Escolhida || Livro 2 da Trilogia Sinistra

Capítulo Trinta e Três

Corra, Claire. Porque é o que você sabe fazer. Correr. Fuja. Você fugiu do condomínio. Fugiu da sua irmã. Fugiu dos soldados. Exatamente como está fazendo agora. Fugindo.

Bato meu ombro contra uma árvore. Isso faz meu corpo girar e cair na grama com tudo. Uma dor imensa começa a percorrer meus ossos do braço enquanto milhões de lágrimas caem na grama abaixo de mim. Meu peito arde e eu respiro ofegantemente.

Uma bala acerta a árvore que está exatamente a cinco centímetros de mim. A poeira fina e os pedaços de madeira caem em cima de mim. Isso é o suficiente para me fazer levantar continuar minha fuga.

Estou sozinha. Deixei meus amigos para trás. Eu os deixei porque todos que ficam perto de mim morrem. Todos ao meu redor morrem.

No meio da minha corrida desesperada, bato contra alguém e acabo caindo por cima da pessoa. Assim que percebo que a pessoa abaixo de mim está usando roupas especiais de soldado da LPB, eu congelo.

Prendo o soldado no chão com os joelhos e tiro seu capacete de segurança que esconde seu rosto. Jogo o capacete para longe e começo a sessão de socos em sua face.

Meu punho tem vida própria e um objetivo: quebrar todos os ossos presentes. Parece doentio e psicopata. Talvez eu seja psicopata.

Com um soco, minha mão já fica ensanguentada e seu rosto desfigurado. No segundo, eu sinto algum osso quebrar em três partes. No terceiro, eu percebo o que estou fazendo.

Saio de cima do homem gritando e chorando. Seguro minha mão ensanguentada com a outra. Meu peito dói. Meu coração está despedaçado.

Minhas mãos tremem descontroladamente. Pego a arma do soldado morto e corro para longe, trêmula e fraca. Tiro. Poeira fina e pedaços de madeira coram meu rosto com o impacto da bala contra a árvore em minha frente. Continuo correndo. Com uma arma.

Sou forçada a parar e me ajoelhar entre as folhas mortas e árvores velhas. Me apoio em uma das árvores e respiro fundo. Encho meus pulmões de ar e depois libero tudo que tenho. Repito o procedimento diversas vezes. Vejo a mão que estou me apoiando na árvore sujando ela de sangue.

Sinto os ossos daquele soldado na minha mão. Um calafrio percorre meu corpo, fazendo todos os meus pelos se arrepiarem.

Quando vou começar minha corrida novamente, sou surpreendida por um vulto que corre entre as árvores, aproximando-se de mim cada vez mais. Percebo que é um soldado pela roupa especial e seu capacete escuro. Seguro minha arma com as mãos tremendo e tento mirar nele, mas um disparo sai primeiro que o meu. O soldado desaba no chão e rola até bater contra a raiz de uma árvore.

Vejo uma pessoa correndo em minha direção, do mesmo lugar que o soldado veio. Percebo que não é um soldado e quando ele para na minha frente, eu p reconheço. É Mike.

Ele segura um fuzil e respira ofegantemente.

— Claire! — ele diz. — Você está bem? Foi atingida!

Ele olha para meu braço sujo de sangue e com a manga da blusa rasgada.

— Não foi nada — digo. — Pegou só de raspão.

— A situação está bem feia — ele fala. Percebo que também está trêmulo.

Tiros vindos de longe não cessam por nenhum segundo.

— O que vamos fazer? — pergunto.

Somos surpreendidos por um disparo perto e um pedaço da árvore ao nosso lado se estilhaça. Sinto meu coração pular. O tiro veio de onde eu deixei o soldado morto no chão. Eu e Mike espiamos para ver quem disparou e eu vejo diversos soldados vindo agachados e com armas extremamente fortes.