Capítulo 28

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ELE

Winchester, dia 72


Fazia duas semanas que Dupin estava ajudando os policiais, e eles já haviam chegado à resposta de três assassinatos não resolvidos... O que era ótimo. O serial killer era um justiceiro que castigava assassinos que permaneciam soltos. Se eles estivessem atrás das grades, o necromante não poderia mais alcançá-los.

Strauss tinha convicção de que, a partir do momento em que os policiais resolviam a pendência dos fantasmas, o serial killer não conseguia mais controlar seus cadáveres. Fazia perfeito sentido. Os espíritos buscavam justiça e, quando encontravam, iam para o além e seus corpos podiam descansar em paz.

Por isso Siberia era tão útil.

Era...

Agora, Dupin assumira o lugar da mocinha. Conversava com os policiais e dava as dicas necessárias para que eles encerrassem os casos. Comunicava-se quase todas as noites com Charlie, trazendo notícias do "mundo dos mortos", e direcionava os detetives para que fossem atrás de suspeitos.

Uma coisa deixava Logan encabulado, no entanto.

Por que, de todos os agentes, Dupin decidira entrar em contato justo com Charlie? Por que não com o próprio Strauss? Por que não?

O detetive suspirou, pensativo, e virou seu shot de Johnnie Walker. Estava no Goblin's, um bar que imitava uma taverna medieval, e todos os seus colegas de equipe se sentavam em uma longa mesa de madeira. Era aniversário de Owen Jenkins, um dos legistas, e a equipe aproveitava para também comemorar suas vitórias sobre o necromante.

Um enorme leitão era o prato principal e, de tira gosto, vários cachos de uva, pêssegos e coxas de frango.

Da varanda da taverna, Logan observava os colegas. Percebia que alguns deles acreditavam mesmo que estavam na idade média: comiam com as mãos, mastigavam de boca aberta e limpavam a gordura do frango com a manga da camisa. Todos falavam mais alto do que o normal, riam das palhaçadas do bobo da corte – sério, havia um bobo da corte – e bebiam inúmeras canecas de cerveja.

Savannah, sentada na cabeceira, abraçava Jenkins pelo pescoço. Strauss sorriu ao pensar que desde o seu aniversário na boate – quando sugeriu que a ruiva fosse falar com o legista – os dois estavam juntos. Savie estava feliz e merecia. Ela e Owen formavam um belo casal: enquanto a mulher tinha os cabelos de fogo, seios fartos e olhos espertos, Jenkins parecia uma versão menos Hollywoodiana do George Clooney. Eram perfeitos um para o outro.

Strauss pegou uma caneca de cerveja, que um dos garçons lhe ofereceu, e olhou para cima. Estava recostado no balaúste da varanda e admirava as estrelas. Os ventos batiam frios, era noite de lua cheia e ele se perguntava se ela também estaria olhando para o céu.

Ela. Sonhara tanto com ela nos últimos dias. Sonhara com seus olhos, seus beijos, seus toques... As poucas horas que ficava em casa eram dedicadas a pensar em Siberia. Nela e no quanto ele sentia sua falta.

Sabia que a menina nunca corresponderia seus sentimentos, contudo. Agora mesmo, Sibs poderia estar nos braços de outro homem: beijando, abraçando, se entregando... De qual apelido será que ela o chamaria? "Meu médico"? "Meu engenheiro"? "Meu professor"? Só de imaginar, o coração de Logan diminuía e seu estômago se enchia de náuseas. Saco.

Tomou um gole da bebida, voltando o olhar para seus colegas, quando percebeu Charlie ao seu lado. O perito estava com as duas mãos no joelho e balançava a bunda para frente e para trás, em um rebolado estranho.

Caçadora de CorposDär berättelser lever. Upptäck nu