Capítulo 21 Parte I

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Logan ficou em silêncio. Seus braços ainda mantinham Siberia trancada junto a ele, e a mocinha pode sentir seus músculos se enrijecendo por baixo da camisa.

Esperou alguns segundos para que ele desse uma resposta, mas tudo o que ouvia era o barulho do seu coração. Os batimentos cardíacos que cada vez ficavam mais rápidos e mais rápidos.

TU-DUM

TU-DUM

TU-DUM

Quando achou que o rapaz iria deixá-la no vácuo e dar as costas, Strauss respondeu:

- Eu vou te contar. – sua voz era distante e comedida. – Mas coloque o pijama primeiro. Não vou conseguir me concentrar com você assim.

Ela piscou os olhos, absorvendo as palavras do policial. No momento seguinte, já estava consentindo e se afastando para escolher uma camisola. Pegou uma cor-de-rosa folgada, dos Smurfs, e colocou no corpinho, tampando a lingerie branca.

- Espere aqui. Eu já volto. – disse Strauss, caminhando para fora do quarto.

Lindell mordeu o lábio e andou até a cama. Os cobertores eram de um tom fino de areia e quando ela se sentou, já familiarizada com a maciez do colchão, percebeu que se sentia em casa. Esperou alguns minutos, olhando para o vazio, e pensou que Logan a tivesse feito de boba. Ela estava lá, toda dócil e sincera, fazendo a pergunta que sempre quis, e ele tinha fugido para bem longe.

Esse raciocínio foi quebrado quando ele voltou a adentrar o quarto, com uma caixinha de sapatos nas mãos. Lindell juntou as sobrancelhas, confusa, e ele se sentou ao seu lado para abrir a caixa e mostrar o conteúdo.

Eram vários papeis antigos, objetos que pareciam relíquias dos primeiros anos de Logan e fotografias amareladas. A garota se curvou ainda mais para olhar. Viu uma foto do detetive pequeno, ao lado de um casal mais velho.

A mulher usava um vestido simplório. Seus traços eram afáveis e ela envolvia o menino em um abraço carinhoso e protetor. Já o homem, tocava sorridente o ombro de Strauss e vestia luvas de jardinagem. Seus olhos eram marcantes e tinham um ar de sabedoria. Aquele que Siberia já tinha visto tantas vezes no rosto do seu policial.

Seriam aqueles seus pais?

Antes que ela pudesse perguntar, ele retirou outra foto do fundo da caixa. Uma das margens estava rasgada e um ponto escuro estava logo em cima da figura, como se tivessem derrubado uma gota de café.

Lindell estreitou as pálpebras, para enxergar melhor, e encontrou três pessoas. A primeira – e que ela reconheceria à distância – era Logan. Ele devia ter uns quinze anos e seu corpo lembrava vagamente o sex-appeal sarado que ele havia se tornado. Os cabelos já eram atrapalhados e os olhos calorosos e intensos.

Uau. Ele era um gatinho. Siberia apostava que Strauss era o motivo de suspiro de muitas meninas do Ensino Médio.

O terror das calcinhas de Hello Kitty.

O motivo da primeira masturbação.

O nome que elas escreviam na última página do caderno.

Lindell sorriu ao observá-lo, e então deixou que o olhar escorregasse para a menina que estava ao seu lado. Magra, pálida e dos cabelos dourados. Ela até que era bem bonita, e a forma como se inclinava na direção do pequeno Logan demonstrava que eles tinham certa intimidade.

Uh-oh. Seria ela uma ex-namoradinha? Era o que parecia. Siberia aproximou ainda mais a foto do rosto para analisar a loira e, se fosse sincera consigo mesma, admitiria que tinha sentido até certa inveja.

Caçadora de CorposOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz