Capítulo 3

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Logan colocou as malas no chão, assim que observou o senhorzinho corcunda, responsável pela pousada, parar na frente da porta 72. Aquele seria seu quarto durante o tempo necessário para achar Viviette e, assim que viu o aposento, chegou a conclusão de que deveria encontrá-la logo.

O quarto era pequeniníssimo, empoeirado, o colchão era fino e o banheiro parecia não ver uma faxina havia um bom tempo. O delegado poderia tê-lo colocado em um hotel melhor, mas era óbvio que não o faria. Doakes repudiava aquela história toda, achava ridículo que seu melhor detetive estivesse recorrendo ao sobrenatural e, para puni-lo por sua ingenuidade, tinha enviado Strauss para aquela espelunca. Bacana.

Assim que o senhor responsável pela pousada o deixou sozinho, Logan fechou a porta, tirou os sapatos e se deitou na cama. Olhou para as vigas de madeira que cruzavam o teto e se perguntou se ratos passavam por ali. Ele esperava que não.

Então, para se distrair um pouco da raiva do delegado e da sua situação miserável, voltou seus pensamentos para os olhos de Savannah, quando ele disse que iria atrás da médium. Logan agradeceu a Deus que aquele era o horário de almoço dos policiais de Winchester e que ninguém entraria na sala de reuniões, porque a mulher demonstrou sua gratidão de todas as formas possíveis. Contra a porta, em cima da mesa, no chão.

Logan tinha adentrado Savannah de tantas maneiras diferentes que se perguntava como tiveram forças para trabalhar o resto do dia.

Strauss deu um sorriso de lado. Ele era mesmo um devasso. Um sem vergonha que se aproveitava do seu corpo e rostinho bonito para conquistar as moças. Mas isso não era pecado, era? Aliás, era sim.

Ele respirou fundo e então se lembrou de Erik. Disse a ele e a Charles que precisava resolver alguns assuntos urgentes para Doakes, mas que já, já estaria de volta. Os dois - e os outros policiais de Winchester - pensavam que ele estaria em Londres imerso em uma pilha de documentos confidenciais. Grande engano o deles, era o que Logan pensava. O lugar onde estava era muito diferente de Londres.

Rye era uma pequena cidade no condado de East Sussex. Quase uma vila. Trinta e cinco mil habitantes, casinhas de pedra ou madeira bem coladas umas nas outras e com o telhado acentuadamente inclinado. Era uma cidade antiga, medieval, que ficava somente a duas milhas do mar.

Logan tinha apenas um nome e um endereço. Esperava que aquilo bastasse.

À noite, depois de adormecer sobre o duro colchão da Pousada Beija-Flor, o detetive acordou com fome. Sabia que não teria refeições na pousada, então pediu para o senhor Norton - o funcionário do estabelecimento - que lhe indicasse um restaurante bom e próximo.

Ele disse que o Pipes costumava servir umas refeições deliciosas, então foi para lá mesmo que Logan se dirigiu. Abraçado com seu enorme casaco preto, tentando se proteger do frio, Strauss caminhou pelas ruas praticamente desertas do Rye até o restaurante.

O local era pequeno, quentinho e aconchegante. Naquela hora da noite - deveria ser mais ou menos sete -, o restaurante já estava quase cheio e Logan deu sorte de encontrar uma mesa vazia próxima a porta. Sentou-se, estralou os dedos duros de frio e começou a analisar o cardápio.

- Posso ajudar? - uma voz feminina, constante e melodiosa, preencheu seus ouvidos. O detetive se viu convidado a levantar o olhar e, assim que o fez, seu coração saltou.

A garota a sua frente não era a mais bonita que já tinha visto, com certeza não. Suas curvas nem sequer eram tão fartas quanto as de Savannah, mas algo sobre ela... Algo em seus cabelos que caíam como cachos sobre os ombros, na tonalidade da sua pele e em seus olhos fazia com que todos os pelos do corpo de Logan se arrepiassem.

Caçadora de CorposWhere stories live. Discover now