Capitulo 6

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Ian narrando

Saímos da boate com certa dificuldade de passar entre tantas pessoas, quando chegamos lá fora, mais afastado da multidão que se acumulava na entrada, Cherry puxou minha mão me fazendo parar e me virar pra ela.
Cherry: Onde está indo ?
Ian: Até meu carro -disse a olhando e apontando pro rumo do meu carro-
A mesma arregalou os olhos e soltou a minha mão, ainda me olhando ela abriu a boca pra dizer algo mas eu a interrompi.
Ian: Não Cherry. Eu não vou fazer nada com você. Só quero te levar pra casa, pra sua. Ou tem outros planos ? -perguntei arqueando uma sobrancelha sem tirar os olhos dela-
Cherry estava quase que como um tomate.
Cherry: Não tenho outros planos. É que eu vim passar o final de semana e o feriado aqui com uma amiga e deixei a chave com ela. -disse apontando para dentro da boate- Nem com celular eu to.
Ian: Você tem o costume de sair sem o celular mesmo ou...? - ela me interrompeu-
Cherry: Não. É que eu estava com a cabeça longe imaginando que eu nunca mais veria o colar que estava com você.
Ian: Parece mesmo importante -me referi ao colar-
Cherry: E é. -disse mais baixo- Olha, obrigada por sair de lá comigo e desculpa por ter que te fazer sair de lá. Mas agora já ta tudo bem, eu vou procurar um táxi e ir pra casa esperar Laysla na varanda.
Ian: De jeito nenhum. Você sabe o número dessa sua amiga de cor ? - ela concordou com a cabeça e eu peguei meu celular no bolso da calça e estendi pra ela-
De inicio ela recusou mas eu fiz com que ela ligasse logo pra essa tal de Laysla e falasse que estava comigo, e que íamos dar uma volta. Ela ainda disse que depois explicaria o motivo de sair da boate e se despediu com muito custo devido o barulho.
Cherry: Obrigada -estendeu o celular pra mim que o peguei e guardei novamente, peguei de novo na mão de Cherry e sai a puxando até meu carro-
Onde nós vamos ? -ouvi ela me perguntar mas não parei de andar nem olhei pra trás pra responde-la-
Vamos dar uma volta.
Só paramos de andar quando chegamos no meu carro, eu abri a porta pra ela esperando que a mesma entrasse e fechei a porta logo em seguida, rodeei o carro e entrei no mesmo colocando o cinto de segurança.
Depois de alguns minutos dentro daquele carro sem nenhum de nós dois dizer absolutamente nada, e aquele maldito sinal demorar uma eternidade pra abrir eu finalmente abri a boca pra perguntar.
Um ex namorado ? -me referi ao cara que ela viu na boate-
Não. Um cara que já foi interessado em mim mas eu nunca dei muita bola.
Parece que ele ainda é interessado.
Tanto faz. -ela disse virando o rosto pra janela e olhando a paisagem-
Ta com fome ?
Um pouco.
Depois disso fiquei calado e peguei a rota de uma lanchonete 24:hrs.
Chegamos na lanchonete por volta de uns 15 minutos, entramos e fizemos nosso pedidos.
Você é esperta -falei deixando de olhar pra mesa e olhando para a Cherry, que pareceu confusa, então me expliquei- A bebida. Qualquer pessoa naquela boate nem perceberia o gosto diferente -disse ainda a olhando-
Ela me fitou por alguns segundos até abrir a boca e responder.
Não sou burra. -disse e deu de ombros-
Mas eu sabia que tinha algo ali, é claro que não era só pelo fato dela ser inteligente. Qual é ? Eu não treinava apenas lutas, maneio de armas ou coisa do tipo. Treinava a percepção também, o reflexo, a inteligência, eu sabia reconhecer quando alguém tava mentindo. Se bem que Cherry não parecia fazer o mínimo esforço para que parecesse, de fato, uma verdade.
Mas e você ? -ela indagou me observando- Mora por aqui ?
Não. Vim arrastado por um amigo, com a desculpa de que eu estava me atolando no trabalho e precisava relaxar -disse sorrindo e ela devolveu o sorriso-
Trabalha no quê ? -ela continuou-
Direito Penal...
Criminalista -dissemos juntos.-
Ela realmente parecia ser esperta, parecia conhecer muita coisa. Observava tudo e todos naturalmente e exalava uma energia boa por onde passava, sem deixar de chamar a atenção dos marmanjos que a via.
É uma área perigosa. Gosta do que faz ?
Eu sei -sorri- Gosto sim. -disse por fim- Sua vez.
Cursei psicologia -disse dando um sorriso sincero e lindo- E amo o que faço.
Eu sorri pra ela que ainda mantinha seu sorriso.

Nesse momento minha cabeça estava me condenando por, primeiro de tudo ter saído de uma boate com uma garota da qual eu nem tinha beijado ainda, e que convenhamos, não foi a conversa mais normal do mundo a que tivemos dentro da boate. Eu falo do beijo porque eu nunca saio de uma boate com uma mulher sem ao menos já te-lá beijado. Segundo porque me preocupei em ficar com ela até sua amiga voltar pra casa, terceiro porque eu estava em uma lanchonete com ela debatendo sobre nossas vidas. Que tipo de pessoa eu havia me tornado desde que comecei a conversar com ela ?
Pois bem, eu não sabia a resposta para tal pergunta. A única coisa que eu realmente sabia era que estava gostando de sua companhia mesmo sem toca-lá, sabia que seu sorriso é lindo, aliás ela toda é linda, e sabia que mesmo gostando de sua companhia sem toca-lá eu continuava a querer tocar. Afinal, se assim já estava bom, imagina tocando.
Droga Ian! Seu babaca. O que está fazendo da vida nesse momento ?

É uma ótima profissão -disse olhando mais uma vez para a mesma, prosseguindo a conversa- Agora já sei de onde vem seu senso observador -sorri e recebi um sorriso em troca-
Desculpe. Tenho a mania idiota de reparar em tudo. -disse bebendo um gole do seu suco que havia chegado junto com o resto do lanche que pedimos, durante meus devaneios-
Fique tranquila. Também sou observador.

Comemos em meio a conversas e brincadeiras, depois de uma luta com Cherry pra eu pagar a conta saímos de lá e ela foi me passando as coordenadas pada chegar até sua casa.

Se não fosse por você...Where stories live. Discover now