Capítulo 2

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Duas semanas tinham se passado desde o incidente no armazém. Nenhuma pista tinha sido encontrada, nenhum suspeito interrogado. Não conseguiram nada, a não ser um nome: Paul Smith, o homem assassinado.

Tudo parecia estar voltando a seguir seu curso monótono e desesperador, até que a polícia de Winchester recebeu uma ligação. Uma mãe inconsolável tinha encontrado seu filho morto na garagem de casa. A cabeça do rapaz sangrava e ele parecia ter sido agredido com uma enxada encontrada ao lado do corpo.

A equipe de Erik seguiu imediatamente para o local, e logo convocaram Charles, Savannah e Logan para se juntarem a eles. Não sabiam exatamente se os assassinatos estavam interligados, mas qualquer ajuda era pouca.


XX


Charles sassaricava para lá e para cá na cena do crime, fotografando a tudo e a todos. Não queria deixar escapar qualquer detalhe que, depois, julgassem importante.

O garoto assassinado tinha dezessete anos. Os cabelos pretos e muito cacheados estavam jogados no chão e perdidos em meio à quantidade de sangue a sua volta. O lado esquerdo da cabeça estava com um corte profundo, provavelmente causado pela enxada — Charles estudaria mais tarde — e havia outro detalhe interessante sobre aquela cena toda. A calça do menino estava abaixada e parte da sua genitália tinha sido arrancada.

— Ouch. — Charles disse para Savannah, enquanto fotografava a cena. — Espero que isso tenha sido depois da morte.

— Que situação horrível. — a mulher disse ao se ajoelhar ao lado do cadáver. — Quem teria feito uma coisa dessas?

E então eles ouviram um barulho vindo de um dos armários da garagem. Quase como se alguém estivesse preso lá dentro e lutasse para sair.

Os olhos claros e estarrecidos de Erik logo se viraram para Logan.

— Strauss. — ele falou e apontou com a cabeça na direção do barulho, como se sugerisse que Logan o acompanhasse até lá.

O detetive da Scotland Yard suspirou e, tirando a arma do coldre da calça, seguiu Erik até próximo do ruído.

— Abra quando eu contar até três. — Christiansen disse, e Logan não estava com vontade de discutir. Sempre soube que Erik era o filhinho de papai que nunca colocava a mão na massa. Nunca fazia o trabalho sujo. Isso era um porre. — Um. Dois... Três!

No três, Logan abriu as portas do armário para que ele, Erik e toda a equipe pudessem vislumbrar o que havia lá dentro. E a visão não foi mais desagradável do que fantasmagórica.

Tudo aconteceu em questão de segundos. Em um momento, as portas do armário estavam cerradas. Em outro, eles se deparavam com uma menina negra e em pé que, no instante seguinte, já estava totalmente derramada em cima de Erik. Seus olhos estavam fixos e a blusa branca manchada de sangue e terra.

Ah. Ela estava morta.

Christiansen, com os olhos arregalados e o coração a todo vapor, empurrou a garota para o lado — que se estatelou no chão — e se virou para enfiar um soco de nervosismo no ombro de Strauss.

— Filho da puta. — Logan resmungou, massageando o ombro atingido.

— Quem é ela? — Erik gritou. Sua voz vacilava e seu corpo tremia de medo e aflição. — Quem é ela, Strauss? Quem é essa menina, porra!

Logan rolou os olhos de impaciência.

— Christiansen, caso você não tenha percebido, nós estamos investigando o mesmo caso. Chegamos aqui ao mesmo tempo e nós dois estamos a par das mesmas informações. — sua voz continha seu sarcasmo típico que, aos olhos de todas as mulheres do ambiente, conseguia ser extremamente sexy. — Se você não sabe quem é essa garota, eu também não tenho a menor noção.

Caçadora de CorposOnde as histórias ganham vida. Descobre agora