Capítulo 55

6.5K 476 16
                                    

Ian narrando

Na minha vida toda, nada, absolutamente nada, me afetou tanto quanto tudo que Cherry tinha falado agora. Eu nunca interpretei o papel do cara que chora por qualquer coisa, na verdade eu nunca chorava, mas naquele momento, vendo minha morena tão frágil e desamparada, foi como enfiar uma faca direto no meu coração e roda-la la mesmo. Minhas pernas fraquejaram como nunca havia acontecido antes e automaticamente me sentei na frente de Cherry.

Suas pernas estavam dobradas e seus braços apoiados em seus joelhos, sua cabeça estava apoiada logo em cima dos braços, eu podia ver as lágrimas descerem de seus olhos, escorrerem pelo seu rosto e pingarem em sua roupa. Nunca uma cena havia me doído tanto quanto aquela.

- Cherry - chamei depois de juntar a pouca força que meu corpo ainda nutria e a mesma não se moveu- Por favor, olhe pra mim -coloquei as mãos nas suas e tornei a pedir- Cherry...

Ela levantou o rosto e me olhou aflita. A minha primeira reação foi puxa-la para o meu colo e lhe dar um beijo. Ela não se afastou, diferente do que eu achei que faria, na verdade ela continuou o beijo e envolveu seus braços no meu pescoço. Quando nos separamos seus olhos se fixaram nos meus.

- Eu amo você, eu sei que está confusa e tem dúvidas disso agora, mas eu quero te dizer que nada nunca me abalou tanto quanto ter você na minha vida, em todos os sentidos possíveis. Você é a mulher por quem eu daria minha vida sem pensar duas vezes e eu espero que me compreenda por todas as vezes que te magoei, que fui um egoísta e um imbecil -disse acariciando seu rosto- Nós vamos atrás desse miserável e vamos acabar com ele, e depois você pode decidir ... -parei de falar por imaginar meu mais novo pior pesadelo, Cherry terminar comigo- Se quer ficar comigo ou não.

Ela olhou no fundo dos meus olhos e depois de colar nossos lábios por poucos segundos se levantou sem dizer nada e saiu dali me deixando sozinho. Não me permiti abrir minha mente para pensamentos sobre isso agora, levantei-me, passei as mãos no rosto levando embora as gotículas de lágrimas que haviam saído por causa de Cherry. Comecei a arrumar minhas armas e pegar minhas facas e logo Thomas e o resto da equipe entrou fazendo o mesmo. Decidimos que levaríamos uma DSR-Precision DSR 50 Sniper Rifle, três Kalashnikov AK-47 Assault Rifle, algumas F2000 Assault Rifle, uma Accuracy International AS50 Sniper Rifle entre outras armas.

Depois de preparados saíram os carros com seus GPS ligados e motos, em direção ao local onde supostamente Caio estará. Cherry, eu, Thomas e Davi estávamos dentro de um helicóptero para chegarmos mais rápido, enquanto outro helicóptero estava sendo preparado para ir conosco.

O fato de termos sobrevoado todas aquelas ruas nos deu uma vantagem, chegamos em menos horas do que o esperado de carro ou moto.

Cherry estava sentada do meu lado e isso fazia com que eu me sentisse incomodado por ela, acho que no momento a última coisa que ela queria era ter que estar ali, no entanto, ela limpou as lágrimas que eu vira escorrer em sua face no vestiário e estava aqui, pronta pro que der e vier. Era uma mulher forte mesmo em tempos difíceis.

Aterrizamos longe do local que Thomas havia localizado para não chamar a atenção. Dois carros já nos esperavam lá, e depois de entrarmos neles, em menos de quarenta minutos estávamos onde queríamos. Minha morena foi a primeira a descer do carro e eu fui logo atrás dela, seguido de Thomas e Davi, e no outro carro haviam TH e mais 4 homens de confiança da equipe.

