Capítulo 17

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Ian narrando


-Eu quero a ficha dela inteira -disse para Caio, um dos meus seguranças mais confiáveis-

-Posso saber porquê? -Davi se virou me perguntando- Descobriu algo surreal sobre a garota?

-Muito engraçado Davi -disse sério- Ninguém sem o mínimo de treinamento atiraria uma faca em direção a outra pessoa no escuro e acertaria em cheio. -falei me lembrando da hora que Cherry quase me acertou com uma faca-

-Como é que é? Ela te atirou uma faca cara? -riu-

-Pra você ver. Alguma coisa já deve ter acontecido pra ela saber manusear uma tão bem quanto a que ela me jogou. Se não fosse eu, se fosse qualquer outra pessoa sem treinamento, a faca acertaria em cheio, ela jogou pra ferrar com a pessoa mesmo.

-Cara, você mexeu com uma fera hein -Davi falou e riu-

-Cala a merda da boca princesinha -debochei- Caio o mais rápido que puder extrair tudo dai, me entregue. -disse saindo-

-Onde você vai? -ouvi Davi gritar-

-Não te interessa florzinha do campo, vai cuidar da sua vida pateta!

Sai de lá indo direto pro estacionamento, peguei minha moto e parti pra casa de Thomas, já fazia alguns dias que eu não falava com ele e nem via minhas sobrinhas e minha cunhada.

Cheguei dentro de meia hora.

-Iae Luís -cumprimentei o porteiro-

-Bom dia sr. Fell

-Já disse pra me chamar de Ian cara

-Claro -sorriu e abriu o portão pra minha passagem-

Acenei com a cabeça e entrei, estacionei a moto na frente da casa, algo que eu sabia que Thomas odiava que eu fazia. Bati na porta e logo Lorena, minha cunhada apareceu.

-Ian -falou animada- Entra

-Oi Lorena -disse sorrindo e a abracei-

-Tiooooo -ouvi as vozes das minhas pequenas-

-Oi minhas princesas -disse dando um abraço nas duas de uma vez e as pegando no colo- Como vocês estão?

-Papai não quer me dar a barbie de cabelo colorido -disse Olivia, uma das minhas sobrinhas, fazendo bico e me levando a rir-

-Porque não?

-Ele disse que daqui a pouco eu não vou caber mais no meu quarto de tantos brinquedos que tem lá -disse contrariada-

-Tudo bem, depois vamos sair, só eu você e a Sofia e vamos comprar sua barbie e o que a Sofi quiser, mas não contem pro seu pai -falei sussurrando e elas riram-

-Vai mimando essas meninas viu, depois você não aguenta -Lorena disse rindo-

-Que isso? -perguntei como se estivesse chocado e nós rimos-

-Olha só quem está vivo -ouvi meu irmão dizer e me virei para vê-lo-

-Oi pra você também Thomas -disse colocando Sofi e Liv no chão e dando um aperto de mão e logo em seguida um abraço em meu irmão- Como está?

-Ótimo, e você?

-Bem -disse e sorri tentando despistar meu irmão-

Thomas me conhecia tão bem quanto nosso pai, se eu não fosse um bom ator agora, ele descobriria fácil que eu estava mentindo pra ele. Eu não estava bem, estava fodido.

Meu sorriso pareceu o enganar pois ele sorriu e e se sentou no sofá ligando a tv.

-Viu Anitta por esses dias?

-Vi semana passada, nosso pai a levou para a empresa dizendo que ela teria que conhecer e aprender tudo a respeito da mesma -Thomas riu-

-Mal ele sabe que o sonho dela é a moda e não o direito -concordei com a cabeça e nós rimos- Preciso ver ela, já faz alguns dias que ela sumiu daqui, liguei para nosso pai ontem a noite e ele disse que ela estava bem, mas não estava lá, estava na casa de uma amiga. Eu não caio nesse papo, Anitta está aprontando alguma coisa e eu não gosto nem de pensar na ideia.

-Vamos lá hoje mais tarde, caso não tenha nada para fazer -eu disse olhando Liv e Sofi desenharem em seus cadernos sentadas em cadeirinhas que acompanhava uma mesinha no meio da sala-

-Agora tenho. -disse e sorriu- Preciso conversar com você e mostrar uns papéis que estão no escritório

-Vamos lá.


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-O que houve? -Thomas perguntou na mesma hora em que fechei a porta do escritório-

Droga! Eu devia saber, ele não seria tão fácil de tapear assim.

-O que houve o quê? -me fiz de desentendido-

-Não paga de sonso pra cima de mim Ian, eu te conheço como ninguém. Vai, desembucha. -falou se sentando e apontando pra cadeira a sua frente depois da mesa, mas eu não me sentei-

-Virou psicólogo agora?

-Não, mas não deixei de ser seu irmão só porque casei e tive duas filhas. -disse sério-

-Inferno!

Eu não tinha escolhas, se eu não falasse ele iria atrás até descobrir, esse era Thomas, sempre querendo resolver os problemas da família, sempre socorrendo, protegendo, não importava quem fosse.

-Vai dizer ou vou precisar te jogar pela janela e ir atrás das informações?

-Vai te catar Thomas. -disse irritado- Eu conheci uma mulher

-Desculpa, ainda não encontrei o problema. -disse confuso-

-Porque eu ainda não contei -disse sério o olhando querendo o socar-

-Vai em frente então

-Eu a conheci na viagem em que Davi me arrastou... -soltei o ar pesado que eu nem havia percebido que tinha prendido- No começo achei que fosse só uma mulher com quem eu ficaria e depois a vida seguiria normal.

-E não foi -Thomas concluiu por mim-

-E não está sendo -disse lembrando da mesma-

-Como? -perguntou mais uma vez confuso-

-Ela vai trabalhar na empresa Thomas. -comecei a andar de um lado para o outro passando as mãos nos cabelos- Eu praticamente invadi a casa dela duas vezes, praticamente não, eu invadi. Ela é diferente das outras mulheres com quem já convivi. Ela não tem medo do perigo, me desafia, é esperta, linda... Caralho! -gritei e dei graças a Deus pelas paredes e a porta do escritório de meu irmão serem a prova de som. Parei de andar, passei mais uma vez as mãos no cabelo e soltei o ar dos meus pulmões-

-Da pra se acalmar?

-Não, não da. Você não está entendendo Thomas. Ela não sai da minha cabeça, é como se ela morasse aqui dentro -apontei pra minha cabeça- E ela mal sabe disso -encostei minhas mãos na cadeira e olhei pra baixo- Maldição! Isso não pode acontecer.

-É claro que pode acontecer Ian. Você tem que sair dessa uma hora ou outra, quem sabe essa não é a hora certa?

-Não é.

-Como não? Você acabou de me dizer que invadiu a casa dela duas vezes, que ela não sai da sua cabeça, ela vai trabalhar no mesmo lugar que você irmão. -Thomas disparou contra mim-

-Eu não fui a casa dela intencionalmente, quando eu vi já estava lá. Da primeira vez fiz uma burrada dizendo que ela não podia trabalhar na empresa, ela ficou puta. Da segunda, ela me atirou uma faca no escuro e se eu não fosse treinado, acertaria em cheio.

-Esperai, ela é treinada? Aliás o que ela é?

-Eu não sei, na verdade nem sabia que ela atirava facas tão bem até essa madrugada. Pedi para que Caio pegasse a ficha completa dela para mim. Ela é psicóloga.

-Tem algo errado

-É claro que tem ne gênio, não pedi a ficha dela a toa.

Se não fosse por você...Where stories live. Discover now