Se não fosse por você...

Capitulo 9

Cherry narrando

– Não Laysla. Não fizemos nada -eu repetia mais uma vez pra minha amiga entender que não rolou nada além de um beijo MARAVILHOSO (parte que eu escondi dela ou eu não teria mais paz) entre eu e Ian.-
– Ok. Eu entendi. -ouvi isso e agradeci mentalmente por finalmente ela ter desistido desse assunto- Mas e o Yuri ? -perguntou me olhando sugestiva e, droga, achei que ela me deixaria em paz. Vejo que me enganei-
– Não rolou nada entre eu e Yuri, nenhum beijo, nem nada. Agora da pra me deixar quieta ? Meu Deus! -exclamei já cansada do interrogatório-

Bom, imagino que vocês se lembrem do filho gato de Joana, do qual eu disse que poderia aproveitar pois agora ele estava solteiro, pois bem, esse Yuri de quem Lay falou é ele. Meu Deus, ele está lindo, muito mais do que a última vez que o vi. Ele veio nos rever, digo, eu e Lay, porém a mesma se trancou no quarto e fingiu estar dormindo. Mas é claro que Yuri sabia que ela não estava, afinal Joana desceu as escadas aparecendo na cozinha e rindo, depois de cessar a crise de riso ela nos contou da Lay.
Bom, eu e Yuri batemos um bom papo, ele me contou algumas coisas que aconteceram enquanto eu estava afundada na minha rotina e não vinha aqui, e eu fiz o mesmo. Antes das duas da tarde ele foi embora, mas longos minutos depois achei sua chave e liguei para o mesmo avisando. Logo ele já estava na minha porta de novo para pegar a chave, me agradeceu e me deu um beijo na bochecha. Quer dizer, quase, pois na hora que ele se aproximou e me beijou eu virei o rosto. Gente não foi intencional, juro. Eu fiquei super sem graça e ele riu da cena.
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A noite caia perfeitamente, a lua estava cheia e iluminando toda a praia, as estrelas quase tomavam conta de todo o céu, o vento soprava meus cabelos e levava para um lado só, minha saia rodada. Com os pés dentro da água gelada, ainda sentindo a areia por debaixo dos mesmos eu o vi. Lindo e com o sorriso encantador que eu conhecera alguns anos atrás. Ele vinha em minha direção apenas com uma calça usada para seus treinos, e um olhar cativante que sempre fazia meu coração disparar.
– Bom dia meu amor -Ian disse me olhando enquanto acariciava minha bochecha com seu polegar e sorria- Dormiu bem ?
– Bom dia -sorri o admirando- Dormi sim, e você ?
– É impossível não dormir bem com você por perto -disse e me deu um selinho demorado-

De repente escuto uma voz, inconfundível aliás. Nossa pequena havia acordado e estava gritando por nós dois. Nossa menininha, estava com dois anos. Era um amor de garota e o nosso bem mais precioso. Ela encantava a todos que a conhecia, sua pele branquinha, seus olhos extremamente verdes, seu cabelo castanho, suas mãozinhas delicadas e seu jeito carismático envolviam as pessoas. Era linda.

– Cherry -ouvi uma voz conhecida bem la no fundo- Cherry -chamou mais uma vez- Vamos acorde. Precisamos sair daqui.

O quê ? Como assim precisamos sair daqui ? Que voz é essa ? Estou pirando só pode. Espera, acordar ? Eu não estou dormindo. Estou em uma casa de praia com minha família.

– Droga Cherry. Quando você precisa acordar você nao acorda ne. Vamos lá, o Pietro apareceu aqui e eu estou com medo do que ele possa fazer. Por favor Cherry.

Acordei em um pulo ficando sentada na cama, demorei bons segundos para processar o que estava acontecendo. Agorinha mesmo eu estava casada e com uma filha e agora, nada!

–Graças a Deus Cher, achei que você não fosse acordar nunca. -olhei para quem falava comigo e enxerguei Laysla.
– O que está acontecendo ? -perguntei ainda atônita-
– Pietro esteve aqui, disse que sabia que estávamos juntas e que viria atrás de você. E, bem, você sabe, eu não vou muito com a cara dele -disse meio hesitante- E tem aquilo dele ter colocado sei la o que na sua bebida na boate aquele dia.
– Droga! Mas será possível que eu não posso ficar em paz por menos de uma semana. -falo indignada-

Me levanto e vou tomar um banho com uma pequena brecha da porta do banheiro aberta pois Lay estava morrendo de medo.
Pietro, aquele cara pra quem eu falei ao Ian, que era afim de mim.
A verdade é que eu estava para ficar noiva de seu irmão, Caio. Estávamos na estrada seguindo para uma viagem que Caio me prometia ser algo inesquecível, eu sabia que ele me pediria lá, sua mãe, que aparentemente era uma mulher dócil e sorridente havia me contado, sem se aguentar de tanta emoção. Mas seu irmão Pietro, sempre me olhou de forma diferente. Ele tinha um olhar frio, postura séria demais e sempre que me via, me encarava com certo desejo,mas parecia não aceitar tal sentimento. Ele fez questão de nos acompanhar na viagem junto com a equipe só para ter certeza de que seu irmão chegaria bem e vivo. Os dois eram muito apegados um ao outro, Caio sempre protegeu Pietro, e o mesmo sempre foi grato por isso. Naquele mesmo dia, Caio prestava total atenção na estrada, tudo estava calmo, mas em alguns segundos que ele decidiu olhar para mim, tudo aconteceu. Ele desviou o carro da rota, batendo em dois dos caras da equipe e nos lançando contra uma rocha gigante. Caio não teve a mínima chance, eu fiquei desacordada e gravemente ferida, mas não morta. Pietro então se revoltou. Dizendo que eu era a culpada pela morte do irmão, com a justificativa de que Caio sempre foi muito concentrado e eu lhe tirava isso. De certa forma eu me sentia culpada, não sei dizer ao certo se era porque eu realmente era culpada ou de tanto ouvir acusações da parte de Pietro.
Desde que conheci Caio minha rotina havia mudado completamente, meu trabalho era executado nos horários certos e não em todos os horários possíveis e impossíveis, meu namoro com Caio era maravilhoso, nós tínhamos tempo de sobra para ficarmos juntos, e quando ele tinha algum caso importante, ou eu estava com minha melhor amiga Laysla, ou estava com minha sogra. Passei a frequentar os treinos com ele, seu irmão e toda a equipe, apesar de Pietro mudar o horário de seus treinos depois disso. No começo eu só observava, mas depois, Caio achou que era melhor eu treinar também, apenas para prevenir. E eu não descordei, na verdade aprendi muita coisa. Muita mesmo, não era melhor que Pietro, claro que não, mas era esperta o suficiente para saber seus golpes baixos contra mim.