Se não fosse por você...

Capitulo 13

Cherry narrando

– Então você concorda com o nosso modo de trabalho e o salário? -sr. Henrys me perguntava agora parecendo satisfeito-
– Sim senhor -sorri e ele retribuiu o sorriso-
– Bem, já que é assim vou pedir para chamarem meu filho para lhe apresentar a empresa.
Ele ligou para uma tal de Scarlett e mandou a mesma avisar Ian de que era para ele subir até a sala onde eu me encontrava agora. Em questão de uns três minutos Ian apareceu na porta, deu um sorriso maravilhoso que me fez sorrir também.
– Desculpe a demora. Anitta sabe ser um pé no saco quando quer -disse ainda sorrindo-
– Não fale assim da sua irmã Ian. Aliás onde ela está ? -sr. Henrys perguntou olhando em volta-
– Disse que iria comprar um picolé e já voltava. Vamos? -se virou pra mim-
– Claro.
– Davi quer falar com você sobre o caso do sr. Lokwood -Ian avisou ao seu pai que concordou com a cabeça e disse que chamaria Davi-

O moreno pelo qual eu estava fissurada nesse momento, me apresentava cada canto da enorme e bastante movimentada empresa enquanto os olhares de todos vinham em direção a nós.
– Não tem como ser mais discreto ? -perguntei mais baixo tentando me esquivar dos olhares-
– Desculpe, minha beleza não permite -disse se gabando e eu ri não aguentando a cena- Ta rindo do quê? -Ian parou em minha frente e me encarando perguntou zombeteiro-
– Você é hilário -eu disse cessando o riso- Vamos logo com isso. Nunca gostei de ser o centro das atenções.
– É uma pena que mesmo sem querer você consiga atrair todos os olhares para você -ele disse me olhando firme ainda em minha frente-
– Ian... -eu disse como se suplicasse por algo. Na verdade eu já havia visto aquele olhar antes e sabia bem que nesse momento ele queria a mesma coisa que eu. Um maldito beijo-
– Droga! -exclamou depois de bufar e saiu da minha frente voltando pro meu lado-
Ian terminou de me apresentar a empresa dentro de alguns minutos.
– Apresentada -disse parando e me olhando-
– Obrigada -sorri- Então eu vou indo. Até mais. -disse me virando e começando a andar-

Depois daquele reencontro fui almoçar e logo em seguida liguei para Laysla.
Ligação on
–Psiu, adivinha ? -perguntei depois de ouvir a voz de Lay-
– Nossa! Deve ser muito bom pelo seu tom de voz -disse ela rindo- Encontrou o cara perfeito ? Se for isso por favor, me dê o endereço de onde você achou que vou la procurar um -disse e nós rimos-
– Não é nada disso, boba. Vou trabalhar em uma empresa
– Como é ? -ouvi a surpresa em sua voz- Cherry, você nunca aceitou trabalhar em nenhuma empresa, o que aconteceu ?
– Aconteceu que as outras empresas não me interessaram como essa. Parece ser um bom desafio e... -fui interrompida-
– Você ama um bom desafio -completou por mim- Isso é sensacional. Parabéns meu amor. Hoje vamos sair pra comemorar -disse ela toda animada-
– De jeito nenhum -eu disse logo- Amanhã podemos fazer isso.
– E porque não hoje ?
– Porque tenho que atender amanhã ne Lay -disse o obvio-
– Ok. Eu relevo dessa vez. Tenho que voltar ao trabalho, beijo gatinha
– Beijo
Ligação off

Ok, me julguem por não ter contado pra Lay que o Ian e o Davi trabalham na empresa da qual eu farei parte daqui duas semanas. Sim, duas semanas pra eu poder me organizar. Mas enfim, é claro que vou contar isso pra minha amiga, só que não será hoje, estou afim de ter sossego e dormir em paz pra conseguir acordar sem muitos custos amanhã.

