Capítulo Vinte e Nove

2.4K 323 26
                                    

*desculpa a demora, pessoal. Eu estava trabalhando em uma coisa...*

O que um vírus zumbi faz com as pessoas?

Primeiro, o vírus se espalha por todo o organismo da pessoa infectada e corrompe todas as células presente, assasinado cada uma delas até que a pessoa caia no chão sem vinda alguma.

Em seguida, o processo que envolve a Planta 23 começa. O vírus revive todas as células que matou e faz o cérebro voltar a funcionar, deixando o corpo sem sua alma. Deixando um corpo morto de pé. Um corpo com apenas o cérebro funcionando. É por isso que precisamos atirar na cabeça. Para destruir a única coisa que ainda funciona.

E por fim, o corpo morto-vivo cambaleia em busca do que lhe fortaleça. Ou seja, alimentos. Ou seja, qualquer coisa que seus dentes conseguem arrancar.

Mas o vírus não mexe apenas com quem se infectou com ele. Ele mexe com as pessoas ao redor.

Luiz é um exemplo disso. Ele tem 14 anos e foi forçado a encarar o rosto da mãe pálido enquanto avançava para arrancar um pedaço de sua carne. Ele matou a mãe zumbi.

Que outra escolha tinha? Era matar ou ser devorado. Ele fez a escolha certa, por mais que tenha que conviver o resto de sua vida com isso.

Mas isso mexeu muito com ele. É por isso que ele não tem medo. Luiz não tem medo de morrer porque não tem nada para perder.

No momento que ele me contou que matou sua própria mãe, eu surtei. Eu me assustei. Eu me senti estranha.

Luiz está corrompido. Ele é uma vítima da LPB. Todos nós somos. Mas, Luiz...

Agora eu consigo ver o verdadeiro apocalipse. Não é nada comparado ao que eu via antes.

Voltamos para o parque e eu me despedi dos outros. Estava preocupada de Demi ter acordado e ter ficado preocupada com meu desaparecimento de manhã. Mas quando cheguei na barraca, ela ainda estava dormindo.

As barracas do pátio já estavam distribuindo comida do café da manhã, pessoas estavam começando a acordar e eu percebi que nós não ficamos muito tempo lá fora. Pareceram horas, mas talvez não tenha passado de uma hora e meia ou até mesmo menos que isso.

Depois que tomo banho, vou em direção ao pátio onde as barracas servem o café. Não estou com muita fome, mas ninguém que conheço está acordado e eu não vejo outra coisa para fazer.

No meio do caminho, Anne surge caminhando atrás de mim. Ela corre um pouco para me alcançar e começa a andar do meu lado.

— É verdade que você saiu com os Buscadores e salvou Luiz? — ela pergunta.

Sinto uma sensação nostálgica quando lembro que as notícias do condomínio se espalhavam na mesma rapidez que as daqui parecem se espalhar.

— Sim — respondo.

— Isso é demais! — ela parece entusiasmada. — Não me disse que era boa com arco e flecha! Você poderia me ensinar.

Engulo o seco. Você poderia me ensinar. Ensinei Harry a usar o arco. Me lembro das horas que ficávamos na sala de treinamento. Ele me ensinava a atirar facas e eu o ensinava a atirar flechas. Eu gostava de ter aqueles momentos com ele.

— Claro... — digo, sorrindo para ela.

Ela sorri de volta. Mas eu não ia ensina-la. Eu sei que não vou. Para aprender a atirar com flechas precisa de dias de treinamento. Nós não tínhamos esses dias.

Escolhida || Livro 2 da Trilogia SinistraDonde viven las historias. Descúbrelo ahora