Se não fosse por você...

Capitulo 37

Ian narrando

Sai de lá sentindo todos os olhares em mim mas ignorei todos com sucesso.
Fui pra ducha e tomei um banho gelado, claro que não deixei de pensar em tudo que estava acontecendo. Estava com medo. Não por mim, mas por Cherry, e por sua tia agora também. Pensei em várias formas de as manter seguras mas era impossível mantê-las totalmente seguras com toda essa turbulência na equipe. Resolvi por fim, que mandaria elas para uma viagem, conversaria com meu pai para liberar Cherry do serviço por alguns dias e a mandaria para qualquer lugar que ela não pudesse ter o mínimo contato com tudo aqui.
Ao sair da ducha vesti uma calça preta, juntamente com uma camiseta também preta e uma bota de cano baixo que batia em cima do tornozelo na cor marrom assim como a jaqueta de couro que era marrom porém um tom bem mais escuro. Dei uma arrumada rápida no cabelo, peguei minha arma e as chaves do carro e sai.
Fiquei rondando a cidade pensando nas possibilidades, eu sabia que armaria uma briga feia com Cherry se mandasse ela viajar contra sua vontade. Precisava de um argumento muito bom que não fosse: " Você tem que desaparecer por alguns dias porque tem gente que pode fazer picadinho de você e mandar os pedaços para mim, só para se vingar de algo certo que fiz mas que o indivíduo que fizer isso com você, achou de alguma forma errado, o que leva a crer que seja la o que eu tenha feito, afetou esse indivíduo."
Confuso, mas não impossível de entender.
Droga! Eu não poderia pedir para que Cherry viajasse, não era justo, o problema era meu e ela que pagaria por isso ? Vou dar meu jeito sem perturbar minha morena, vou acabar com a raça de seja la quem for o filho da puta que está por trás disso tudo.
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Cheguei em casa já era tarde, Cherry dormia no sofá enquanto na tv passava alguma espécie de filme. Me agachei na frente da morena e acariciei seu rosto, eu não passei nem uma hora se quer com ela hoje. Me doía o afastamento em decorrência de todo o problemasso que eu estava por resolver. Dei um beijo em sua testa e me levantei a pegando no colo com cuidado para que não acordasse, subi as escadas lentamente e já la em cima, coloquei a mesma em minha cama, tirei a roupa e fui tomar um banho. Depois de bons minutos sai enrolado na toalha e Cherry não estava mais lá, sai do quarto a procura da mesma e a encontrei na cozinha, sentada com parte dos braços em cima da mesa enquanto seus dedos brincavam com um copo cheio de água. Ela estava pensativa e não percebeu minha presença até que eu sentasse na sua frente, me olhou e deu um sorriso fraco de lado.

– Tudo bem ? -perguntei estreitando os olhos-
– Eu não sei. Está ? -me devolveu a pergunta e tomou um gole da sua água-
– Porquê está me perguntando isso ?
– Você anda afastado ultimamente -disse normalmente-

E essa era mais uma coisa que eu gostava em Cherry, ela era transparente, não fugia dos problemas, das conversas que sabia que tinha que ter, com ela ou era tudo ou era nada.

– Me desculpe morena -eu disse e ela me olhou arqueando a sobrancelha como quem esperava mais que um simples desculpa-
– É isso ? Me desculpa ? -riu debochada- Não quero um pedido de desculpa Ian -disse negando com a cabeça- Quero que converse comigo, que me conte o que está acontecendo.
– Não tem nada acontecendo, é só o trabalho que está puxado -menti-
– Claro, o trabalho. Olha só, eu to cansada, passei o dia fazendo compras com as meninas, vou dormir. Boa noite -disse se levantando e colocando o copo na pia e logo em seguida saiu da cozinha-

Eu sei que foi errado mentir pra Cherry, e que ela está puta comigo, mas não vou coloca-la mais em perigo ainda contando toda essa história, vou deixar a mesma descansar em paz e amanhã eu converso com ela direito.

Entrei no meu quarto e vesti apenas uma box, liguei o ar e me joguei na cama.