Sorrateiramente eu, meu irmão e Davi fomos na frente e adentramos o local. O primeiro ambiente estava vazio e eu confesso que aquilo ali não parecia o tipo de lugar que um psicopata viveria ou faria qualquer coisa. Por fora eu não daria nada pelo lugar, mas por dentro era outra história. Os tons variavam de branco gelo até cinza claro, os móveis bem alienados, sem contar o luxo que continha ali. Era tudo muito organizado, mas organizado que minha própria casa, talvez o gênio de psicopata fosse meu e não dele, isso se organização contasse, se não, esquece o que eu disse.

Certo, não é hora de brincadeira. Thomas me olhou e eu fiz menção para que nos separássemos, mas antes olhei para minha morena que se deixou me encarar por poucos segundos e saiu para o lado oposto ao meu. Eu amo tanto essa mulher, e eu sei que o que eu vou falar agora é mais do que egoísta mas se depois disso tudo aqui ela for terminar comigo, então eu não quero nem sair desse inferno.

Durante o percurso até aqui nós tínhamos colocado silenciador nas armas para que assim tivéssemos vantagem. Não precisei andar muito para que um homem me visse e fizesse menção de atirar, no entanto fui mais rápido e atirei antes que o barulho pudesse surgir no ambiente em que eu acabara de entrar e despertasse o ouvido das outras pessoas ali.

Minutos depois ouvi um tiro atrás de mim e me virei instantaneamente, vi Cherry com sua arma apontada pra frente e um cara caindo no chão. Observei minha morena de cima em baixo pelo menos umas três vezes antes de respirar fundo tendo a certeza de que ela estava bem. A mesma apontou para a parede e eu pude ver o buraco que a bala do individuo agora jogado no chão, tinha feito. A agradeci silenciosamente por não deixa-lo atirar em mim e continuamos no mesmo caminho que já trilhava sozinho. O lugar era enorme e em todos os ambientes a organização e decoração eram as coisas que mais chamavam atenção, não por terem coisas extravagantes, porque de fato, isso era o tipo de coisa que não tinha ali, mas por ser tão claro, aberto, iluminado. No fim das contas cheguei até apensar que esse tal de Caio era uma frutinha, digo isso porque até hoje não conheci nenhum homem que fosse tão organizado quanto ele, mas tudo bem, a gente releva.

Na minha frente agora se encontrava uma longa escada helicoidal, vazia, isso até eu me virar para Cherry e ver a mesma apontando sua arma para cima como se mirasse em alguém, retornei a olhar para frente e ao subir o olhar dei de cara com um homem, já de idade nos encarando com uma pistola na mão.

- Que diabos está acontecendo aqui ?

Eu e Cherry ficamos confusos com a aparição do individuo e com tamanha serenidade diante de duas pessoas vestidas e armadas adequadamente para matar. Ouvi passos atrás de nós e olhando rapidamente vi que era Thomas.

- Tem algo de errado -meu irmão disse me olhando-

- Acha que tem algo de errado ? -o senhor perguntou- Eu tenho certeza, não sei quem são vocês e que diabos estão fazendo na minha casa, mas quero lhes dizer que não to a procura de encrenca, essa noite só quero dormir. Santo pai -disse olhando para o céu- Será que é pedir muito, uma noite de sono ?

Sem entender muito bem qual era o papel daquele cara ali, eu ri com sua atuação de homem indignado por não conseguir uma simples noite de sono. Sem pensar me virei e sai andando.

- Matamos alguns homens seus, espero que não se importe -eu disse num tom mais alto e senti o rádio vibrar na minha perna, o que me fez parar-

Era Seixas, um dos caras da equipe.

- Ian, vocês estão no lugar errado. Caio está a uns 20 quilometros dai -disse rapidamente-

- Chegou atrasado Seixas, já descobrimos isso. Espero que estejam chegando ai e segurem as pontas por nós.

- Estamos estacionando. Fica pro lado Sul, vou mandar a localização.

- Já estamos a caminho.

Chamei todos que estavam ali e assim deixamos o local.

Se não fosse por você...Where stories live. Discover now