Capítulo Dezoito

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Ele está sorrindo. Uma parede incrivelmente branca está de fundo no vídeo. Max está com o cabelo arrumado, como se quisesse impressionar alguém. Será que ele sempre está com o cabelo arrumado? Ele ainda tem paciência para fazer isso, mesmo sabendo que zumbis não ligam para aparência?

Max realmente não parece ser normal. Uma mente que mata a América do Sul inteira não é normal.

— Espero que esteja se divertindo — ele fala.

— Eu vou te matar — falo com raiva, mas sem aumentar o tom de voz.

Olho ao redor, procurando por onde ele consegue me ver e captar meu áudio. Vejo uma câmera no canto perto da televisão.

— Me matar? — ele ri. — Como pensa que vai fazer isso?

O encaro. Tenho vontade de contar o que estamos fazendo. Tenho vontade de dizer que estamos juntando mais pessoas para invadir a LPB. Mas fico quieta. Se eu disser isso, irei revelar tudo, e todo o plano irá desmoronar.

— O que estão fazendo com minha irmã? — pergunto, ficando cada vez mais irritada.

Sinto uma pontada no coração ao falar a palavra "irmã".

Max faz uma expressão confusa.

— Nada — ele fala. — Não mexemos com sua irmã. Ela está no condomínio e não está em nosso plano usá-la para te capturar.

Meu coração dispara. Bia está no condomínio? Ela está bem? Louis mentiu para mim. Mas por que ele mentiu?

Talvez Max tenha mentido. Mas não faria sentido Max mentir. Se ele quer me capturar, ele usaria minha irmã contra mim.

— Se tentássemos capturar Bia no condomínio, iríamos começar uma guerra — Max continua. — As pessoas do condomínio estão ao seu limite e basta apenas uma faísca para aqueles prédios explodirem em revolta e ódio. Tivemos que reforçar os Maléficos, os fazendo agir como militares em uma ditadura. Se tentássemos encostar o dedo no único membro da família da heroína deles, provavelmente perderíamos o controle do condomínio.

Heroína. Eu ainda sou a heroína deles? Como? Por quê?

Eu fugi. Eu os abandonei. Eu os abandonei enquanto eles arriscavam suas vidas por mim.

Lembranças do enorme protesto contra a minha saída passam pela mente. Junto a elas, vejo Mandy morrer e seu corpo ficar para trás quando corremos para a porta do estacionamento.

Meu coração aperta.

Então, outros pensamentos entram na minha mente. Sobre Louis mentir. Sobre ele falar que minha irmã estava lá embaixo. Ele mentiu.

Sinto a raiva me subir à cabeça. Estou a ponto de explodir.

— Claire, por que você não acaba com isso de uma vez por todas? — ele continua. — Sabemos que você se cura. Sabemos de suas alucinações. Sabemos exatamente o que está acontecendo com você. Por que não para de lutar? Podemos tirar isso de você. Podemos acabar com tudo isso em um piscar de olhos. Quer que seus amigos continuem lutando e morrendo por você? Quer que eles acabem igual Mandy?

Quando Max cita o nome dela, uma pontada de dor atinge fortemente o meu coração. Sinto um pouco de tontura. Mandy. Me lembro de seu corpo caindo no estacionamento. Me lembro de seu corpo caindo no estacionamento. Me lembro da poça de sangue se formando ao redor de seu corpo.

Mandy morreu. Por minha causa.

— Sabemos o que está sentindo agora — ele abre um enorme sorriso no rosto. — Podemos fazer você parar de sentir isso. Essa dor profunda. Esse sentimento de culpa. Nós podemos tirar você disso... Basta você se render.

Escolhida || Livro 2 da Trilogia SinistraWhere stories live. Discover now