Não consegui dormir a noite toda. Levantei, sentei na varanda, andei pela casa, tentei trabalhar olhando uma papelada, mas nada me prendia, eu queria falar com minha morena, mas não seria uma boa a essa hora, queria poder resolver esse problema o mais rápido possível mas não saberia como se não soubesse quem está por trás de tudo.
Três vezes inferno! Odeio quando isso acontece, eu sempre tenho o controle de tudo e quando o perco fico puto. E desde que conheci Cherry eu não me sinto mais no controle de porra nenhuma, é ela quem tem o controle, mesmo que eu tente, é ela quem me tem nas mãos porque eu amo essa porra dessa mulher.
E tudo que ela faz é por vontade própria, é super independente essa moça e o que ela quer, ela tem. Pode ter certeza que ela consegue qualquer um na palma de sua mão seja pro que for. E é inteligente, perspicaz, sincera, e linda. E mesmo sem querer ser linda ela é, mesmo descabelada e com uma roupa qualquer.
Eu faria tudo por ela. Cherry se tornou tanta coisa pra mim em tão pouco tempo, que se eu pudesse a guardava em um pote e escondia para ninguém mais ter contato com ela, só eu. Mas não posso fazer isso, infelizmente.
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Amanheceu e meu sono não havia chegado, meu celular começou a tocar, olhei no visor e vi o nome de Thomas.

– Diga
– Pode vir aqui agora ?
– Quantas horas são seu porra ? -perguntei procurando um relógio-
– Nem vem com essa que pela sua voz você não dormiu, ou acordou cedo demais.

Thomas me conhecia como ninguém.

– Ta em casa?
– No escritório
– To indo -disse e desliguei-

Levantei, tomei um banho, me vesti e sai do quarto, não tinha ninguém na sala, nem na cozinha, passei direto e sai de casa. 

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– Dar tchau antes de desligar a chamada, ainda se usa irmão -Thomas disse debochado assim que entrei em sua sala-
– Bom dia florzinha -sorri- Me chamou porque ?
– Matar a saudade, morena do meu coração -Thomas entrou na brincadeira e riu-
– Não viaja em mim descarado
– Nunca disse o contrário.
– Diga logo, do que se trata ? -perguntei puxando a cadeira a sua frente e sentando-
– Estávamos pesquisando e achamos algo bem suspeito.
– Tipo?
– Conhece algum Pietro ?

Eu ia balançar a cabeça negativamente até que meu cérebro me lembrou do ex cunhado de Cherry.
– O que tem ele ?
– Então você conhece. De onde ?
– O que tem ele ? -repeti minha pergunta firme-
– Mas que saco. Bastardo controlador -Thomas disse bufando- Parece que a algum tempo ele se envolveu com um grupo da pesada -disse colocando alguns papeis e fotos sobre a mesa entre nós- Ele tinha um irmão que morreu em um acidente de carro se não me engano.
– Caio -eu conclui olhando as imagens-
– Como sabe ?
– Continue Thomas -ouvi ele bufar novamente-
– Vai a merda Ian -disse colocando duas fotos sobre a mesa- Esse é Caio e esse é Pietro. Parece que Pietro surtou depois da morte de seu irmão e cometeu alguns delitos, dentre eles esse grupo.
– O que eles fazem ?
– Matam. -olhei para Thomas que me olhou de volta e depois voltou a olhar os papeis- Tecnicamente ele acha que o carro de seu irmão foi sabotado, e pelo visto, tem certeza de que se o carro foi realmente sabotado, foi você quem o fez.
– Como é ? -perguntei confuso-
– Caio Bergamasco -meu irmão disse me olhando- Não te lembra ninguém ?
– Lara -eu disse incrédulo- É impossível, eles não podem ter nenhum parentesco. -eu disse me levantando-
– Na verdade, eu fui atrás de informações, eles não eram irmãos, primos nem nada do tipo. -senti um alivio mas logo passou- Eles eram noivos.   

Engoli em seco na mesma hora. Como assim noivos ? Ela era minha noiva. Marcamos o casamento e... Ela não apareceu. Claro, agora tudo fazia sentido. E Caio ? Era noivo de Cherry. Inferno! Não podia ser tanta coincidência assim.

– Agora Pietro acha que planejei matar Caio, porque Lara estava noiva dele e eu achava que ela me amava, pra no fim roubar a mulher dele como vingança -conclui mais para mim mesmo do que para Thomas-
– Como assim roubar a mulher dele ?
– Cherry era noiva de Caio.

Thomas me olhou surpreso.
– Ta brincando ne ?
– Bem que eu queria. Nós dois fomos enganados.
– Você está ferrado irmão. Porque você estar com Cherry agora só confirma a tese louca desse tal de Pietro.
– Ele tem sessões com Cherry -disse entrando em desespero-
Peguei meu celular e liguei para a morena
Chamou, chamou, chamou e nada.
Sai do escritório de Thomas as pressas, encontrei Lorena no caminho até a porta, mas estava tão cego que passei direto sem nem falar com ela.