Capítulo 25

3.5K 285 298
                                    


Logan fechou a porta de casa por trás de si e se escorou no batente. Já deviam ser onze horas da manhã quando ele decidiu voltar. Quando seu choro finalmente cessou e os pensamentos se acalmaram.

Caminhou sem destino durante horas. Alternou passos com corrida, soluços com rugidos de ódio. Tinha até passado vários minutos sentado no banco do parque, olhando para o nada e sentindo as lágrimas rolarem.

"- Eu não vou te deixar. – falou convicto. – Eu estou aqui e sempre estarei.

- Promete?

- Prometo. Eu sempre vou estar ao seu lado, Siberia Lindell."

"- Meu detetive...

- Sim. – ele sussurrou, continuando a beijá-la. – Seu. Sempre seu."

"- Eu te amo. Eu estou apaixonado por você.

(...)

- Pode tomar seu amor de volta, Strauss. Eu não quero."

Não ser amado doía.

O rapaz estava obcecado por Siberia desde a viagem ao Rye. Desde que pousou seus olhos na mocinha, ele nunca mais conseguiu tirá-la da cabeça.

Tinham passado por muitas aventuras, brincadeiras e intimidades. Logan sentia como se a conhecesse melhor do que ninguém, e que amá-la fosse exatamente o que ela queria. Sibs tinha medo de ser esquecida, odiava o mundo porque acreditava que ninguém notava a sua presença ou sentiria a sua falta.

E agora ele havia garantido que sentiria. Que era apaixonado por ela o bastante para prestar atenção em cada um dos seus passos.

Lindell era a menina dos seus olhos. O motivo diário dos seus sorrisos. Sem que percebesse, Strauss já tinha fantasiado mil situações com sua pequena. Mil dias ao lado dela.

Era como um tiro descobrir que esses planos nunca aconteceriam. Tudo o que ele imaginou... Todas as esperanças foram em vão. Ela não o considerava. Nunca consideraria.

Bem que Doyle tinha avisado o tempo todo. Bem que a senhora Hall, diretora do orfanato, tinha alertado desde o início.

Com os músculos fracos e o ombro distendido, o detetive se arrastou até a cozinha. Precisava de um copo d'água antes que subisse para tomar banho.

Assim que pôs seus pés no aposento, para sua surpresa, seus olhos se encontraram com Lindell.

A menina estava com a cintura apoiada na bancada. Segurava uma caneca de chocolate quente e, quando percebeu que não estava sozinha, ergueu o rosto em sua direção. A expressão de Sibs estava cansada, tristonha.

- Oi. – ela disse, e Logan aquieceu em cumprimento. O coração do policial batia murcho, e ele se forçou a continuar a conversa:

- Onde está o Charles?

- No andar de cima. Ele dormiu em um colchão ao lado do meu, para se certificar de que eu não tentaria suicídio durante a noite... – ela balançou a caneca e deu um gole. – A intenção foi boa... Já a prática, nem tanto. Estou acordada há horas e ele nem percebeu. Se eu quisesse, já teria cortado os pulsos e ele não teria nem visto...

Strauss pegou um copo de dentro do armário. Cada palavra da garota era como um golpe. Ele ouvia aquela voz deliciosa e tinha que se contentar com a distância e o desprezo eterno.

- E por que não cortou? – falou baixinho.

- Hm?

- Você estava sozinha. O que te impediu?

Caçadora de CorposOnde as histórias ganham vida. Descobre agora