvo fácil em qualquer lugar, mesmo com soldados não patrulhando.

O mapa é um pouco confuso e parece ter sido feito à mão. Talvez Tomás tenha feito. Isso deve ter sido bem difícil. Lembrar de cada um desses lugares e ainda desenha-los não é uma tarefa fácil.

— O que devemos fazer? — pergunto.

— Minha dica é que vocês esqueçam essa ideia maluca e parem com isso, pois vão morrer. — Quando estou abrindo a boca para falar algo, ele continua. — Mas sei que não vão seguir essa dica, então recomendo que entrem por aqui.

Ele fura uma parte do mapa com uma caneta que eu não tinha reparado em sua mão. Ele tira o mapa do Centro de cima e mostra onde ficou o furo no mapa da cidade.

— É perto do condomínio... — digo. — Vamos ter que voltar tudo que andamos?

— Bom, há uma maneira de irem sem se preocupar muito com os perigos das ruas — explica Tomás, circulando uma estação de trem que fica perto do parque. — Os trens ainda funcionam e param nas estações. Não tem motorista, nem ninguém guiando. São movidos a energia do trilho. E eles são bem rápidos.

Olho para Harry. Ele olha pelo mapa de braços cruzados. Parece um pouco bravo ou indignado. Eu também estou um pouco brava com isso. Viemos até aqui só para voltar. Sem a ajuda de Tomás. Sem as pessoas que precisamos. Talvez fosse melhor deixarmos isso para lá. Talvez fosse melhor parar de tentar.

Me repreendo por pensar nisso. Não chegamos tão longe para nada.

— Nós vamos de trem e entramos na LPB pelos esgotos? — pergunto.

— Sim — diz ele, colocando o mapa do Centro em cima do da cidade novamente. — Assim que entrarem, vão estar em uma área cheia de cientistas. Não tem muitos soldados por ali. Vocês podem pegar um uniforme de soldado na sala do arsenal — ele circula uma pequena sala no meio do imenso mapa.

— Como desativamos a cúpula? — pergunta Harry.

Tomás olha para ele e suspira. Ele não tem nem um pingo de esperança em nós. É como se soubesse que vamos falhar.

— Sala de Controle Principal — ele diz. — Fica no Setor D e vocês vão entrar no Setor B.

— Como chegamos até lá? — pergunto.

Ele começa a desenhar linhas nos corredores do mapa. Vejo as linhas saindo tortas e tremidas. A tinta vermelha da caneta se destaca do resto das linhas pretas. Ele demora um pouco para terminar.

Escolhida || Livro 2 da Trilogia SinistraOnde as histórias ganham vida. Descobre agora