Capítulo Quarenta e Quatro

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Abro os olhos.

Não é a primeira vez que acordo. Lembro-me de já ter aberto os olhos uma vez enquanto estava dentro de um helicóptero. Minhas mãos estavam algemadas na cama em que eu estava e Brenda ficava me olhando enquanto cientistas me dopavam novamente.

Não me sinto bem. Me sinto extremamente cansada. Devo estar dopada. Estou deitada em uma cama nada confortável. Tenho a visão do teto e das paredes de pedra. Aqui é frio. Não estou com as roupas que estava antes. Agora visto uma camisa branca e uma calça branca. Nenhuma delas tem algum arranhão ou está suja.

Olho em volta. Não há nada aqui além da cama e das grades que me prendem dentro desse cubículo de pedra.

Tento me levantar. Meu corpo parece estar tão pesado. Não tenho forças para nada. Preciso de muito esforço para erguer a coluna e me sentar.

— Olá, Claire — levo um susto. Brenda se encontra do outro lado das grades. Eu não tinha percebido que ela estava ali.

Não digo nada. Está sendo difícil até para respirar, não quero me esforçar para falar. Não sei o que eles me deram, mas me sinto sem força alguma.

Dois soldados da LPB abrem a cela e entram. Eles me seguram pelos braços e me arrastam para fora da cama. Meus pés batem no chão com força. Tento me livrar das garras dos soldados, mas minha força não me ajuda em nada. Não consigo nem manter meus pés direito no chão. Praticamente, sou arrastada até a parte de fora da cela.

— Te demos um "calmante" para você não tentar nos atacar — fala Brenda. Ela começa a andar pelo corredor de pedra e faz um sinal para os soldados acompanharem.

Passamos por muitas celas. Esse corredor está cheio de celas. Não eram muitas, mas algumas já estavam ocupadas. Meu coração dói quando percebo que nenhum dos meus amigos estão nessas celas.

O que eles fizeram com os outros? Será que Tomás está morto? Será que Niall está morto?

Minha preocupação começa a aumentar e eu tento me soltar dos soldados novamente. Só acabo me machucando com a roupa de um dos soldados. Um pequeno arranhado começa a arder e sangrar no meu braço. Meu processo de cura não se ativa.

Meu coração dispara. Será que eles tiraram a "Outra Claire" de mim? Eu não terei mais olhos vermelhos?

Ou talvez seja apenas o "calmante" que eles me deram. Me sinto tão dopada e fraca.

Quando saímos do corredor de pedra, entramos em um totalmente branco. Então, os outros corredores seguiram do mesmo jeito. Cheguei a pensar se eles estivessem me fazendo passar pelo mesmo corredor umas setecentas vezes.

As pessoas são cientistas que estão com jalecos, alguns parecem ser até mesmo civis e outros são soldados. Provavelmente, deve haver um setor aqui dentro com casas luxuosas onde todos eles vivem como se nada tivesse acontecido. Esse negócio é tão grande que fica debaixo da cidade inteira, não duvido que não tenha casas para cada funcionário.

— Você é tão ingênua, Claire — diz Brenda. — Tão patética. Devo admitir que eu não imaginava que você fosse capaz de fazer uma burrice tão grande ao ponto de se entregar. É por isso que eu falo que o amor é uma fraqueza. Você se sacrificou pelos seus amigos. Se sacrificou por amor.

Quero me soltar dos soldados para dar um soco na sua cara. Se eu não estivesse dopada, eu já teria matado metade desse lugar.

Tenho que me esforçar para conseguir falar.

— O que... o que vocês fizeram... com eles? — falo.

— Não parece tão forte como costuma ser, não é? Um remedinho e você já fica nesse estado. — Ela ri. — Não se preocupe com seus amigos. Eles estão vivos. Você nos deve uma por ter salvo seu amigo Niall. Uma bala quase acertou seu coração. Ele teve sorte. Já não digo o mesmo sobre Tomás. Ele estava cheio de sangue no chão e parecia não estar respirando. Nem perdemos tempo para ver se estava realmente morto. Mas ele teve o que merecia.

Escolhida || Livro 2 da Trilogia SinistraWhere stories live. Discover now