Capítulo 29

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[AVISO DE GATILHO: o próximo capítulo contém cenas explícitas de violência e insinuação de violência sexual]


ELA

Rye, dia 86


— Estava lá. — Jimmy disse, balançando a cabeça. Seus olhos estavam empapados de lágrimas e, nas mãos, o rapaz segurava uma caneca de chocolate quente. Siberia, sentada do outro lado do balcão, apenas o observava durante o relato. — Um cadáver estava lá. Conversando comigo como se estivesse vivo. E eu sentia que havia algo de errado naquela tarde... Eu sentia! Era como se o clima na redação estivesse mais pesado, como se a energia estivesse pior. Devia ter ido embora quando tive a chance. —Choramingou. — Os policiais sabem? Sabem que tem um... Bruxo controlando os mortos?

Lindell piscou algumas vezes.

Estendeu a mão, pegando um marshmallow da sacola que comprara, e enfiou o doce na boca. Olhou para Doyle sem dizer nada, parecendo menor em seu roupão e pantufas, quando ele suspirou.

— Claro que sabem. — deduziu. — E você também sempre soube. É por isso que eles te procuraram? Porque você, obviamente, não é da Metropolitana de Londres. — Ergueu as mãos e as girou, apontando para a casa de Sibs. O apartamento era pequeno, simples e bem longe da capital inglesa. — No que você podia ajuda-los, Siberia? Por que eles te escolheram? Você também é uma...

A garota soprou o próprio chocolate quente.

Bruxa? — viu graça na palavra. — Não acho que me admitiriam em Hogwarts...

— Eu falo sério. — ele rolou os olhos. — Por que você? O que você tinha que interessou a Scotland Yard? Você é especialista em feitiços, em cadáveres ou sei lá? — Analisou-a pegar mais um marshmallow e pôr da boca. Lindell mastigou vagarosamente, com as bochechas cheias como se fosse um hamster. Os olhos dela estavam espertos, prudentes, e Doyle se lembrou do orfanato. — As vozes. — Ofegou. — As vozes que você escutava. Não eram só vozes, eram? Droga. Droga, Sibs. Eram... Vozes do além? Fantasmas? Você conversava com gente morta? — Siberia engoliu o doce, ainda admirando o rapaz com atenção. — Por que demorou tanto para me contar?

— Jimmy...

— É verdade? É isso?

Lindell abriu um sorriso triste, lembrando-se da sua infância.

— Fantasmas são só amigos imaginários.

— Não são. — retrucou ele. — Dois defuntos me ameaçaram no meu escritório, não há mais nada em que eu não acredite. Por favor, Siberia. Você pode confiar em mim. Você conversou com os mortos esse tempo todo?

A mocinha suspirou.

Esperou que uma brisa adentrasse o apartamento, balançando as cortinas da varanda, antes de dizer:

— Você me acha louca.

— Não acho.

— Todo mundo no orfanato Penvensey achava. Não é vergonha admitir que você também. — sorriu. — Sério, eu tô legal com isso. Você aceita mais chocolate quente?

Levantou-se, pegando a caneca de Doyle e caminhando até o fogão.

— Não mude de assunto.

— E acho que você é o primeiro a se encontrar com o necromante sem sair morto ou gravemente ferido. — Lindell pegou um bule e virou-o sobre o copo do rapaz, derramando mais do chocolate. — Obviamente, ele quer que você faça alguma coisa. Além de vir aqui, é claro.

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⏰ Last updated: Oct 27, 2019 ⏰

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Caçadora de CorposWhere stories live. Discover now