Capítulo 7

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"O que é capaz de enlouquecer o maior dos sábios e escravizar o mais poderoso dos reis?"

A resposta dessa charada era o que Viviette queria dele. Logan já tinha pensado em algumas respostas, claro, mas nenhuma parecia fazer sentido. Para ele era ilógico que qualquer coisa que não fosse material chamasse a atenção da Madame.

Ela já disse que não queria dinheiro, e essa era uma das respostas que o detetive tinha dado para o enigma. Isso estava deixando o rapaz mais transtornado do que ele já estava, então, para evitar que seus pensamentos ficassem se remoendo a noite inteira, ele resolveu dormir.

Deitou a cabeça no travesseiro, fechou os olhos e tentou tirar sua mente de Madame Viviette... Ou da garçonete. Aliás, talvez pudesse pensar em Siberia.

The Pumpkin Party. Festa das Abóboras. Ela tinha dito que essa festa aconteceria no domingo, certo? Na noite antes de ele ir embora, provavelmente. Ele só teria a oportunidade de beijar Lindell poucas horas antes de partir, então aproveitaria ao máximo cada segundo.

Como estaria o encontro da menina com o outro rapaz? Será que ela estava deixando que ele a tocasse? Será que ela o estava beijando? O maxilar do policial se enrijecia só de pensar em outro homem colocando suas mãos na garçonete, e esse sentimento que o invadia era completamente errado. Ele nem sequer gostava de Siberia, ele nunca mais veria a moça depois que partisse para Winchester e ela mesma já havia dito que não pertencia a ninguém.

Mas ele não conseguia parar de sentir um pouco de raiva. De sentir inveja de todos os seres humanos que já tiveram o seu afeto.

Rolou para o outro lado da cama, decidindo que não queria pensar em mais nada, e ouviu um leve barulho vindo do andar de baixo. Logan resolveu ignorar, porém o som apareceu mais uma vez. Era um som ao mesmo tempo fino e rouco, quase como se alguém estivesse escrevendo em um quadro de giz... Ou arranhando o assoalho.

O detetive abriu os olhos e reuniu as sobrancelhas na testa, resolvendo prestar mais atenção no ruído. Já deveria ser aproximadamente duas horas da manhã e seu aposento estava completamente escuro.

O barulho de unhas se arrastando contra o piso persistiu... E o som estava alto e nítido como se a pessoa ou criatura estivesse logo abaixo da sua cama.

A espinha de Logan gelou quando chegou a essa conclusão. Havia alguém, embaixo da sua cama, que estava arrastando insistentemente as unhas nas tábuas de madeira.

Mas isso não era possível, era? Não havia ninguém no seu quarto quando ele chegou do Pipes e ninguém, fora ele, tinha entrado depois. Isso era loucura, invenção da sua cabeça.

O rapaz tentou, mais uma vez, ignorar, mas era impossível. Os barulhos eram insistentes e estavam próximos demais.

Strauss se curvou para alcançar o criado-mudo. Abriu a primeira gaveta e tirou de lá sua arma calibre 38. Não sabia quem ou o que era, mas se fosse uma ameaça a sua vida, ele estaria pronto para lutar.

Aliás, que besteira. Provavelmente era só um gato que tinha entrado pela janela... Mas os barulhos eram altos e graves demais para serem causados pelas unhas de um inocente gatinho.

O homem respirou fundo e, reunindo sua coragem e ceticismo, abaixou de uma vez para mirar embaixo da sua cama... Mas não havia nada. Suas pupilas, já acostumadas com a escuridão, não encontraram nada senão um imenso vazio e o silêncio. Os barulhos arrastados acabaram assim que Logan verificou o piso, e ele suspirou aliviado, erguendo o tronco para voltar a se sentar no colchão.

Caçadora de CorposOnde as histórias ganham vida. Descobre agora