Capítulo Vinte e Sete

2.7K 332 38
                                    

Vejo cacos de vidro por várias partes do chão. Há diversos documentos, que um dia já foram importantes, jogados no chão e sujos com marcas de sapatos e sangue. Vejo um corpo praticamente triturado espatifado no chão enquanto moscas sobrevoam acima dele. As janelas estão cobertas por cortinas enormes e que impendem a luz de entrar. É um lugar escuro.

Vejo uma bancada de recepção e cadeiras caídas atrás dela. Não sei exatamente do que esse edifício se trata, mas vejo o nome da empresa que o utilizava estampado na bancada "FoxWorld".

- Temos que subir - fala Mike, indo em direção à porta das escadas.

Todos vamos atrás dele. Sinto uma forte nostalgia ao lembrar de como era no condomínio com os Sinistros. Saíamos atrás de Louis e ele sempre dizia o que íamos fazer. A única coisa que Mike não fez até agora foi nos separar em duplas, me escolher para ir com ele, se tornar um grande amigo meu, me beijar enquanto estou na beira de um prédio e depois me empurrou numa tentativa de me matar.

Espero que essa parte possa nunca existir. Não quero reviver o que vivi com Louis.

Subimos as escadas até o quarto andar. Mesmo se precisássemos subir mais um andar, não íamos conseguir. Há uma pilha de entulhos bloqueando o resto da escada.

Passamos pela porta e entramos em um escritório cheio de mesas e cadeiras - a maioria está de pé. A enorme janela é a única coisa que ilumina a sala.

Vejo a enorme quantidade de sangue no chão e me assusto ao ver três corpos deformados empilhados um em cima do outro. Há bilhões de moscas rodeando a pilha de corpos. Sinto uma vontade forte de vomitar vendo aquilo. Isso é muito desconfortável.

- Os Infernus fazem isso? - pergunto.

- Eles empilham os corpos em alguns lugares para saberem onde encontrar depois quando ficarem com fome de novo. - Mike explica.

Eles economizam carne. Isso me surpreende um pouco. Provavelmente, eles também devem fazer estoque de corpos e até disputarem para conseguir carne. São muito inteligentes. Não estou acostumada com tanta inteligência. Se eu tinha um pouco de dificuldade em matar zumbis, imagina com Infernus.

Continuamos andando. Vamos até o outro lado da sala e passamos por uma porta que nos leva a um enorme corredor. Percebo que mais para frente, há passagens para outros corredores e portas para outras salas. O corredor é bem escuro, mas não é impossível de se enxergar. Percebo mais quatro corpos empilhados em um canto.

Engulo o seco. Tenho um pouco de medo do que vamos enfrentar, ainda mais por estarmos no escuro.

- E agora? - pergunta alguém. - Esse cara devia ficar esperando a gente no segundo andar para ser mais fácil!

- Ele está preso - fala Mike. - Os Infernus estavam no corredor da sala que ele está na última vez que conseguimos contato com ele. Ele está na sala de telemarketing.

Mike começa a andar. Nós o seguimos. Fico pensando em como ele fez contato com o abrigo. Talvez ele tenha encontrado algum rádio ou algo parecido. Como será que ele veio parar aqui?

Provavelmente ele estava fugindo dos Infernus ou de zumbis e acabou entrando nesse prédio, então subiu as escadas correndo com o objetivo de ornaste o último andar, viu os escombros que estavam bloqueando a passagem e seguiu seu caminho até chegar onde ele está agora. Mas será que ele ainda está vivo? Pelo que entendi, eles receberam esse pedido de ajuda ontem de madrugada e só estão vindo agora. As chances desse homem estar vivo agora são quase mínimas.

Escolhida || Livro 2 da Trilogia SinistraWhere stories live. Discover now