Capítulo 5

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O endereço levava para um enorme prédio assustador e em ruínas. Por que será que Logan era incapaz de se surpreender? Ah, talvez porque, nas últimas semanas, a vida estivesse resolvendo lhe pregar peças e lhe fazer passar pelas experiências mais tenebrosas.

Talvez o destino estivesse tentando provar alguma coisa. Que o detetive não era tão corajoso quanto pensava? Que o sobrenatural existia? Talvez.

Ficara muito surpreso, na noite anterior, ao ver o envelope de Vivette em cima da sua escrivaninha. Será que ela mesma tinha pedido para entregar? Como ela ficara sabendo que ele estava a sua procura? Era possível que a florista ou o médico estivesse mentindo. Que um dos dois – ou os dois, sabe-se-lá – tivesse o contato da Madame e a tivesse alertado. Era nisso o que ele acreditava.

Fosse como fosse, lá estava Strauss, estacionado de frente para a construção assustadora. Faltava apenas cinco minutos para as 4:15, então ele resolveu se apressar e sair do veículo. Madame Viviette disse que não queria que ele se atrasasse.

Entrou no edifício e foi logo surpreendido por alguns morcegos que voaram em sua direção. Abaixou a cabeça para não ser atingido e depois se certificou de que a arma estivesse bem posicionada no coldre.

Entulhos e poeira cobriam o chão do prédio. A luz entrava amarelada e cálida pelas janelas escancaradas, deixando aquela cena com um ar de antiguidade e abandono.

Logan subiu as escadas do prédio, de dois em dois degraus, até o primeiro andar. Existiam quatro portas naquele piso, e ele vasculhou todas elas para encontrar todos os ambientes completamente vazios. Respirou fundo e, novamente, voltou-se para a escada, pulando os degraus de dois em dois.

O segundo andar parecia mais frio, mais escuro, e todos os seus pelos se arrepiaram instantaneamente ao chegar ali. Seu coração disparou como se ele estivesse em estado de alerta e, mais uma vez, ele sentiu um comichão na nuca, como se alguém o observasse.

Olhou para trás para encontrar o nada. Deu um resmungo indignado e caminhou em direção às quatro portas do segundo piso. Mas não era necessário olhar em todas elas... Na frente da última porta à direita, havia encostada uma boneca de porcelana quebrada e assustadora e, automaticamente, Logan soube para onde tinha que ir.

As dobradiças se abriram em um fino rechinar, e ele colocou a cabeça para dentro. No apartamento abandonado havia uma mesa de madeira com uma única cadeira. Ambas viradas na direção da enorme cortina roxa que dividia o ambiente.

Ele abriu um sorriso gelado.

- Boa tarde, Madame Viviette. – falou.

- Senhor Strauss. – uma voz feminina respondeu de trás da cortina. Uma voz séria e madura, que com certeza pertencia a uma senhora de cinquenta anos. – Bem a tempo. Por favor, sente-se. – Ele obedeceu, intrigado com aquela situação. – Soube que estava me procurando, meu detetive.

O rapaz se sentiu incomodado com pronome possessivo: "meu detetive". Certo.

- Eu preciso da sua ajuda. – falou de uma vez, sem parar para refletir. Se parasse, veria como aquilo tudo era loucura e sairia de perto da médium rapidinho.

Sempre resolvera seus casos com auxílio da lógica e da racionalidade. Os assassinatos de Winchester não seriam diferentes. Só porque havia um psicopata justiceiro que desvendava mortes enigmáticas, não significava que o policial precisaria de ajuda paranormal para impedí-lo.

- Claro. – a mulher falou como se estivesse rolando os olhos. – Confesso que nunca fui procurada pela Metropolitana de Londres. – Em sua voz existia certo respeito que fez com que Logan enchesse o peito de orgulho. A honra da sua vida era ter uma carreira de sucesso na Scotland Yard.

Caçadora de CorposWhere stories live. Discover now