Capítulo Dezesseis

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Ainda estou dormente por ter acabado de acordar. Ariana continua mexendo em minha perna. Ela deve estar pensando que eu ainda estou dormindo.

— Claire, acorde! — ela sussurra de novo. — Por favor! Tem alguém aqui.

Me forço a abrir os olhos. Me sento na cama e então olho para ela. Quase não enxergo nada nessa escuridão.

— Como você sabe? — pergunto.

— Eu ouvi passos lá embaixo — ela fala. — Estou assustada.

Sinto um pouco de medo também. A primeira coisa que penso é a LPB. Eles encontraram um ótimo jeito de nos atacar. Quando está de noite.

Está mais escuro, nós estamos mais cansados e bem mais vulneráveis. Se eles nos atacassem agora, a chance de perdermos é maior.

Mas talvez não sejam eles. Talvez Ari só tenha ouvido coisas. Tento me acalmar com esses pensamentos, mas não consigo.

Olho para os outros, que dormem calmamente em seus colchões no chão e na cama. Ari acordou apenas eu. Mas por quê? Será que ela quer ter certeza que tem alguém lá embaixo antes de acorda-los?

Provavelmente ela não sabia o que fazer. Eu também não saberia... Provavelmente acordaria Harry... Bom, agora não mais...

Respiro fundo.

— Vou verificar — falo. — Acorde os outros para deixá-los atentos.

Ela afirma com a cabeça.

Me levanto e pego meu arco e minha aljava. Saio do quarto com passos curtos e silenciosos. Sinto bastante frio por ter saído debaixo dos cobertores. Me agacho, colocando uma das mãos sobre o piso de madeira. Aproximo meu ouvido do chão e o coloco contra a madeira.

Me concentro para ouvir alguma coisa. Fico alguns segundos assim, mas não ouço nada.

Me levanto novamente. Talvez Ari não tenha ouvido nada. Mas mesmo assim, preciso verificar.

Desço as escadas, com bastante cuidado. Sinto o meu medo aumentar cada vez mais. Meu coração bate rapidamente em meu peito. Puxo a flecha no arco e miro para frente.

Minha respiração está ficando mais rápida.

Eles foram muito espertos em nos atacar de noite. Sinto que a qualquer momento, vou levar um tiro na cabeça.

Não consigo enxergar quase nada aqui embaixo. A janela da sala está fechada e não deixa entrar a luz do luar. Tento fazer meus olhos se acostumarem rapidamente a escuridão, os forçando.

Levo um susto com um barulho na cozinha. Pareceu com algo caindo. Caminho totalmente tensa até a cozinha. Seguro meu arco com muita força. Estou quase soltando a flecha. Sinto minhas pernas tremerem, mas mantenho minhas mãos firmes.

Entro na cozinha e quase solto a flecha em direção a uma janela. O vidro da janela está aberto e uma ventania fria passa por ela. Vejo um dos enlatados que comemos hoje no chão. Talvez a ventania tenha derrubado ele.

Sinto um alívio me atingir completamente. Respiro fundo, deixando meu coração mais calmo. Me abaixo, pego a lata vazia e coloco na pia, em seguida, fecho a janela. Coloco meu arco nas costas e guardo minha flecha.

Volto para as escadas e as subo, rapidamente. Meu coração já está quase voltando ao normal quando eu passo rapidamente pela janela do corredor do segundo andar e acabo vendo algo lá fora. Paro de andar quando eu já estou bem perto da porta do quarto.

Me viro para a janela e a analiso. Começo a ir em sua direção, lentamente. Meu coração volta a bater fortemente. Começo a soar frio.

Ouço passos do quarto e então olho para trás, vendo a cabeça de Ari aparecer.

Escolhida || Livro 2 da Trilogia SinistraOnde as histórias ganham vida. Descobre agora