Depois de falar com a Lay fui trabalhar.
Minha secretária me informou que Pietro havia ligado e marcado horário. Ooh Deus! Eu havia me esquecido de que falei que iria ajudar ele, e agora aceitei o trabalho em uma empresa. Eu estava enrolada, mas daria um jeito. Eu não deixaria de cumprir com minha palavra. Avisei a secretária de que segunda nós duas iríamos ligar e desmarcar todos os horários da terceira semana pra frente e que passaríamos essas pessoas para as mãos de outros psicólogos bons que eu conhecia para que não fossem prejudicadas no final das contas.

Sai do serviço mais cedo do que de costume e liguei pra Lay avisando que passaria lá amanhã de noite pra sairmos pra alguma boate por ai.
Cheguei em casa já tirando o sapato e comecei a me desvencilhar da roupa quando vi um homem parado em minha sala olhando para a cidade pelo vidro fechado da varanda. Droga! Quem será ? As luzes estavam todas apagadas e eu não tinha nada a meu favor a não ser luta corpo a corpo caso fosse alguém com a intenção de me fazer algum mal.
A essa hora minha respiração já estava entrecortada, fazia algum tempo que eu não treinava. De repente senti o cheiro de seu perfume, eu conhecia aquele cheiro, só não me lembrava de onde.

– Que bom que chegou -ele disse sem me olhar-
Espera, essa voz... Ian. O que ele faz aqui ?
Respirei aliviada por saber que era alguém que eu conhecia mas mesmo assim me encontrava tensa demais, afinal ele estava dentro da minha casa, qual é ? Eu sempre tranco a porta quando saio.
– Ian -falei tentando soar o mais serena possível- O que faz aqui ? Aliás, como entrou aqui ?
– Eu tenho tudo que quero Cherry -disse se virando e me permitindo ver um sorriso debochado de canto de boca- Fiquei sabendo que começa em duas semanas -disse agora com a expressão séria-
– Sim, algum problema? -perguntei o olhando e tirando meu blaser-
– Na verdade.. Sim -disse meio tenso-
– Como é ? -perguntei incrédula, afinal eu havia perguntado se tinha algum problema por perguntar, eu não achava que realmente houvesse um-
– Você não pode trabalhar lá -disse firme chegando perto de mim e me olhando no fundo dos olhos-
– E eu posso saber porquê? -o desafiei-

Seu olhar ficou mais intenso e sua expressão mais dura e fria, mas ele não me intimidava.

– Não é lugar pra você -respondeu depois de alguns segundos vendo que seu jeito durão não me causava medo nenhum-
– Porque não?

Sim, eu só fazia perguntas, queria o desafiar, o deixar irritado. Eu nem sei porque ele estava me falando isso, eu nem sei como ele entrou na minha casa, nem sei porque ele acha que de alguma forma me intimida. Mas isso cativa ainda mais meu instinto desafiador.

– Porque a Henry's é uma empresa séria. -disse ainda firme-
– Ta querendo dizer exatamente o quê com isso? Que eu não sou capaz? Olha aqui, eu não sei quem você pensa que é, mas você não sabe nada de mim, não me conhece, não sabe um terço das coisas que já passei nessa vida, seu mimado ridículo. Eu não ligo pro que você acha, saia da minha casa agora. Em duas semanas estarei lá, me aguarde -disse exalando irritação-

Ian pareceu surpreso com a minha reação, mas quer saber? Eu quero é isso mesmo, quero que ele saiba que eu não sou essas garotinhas mimadas que abaixa a guarda e deixa qualquer um pisar em cima. Faça-me o favor, eu convivi a minha vida inteira com problemas e estou aqui, de pé, firme e forte, na luta. E de repente me aparece um garotinho de papai mimado querendo colocar ordem aqui. Não não. Não em mim. Ele não me conhece. Babaca!

Ian me olhou uma última vez e saiu da minha frente abrindo a porta e saindo literalmente da minha casa. Eu estava com vontade de ir atrás dele e soca-lo até ele pedir desculpas, mas eu não faria. Primeiro porque eu não me rebaixaria a tanto, segundo porque ele é homem, eu não mediria força com ele assim tão fácil, não sou nenhum hulk. Então tentei relaxar enquanto subia as escadas e ia direto para o banheiro afim de tomar um banho quente.