Capítulo Cinquenta

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Meu corpo é atirado para a escuridão. Por alguns segundos, tenho medo de ter feito algo errado. Tenho medo de que eu esteja morrendo e nunca mais irei acordar.

Então, meu corpo pula na cadeira e eu abro os olhos. A luz fluorescente faz meus olhos arderem. Por segundos, enxergo tudo branco. Aos poucos, formas vão aparecendo e eu consigo ver o teto de onde estou. Puxo o máximo de ar para dentro do pulmão como se estivesse sem respirar por mais de cinco minutos. Meu coração acelera em uma velocidade que nunca chegou antes.

— Ela voltou! — ouço alguém dizer. — Reanimou!

Ouço os "bips" rápidos da máquina que está registrando meus batimentos cardíacos. Sinto dores no meu peito. Minha cabeça parece que vai explodir.

Eu reanimei? Eu tinha morrido?

Sinto-me completamente fraca. Todas as minhas forças foram tiradas do meu corpo. Olho para o lado e vejo um tubo conectado ao meu braço e a uma máquina, sugando um líquido preto junto com meu sangue para dentro da máquina.

— O Parasita... — fala alguém. Reconheço a voz de Brenda. — Ainda está vivo. Guardem-o bem. Isso pode ser útil.

Tento me mexer, mas tudo que consigo mover são os meus polegares. Movimentos curtos e fracos. Eu nem tenho certeza de que os mexi.

— O que faremos com ela e os outros? — pergunta alguém.

— Deixe-a em sua cela. Quando partirmos, ela não será perigo algum para nós.

O tubo é removido do meu braço e os cientistas colocam um algodão e curativo em cima da ferida deixada.

Não consigo mais manter meus olhos abertos. Enquanto caio em sono profundo, ouço a voz de Brenda dizer:

— O Projeto Escolhido está finalizado. Dê início à próxima fase. A Nova Ordem Mundial.

Então, não ouço mais nada.

***

Quando abro meus olhos, não estou mais vendo o teto branco com uma luz fluorescente. Reconheço o teto da primeira cela em que eu fiquei na LPB. Suja, com ratos e baratas...

Agradeço por ser essa e não o cativeiro branco que me mantiveram presa. Não sei se aguentaria ficar naquela cela. Minha mente já não está muito boa, ela ficaria pior dentro daquele cubo.

Ainda sinto um pouco de dor, mas não é nada comparado ao que estava sentindo antes. Olho para baixo e vejo meu braço com o curativo. Eu o retiro e para a minha surpresa, lá está o que eu estava procurando.

O meu machucado. O que fizeram em mim com aquele tubo. Ele não se curou. Não está se curando. E não irá se curar. Eu não tenho mais poderes. Sou humana agora. Sou completamente humana.

— Como é ficar sem seus poderes? — ouço uma voz e me assusto.

Sento-me na cama rapidamente e vejo do outro lado das grades da cela, Brenda.

Ela está com uma roupa totalmente diferente. Não parece nada com uma cientista e sim com uma mulher de negócios. Ela usa um vestido preto que encosta no chão. Sua perna direita fica à mostra com o coldre segurando uma pistola enrolado nela.

— O que vai fazer agora? — pergunto. — Vocês já têm a cura, o vírus... O que mais querem?

Ela coloca uma das mãos na grade enferrujada.

Escolhida || Livro 2 da Trilogia SinistraWhere stories live. Discover now