Capítulo 22 parte II

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Dias depois, Lindell conseguiu entrar em contato com o espírito de Ramon Rivera. Ele contou que havia sido assassinado por Anderson Clark, seu colega de cena, e – sabendo disso – Strauss acabou convencendo a polícia de Winchester a refazer o interrogatório dos atores.

Quando Clark estava na sala de perguntas, pronto para ser interrogado, foram Logan e Siberia que entraram no aposento. O policial tentou, inicialmente, abordá-lo com questões rotineiras que faziam parte do protocolo... Mas Lindell não estava nem aí.

O fantasma de Rivera estava lá, furioso por ter sido esfaqueado no camarim, e a garota também estava determinada a não dar mole.

Fez perguntas diretas, mencionou fatos que só o assassino e Ramon sabiam e, quando Clark estava assustado o bastante, ela colocou a cerejinha no bolo:

- "Pensei que você fosse meu amigo". – falou inocente e a saliva do réu secou. – Foram as últimas palavras de Rivera, não é mesmo? E deixa eu te afirmar, colega, que ele está vindo atrás de você. Está vindo para te fazer em picadinhos. – Apoiou as duas mãos na mesa e se inclinou para frente. – A sua única chance de se livrar disso é confessando o crime.

E foi mais fácil do que pensavam. Suando como um porco diante do abate, Clark confessou o assassinato em alto e bom tom.

Em vez de prendê-lo, no entanto, os policiais de Winchester tiveram uma ideia melhor. Usariam o meliante como isca.


XX


O ensaio final da peça tinha sido adiado e aconteceria dali a alguns dias. A equipe chegaria mais cedo ao teatro, para instalar câmeras escondidas, e esperava, daquela forma, capturar alguma movimentação suspeita.

O apartamento de Clark estava sendo dioturnamente supervisionado, e não havia qualquer chance de o serial killer chegar até ele sem que a polícia pudesse impedir.

Era o plano perfeito.


XX


- Você quer prestar atenção no serviço e parar de divagar? – perguntou Strauss para Lindell. Ele estava em cima do palco, depois de ajudar os companheiros a instalar câmeras no teatro. Os outros oficiais perambulavam de um lado para o outro, fazendo medições, estudando possibilidades e mantendo um olhar cuidadoso sobre Clark.

Eram sete da noite e, dali a duas horas, o ensaio final começaria. Os responsáveis pela parte tecnológica estavam se preparando para deixar tudo pronto para quando o momento chegasse. Às nove, todas as câmeras estariam ligadas, registrado cada cantinho do palco, dos bastidores e da audiência.

Siberia estava encostada na sacada do cenário. Observava todos os companheiros por cima e suspirava com o queixo apoiado na mão.

Assim que ouviu o resmungo mal-humorado do detetive, ela abriu um sorriso.

- Strauss, Strauss. Por que és tu, Strauss? Renega teu pai... Risca teu nome, e em troca dele, que não é parte alguma de ti mesmo, fica comigo inteira.

Ele olhou para trás, certificando-se de que ninguém prestava atenção, e se voltou para a mocinha.

- Para alguém que não gosta de romance, você parece bastante familiarizada com Romeu e Julieta.

- Não resisto a uma boa narrativa. – ela respondeu e deu de ombros.

- Ótimo, tanto faz. Agora desça para conferir as câmeras nos bastidores.

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