Capítulo 15

5.4K 386 167
                                    


- A polícia tem tentado encobrir minha existência, mas cansei de me esconder nas sombras. Está na hora de o mundo saber quem sou eu e o que eu faço por vocês. – Lance Galloway reproduziu fracamente, como se lesse direto de um teleprompter. – Eu sou aquele que tem o poder sobre a vida e a morte. Eu decido quem vive e quem morre e garanto a vocês, cidadãos de Winchester: quem com ferro ferir, com ferro será ferido. – Nisso, o vice-prefeito fechou os olhos e se entregou às lágrimas. Chorou e gemeu por vários segundos, na frente da tela, antes de reerguer a cabeça para continuar. – A-as-assasinos, a punição que estão prester a receber é divina. A vingança que vão sofrer não virá em forma de algemas da lei, mas na forma da vida que tiraram. E-esse homem que escolhi como transmissor, Lance Galloway, é... – Ele respirou fundo, já com os olhos vermelhos e derretidos. – É-é c-culpado pela morte da secretária e deverá pagar por seu sangue. Não! Não, por favor. Não!

O vice-prefeito começou a suplicar. Sua voz era um misto de choro, berro e engasgo. No limiar do desespero, ele jogou a poltrona para trás e tentou fugir, mas um barulho oco rasgou na tela. A bala de revólver atingiu seu crânio abrindo uma cratera na testa, e o homem caiu morto e ensanguentado antes que qualquer um pudesse dar um pio.

A transmissão, em um estalo, voltou ao normal. O estádio estava cheio e iluminado. Tinha sido gol do Manchester United.

Todos do restaurante estavam olhando tensos e silenciosos para o aparelho de TV. As mandíbulas estavam cerradas e parecia que ninguém se manifestaria tão cedo, até que Siberia, puxando a manga da camisa do detetive, disse:

- Você está muito, muito fodido.

- Passa a ligação pro Erik. – Logan falou ao telefone, ultrapassando rapidamente alguns carros na via e recebendo várias buzinas. Sua direção estava irracionalmente veloz e desesperada. – Não interessa com quem ele está falando. PASSA A LIGAÇÃO PRO ERIK, PORRA!


Lindell observou as luzes da rua passarem rapidamente, depois abaixou seus olhos. Suas mãos estavam no colo e ela se sentia um lixo. Como seria agora que o país inteiro estava sabendo?

Se os canas de Winchester estavam escondendo os assassinatos, ela acreditava, era porque tinham um bom motivo. Queriam se livrar do sensacionalismo midiático e, principalmente, da reação que o justiceiro causaria nas pessoas.

O que seria deles agora? O que seria da investigação?

- Erik. Como estamos? – Logan perguntou, desrespeitando um sinal vermelho. Ouviu a resposta do outro lado da linha e endureceu ainda mais sua feição. Siberia apostava que, se ele encontrasse o serial killer naquele momento, seria capaz de arrancar seu pescoço com os dentes. – Merda. Merda. Eu estou chegando. Não façam nada enquanto eu ainda não estiver aí.

Desligou o telefone, rosnou e continuou focado no percurso. Os nódulos dos dedos estavam brancos, de tão apertados contra o volante, e ele explodiria de ódio a qualquer instante.

Lindell pigarreou, encolhida, e disse:

- Em uma escala de zero a dez. O quão desesperadora está a situação?

- Você precisa mesmo perguntar?

E ela entendeu.


Subiram os andares da sede até o décimo segundo. O que encontraram, quando as portas do elevador se abriram, foi um estado de calamidade.

Todas as luzes estavam acesas, os funcionários estavam correndo para cá e para lá enquanto vários telefones tocavam de uma vez. O burburinho de vozes estava mesclado com o de teclas do computador, apitos do fax e papel sendo impresso na velocidade da luz.

Caçadora de CorposWhere stories live. Discover now